Por Felícia Cabrita e Marta F. Reis
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo pediu ajuda ao Exército para reforçar os rastreios de contactos e inquéritos epidemiológicos na região de Lisboa, já no limite da capacidade. Ontem, havia casos positivos do início da semana ainda por contactar, depois de os diagnósticos terem duplicado na região em poucos dias, uma tendência de subida abrupta de infeções que é esperada em todo o país. Ao que o Nascer do SOL apurou, o reforço pode no entanto revelar-se difícil, por não haver equipas suficientes formadas para o número de infeções diárias que se antecipa num curto prazo. Atualmente já estão a cooperar com as equipas de saúde em Lisboa 91 militares. Já existia um acordo de parceria com a ARS a prever o reforço das equipas, mas alguns contratos para militares neste trabalho não terão sido renovados por falta de autorização e cabimento.
Nas recomendações ontem publicadas a nível global, o IHME salienta que há outros aspetos que se poderão tornar problemáticos. «Muitas das políticas em torno de testes em escolas e locais de trabalho que evoluíram para variantes anteriores, com taxas de infecção-hospitalização e taxas de mortalidade por infeção muito altas, e o período necessário de isolamento após um teste positivo, serão muito problemáticos durante o pico de Omicron», escreve Christopher Murray na página do IHME, considerando que deverá ser avaliado se deve ser mantida a testagem de assintomáticos e a redução de períodos de isolamento: «Se forem seguidos os mesmos protocolos, alguns empregadores poderão ter falta de mão de obra disponível».
Para já, com o Natal com maior risco de infeção do que há um ano, um dos alertas nos últimos dias foi para que os testes sejam feitos com menor antecedência possível – por exemplo, antes da consoada e antes do almoço de manhã. Miguel Guimarães, bastonário dos Médicos, criticou ontem o desacelerar do reforço da vacinação, que terá uma pausa natalícia de cinco dias. «Atenção que os autotestes… a fiabilidade é muito baixa», frisou. «Os testes de antigénio rápido, sim, mas feitos por quem sabe fazer, que é para eles serem, de facto, fiáveis, porque senão estamos a fazer de conta que estamos a fazer testes e a gastar dinheiro inutilmente», disse à Lusa. Marcações lotadas são um problema prático para estes dias. Uma das medidas em estudo ontem pela DGS era encurtar a validade dos testes rápidos para efeitos de entrada em estabelecimentos de 48 para 24 horas e PCR de 72 para 48, o que implicará mais testes.