No 39º Congresso do PSD, que começará amanhã em Santa Maria da Feira, tomarão posse a Comissão Nacional Política (CPN) de Rio e serão eleitos os restantes órgãos do partidos: Congresso, Conselho de Jurisdição Nacional (CNJ), Comissão Nacional de Auditoria Financeira (CNAF) e Conselho Nacional (CN). Hoje, o líder anunciou que homem levará a cada um dos órgãos: Pedro Roseta – Presidente do Grupo Parlamentar do PSD durante o Governo da Aliança Democrática – encabeçará a lista ao CN; Nuno Morais Sarmento sairá da CPN do partido – onde era vice-presidente – e é agora candidato à Presidência do CNJ; Rui Morais, economista, vice-presidente do PSD de Braga e Presidente da empresa Intermunicipal Braval, será o candidato à presidência da CNAF; Paulo Mota Pinto voltará a ser o candidato à presidência da Mesa do Congresso; e José Silvano manter-se-á como secretário-geral do partido.
Como é costume, deverão ser várias as listas apresentadas ao Conselho Nacional (no último Congresso foram dez). Além da óbvia lista de Rio, liderada por Pedro Roseta, esperam-se listas alternativas: uma com os clássicos apoiantes de Luís Montenegro (sendo incerto se o próprio integrará a lista), outra liderada por Miguel Pinto Luz e ainda uma terceira protagonizada por Joaquim Biancard Cruz e Duarte Marques. As forças de Montenegro e de Pinto Luz, outrora unidas sob égide de Rangel, parecem agora medir forças para ver quem fica com o título de representante oficial da ala divergente de Rio. Por desvendar ficam também as intenções de Carlos Eduardo Reis – o homem que tem por hábito encabeçar uma lista ao Conselho Nacional e que em 2019 salvou Rio de cair para Montenegro num desses ditos Conselhos. Carlos foi importantíssimo na recente vitória de Rio e, estando cada vez mais perto do líder, não seria surpreendente que neste mandato integrasse a sua lista ao Conselho Nacional.
Paulo Colaço, atual presidente do CNJ (e que entrou em rota de colisão com Rio), já apresentou uma recandidatura ao órgão. Pela frente, representando a linha rioista, terá Nuno Morais Sarmento – que sairá do lugar de vice-presidente da CPN (sendo esperado que Paulo Mota Pinto o substitua). Paulo Rangel também marcará presença e intervirá em Santa Maria da Feira – rejeitando, todavia, colaborar ou “contribuir para a criação de listas alternativas”.
Nota ainda para a ausência de vários líderes recentes do PSD no Congresso: Pedro Passos Coelho, Marques Mendes, Luís Filipe Menezes ou Manuela Ferreira Leite não irão deslocar-se a Santa Maria da Feira, avança a Lusa. A presença Carlos Moedas foi ontem confirmada pelo Público.
“Desconcentrar” Portugal
Várias moções serão apresentadas no Congresso do PSD. Entre elas, a de estratégia global de Rio, que será aprovada e quer “Governar Portugal ao centro” sem “linhas vermelhas, assente no diálogo e no compromisso, à esquerda ou à direita, cujo único limite será a da moderação, do respeito pelas instituições constitucionais e a do superior interesse nacional”. Ou seja, demonstra disponibilidade – vontade, talvez – de acordos com o PS e não fecha a porta a nenhuma Direita.
Um outro grupo de sociais-democratas, representados na pessoa de Olinda Rio, irá apresentar no Congresso uma moção setorial intitulada “Des(concentrar). Aproximar a Governação do cidadão: desconcentrar Serviços para dar Voz a territórios indevidamente subalternizados”. Ao i, Olinda Rio explica que um desses territórios “indevidamente subalternizados” é Coimbra, por onde é candidata a deputada em nono lugar (inelegível). “Coimbra tem sido discriminada em termos de tudo o que é poder político, administrativo e institucional”. Mas não só: “A maior parte do país, e nomeadamente as capitais de distrito, têm sido discriminadas pelos governos nos últimos anos. A nossa moção vai no sentido de se o PSD for governo ‘desconcentrar’ passar a ser a palavra de ordem”. E o que é isto, “desconcentrar”? Em que se distingue de “descentralizar”? “A ‘desconcentração’ “mantém a responsabilidade e controlo de funções nos serviços centrais, mas delega os poderes em serviços mais baixos na hierarquia ou em serviços espalhados pelo território”, explica ao i.
Relativamente ao assunto da passagem do Tribunal Constitucional para Coimbra, Olinda Rio afirma, citando a camarada Mónica Quintela, que irão ser “renovadas as iniciativas” nesse sentido (recorde-se que a abstenção do PS, no início de novembro, impedira a aprovação do diploma). “A nossa moção foi pioneira em dizer isso e é este o nosso objetivo simbólico. Se o PSD for governo, é bom que aqueles senhores juízes que não queriam ‘vir para província’ se preparem para vir reunir à província”, atirou. Por fim, rejeita colher louros sozinha sobre o documento: “Esta moção não é apenas minha. Citando Adriano Moreira, a moção ‘também é minha’ – é daquelas mulheres e homens que integravam a lista V em Coimbra”.