Por Daniela Soares Ferreira e Sónia Peres Pinto
Luz, gás e água
A fatura da luz ao final do mês não vai ser igual para todos. Isto porque, quem está no mercado regulado – que representa 5% do consumo total e 915 mil clientes – vai ver o valor subir 0,2%, ainda assim representa uma descida de 3,4% face a dezembro . Já quem estiver no mercado livre, os valores dependem do comercializador. A EDP vai subir os preços em média em 2,4%, o que representará uma valorização na ordem dos 90 cêntimos por mês, enquanto o aumento da Galp deverá rondar os 2,7 euros mensais. A Endesa garante que não vai mexer nos valores . Também é de prever que os preços do gás de botija subam depois de ter atingindo preços recorde no final do ano. Já no caso do gás natural irá manter-se o aumento de 0,3% levado a cabo em outubro e que deverá vigorar até setembro. Quanto à água, caso as empresas decidam seguir as recomendações da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos é de esperar uma subida de 0,9%, em linha com a inflação. Por seu lado, a taxa de gestão de resíduos deverá manter-se alterada depois de ter passado para 22 euros este ano.
Alimentação
Para já uma coisa parece certa: a alimentação vai ficar mais cara este ano, mesmo apesar de o ano agrícola ter tido motivos para sorrir. Sabe-se que carnes e peixes vão ficar mais caros – com aumentos a rondar os dois dígitos – com principal destaque para a carne de vitela e para as carnes de aves que deverão contar um um aumento mais expressivo. A de porco não entra nestas contas. Mas não é só: o azeite também já mostra um crescimento no preço e o pão também vai ver o seu valor aumentar. E até o preço do leite deve sofrer um aumento em 2022, seguindo a tendência de toda a indústria. Em causa estão um conjunto de fatores como a escassez de matéria prima, o aumento do custos dos combustíveis e, claro está, a inflação. Da comida passamos para a roupa, que também pode contar com um aumento de preços.
Comissões bancárias
O Novobanco, Santander Totta e BCP já têm previstos aumentos de comissões bancárias. Por exemplo, no novobanco um depósito à ordem com valor acima de 35 mil euros vai passar a pagar o mesmo do que se tiver abaixo desse valor, ou seja, 62,30 euros por mês. Também comissões de créditos sobem. No crédito pessoal de leasing mobiliário (exceto viaturas novas) a comissão de montagem de contrato passa para 400 euros nas operações em carteira, quando de momento é de 314 euros no prazo até três anos e 380 euros acima de três anos. As comissões de processamento destes créditos passam para 36 euros trimestrais (face a 33 euros). No Santander Totta, a partir de fevereiro a comissão da conta pacote sobe para 5,30 euros por mês e a comissão do cartão de crédito passa a 2,25 euros por mês (aplicável sob determinadas condições). Já no caso do BCP, mantém-se o valor da comissão (se o crédito foi menor que 250 mil euros são 199,92 euros anuais, se o crédito for de valor igual ou superior a 250 mil euros a comissão é de 60 euros anuais), contudo, a isenção dessas comissões passa a ser apenas para créditos de valor igual ou superior a dois milhões de euros. É certo que a atualização deverá ser seguida por outros bancos.
Combustíveis e tabaco
O preço dos combustíveis é um verdadeiro sobe e desce e varia todas as semanas, consoante os preços da matéria-prima. E apesar de as cotações poderem mudar de posto para posto – já que o preço fixado na rede tem de ter ainda em conta o nível de concorrência, da oferta e da procura em cada mercado –, é certo que neste último ano, os valores atingiram valores recorde. Os consumidores vão pagar uma nova taxa de carbono de 0,54 euros na gasolina e de 0,58 euros no gasóleo. Mas os condutores terão de se preparar para outras subidas. O congelamento da taxa de carbono termina em março e a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) aponta para um aumento entre quatro e cinco cêntimos por litro (sem IVA), a partir dessa altura. Também o Imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP) deverá registar uma subida de um cêntimo por litro no caso do gasóleo e dois cêntimos por litro no caso da gasolina. Quanto ao tabaco ainda não há grandes certezas, uma vez que, a proposta de Orçamento do Estado para 2022 foi chumbada, mas previa uma subida de 10 cêntimos.
Comunicações
A esta altura nem todas as operadoras anunciaram o que pretendem fazer com a tabela de preços no próximo ano mas algumas já anunciaram que vão subir os preços. Para já, os clientes da Meo – marca da Altice – já foram informados que a operadora vai aumentar o preço base das mensalidades em 50 cêntimos a partir de 1 de janeiro. E, se é certo que a Meo vai aumentar os preços, a Nowo garante que não ao assumir que não tem “previstas quaisquer atualizações”. NOS e Vodafone ainda não se pronunciaram sobre o assunto. No entanto, é preciso lembrar que leilão 5G chegou finalmente ao fim e que, por isso, as operadoras têm agora vários e elevados investimentos a fazer. A DECO Proteste já fez as contas às primeiras ofertas e alertou para o facto das operadoras se prepararem para aumentar os preços em cinco euros em alguns pacotes.
IMI
O preço por metro quadrado (m2) para efeitos de cálculo do imposto municipal sobre imóveis (IMI) e de atribuição do valor patrimonial tributário (VPT) vai manter-se em 2022 nos 615 euros, para a maioria das autarquias. Mas há algumas que optaram mesmo por descer este valor. O preço a cobrar é composto pelo valor médio de construção, que é fixado anualmente sob proposta da Comissão Nacional de Avaliação de Prédios Urbanos, que permanece nos 492 euros, a que se somam 25% deste mesmo montante fixado pelo Governo, que corresponde ao valor do m2 do terreno de implantação. E é determinado tendo em conta, nomeadamente, os encargos diretos e indiretos suportados na construção do edifício, tais como os relativos a materiais, mão-de-obra, equipamentos, administração, energia, comunicações e outros consumíveis, esclarece o Código do IMI. É usado na fórmula de cálculo do VPT dos prédios urbanos para habitação, comércio, indústria e serviços. Além disso, é sobre o VPT que incidem, todos os anos, as taxas do IMI fixadas pelos municípios onde se localiza o imóvel e que variam entre um mínimo de 0,3% e um máximo de 0,45%. Mas independentemente da taxa de IMI cobrada pelas câmaras, o IMI vai subir cerca de 4% no próximo ano para imóveis novos ou reabilitados.
Saúde e seguros
As más notícias aplicam-se essencialmente aos funcionários públicos. Em setembro começou a ser aplicada a nova tabela do regime convencionado da ADSE, no entanto, alguns preços foram revistos e essas mudanças só vão entrar em vigor no início de 2022. A título de exemplo, os partos ficam 35% mais caros. E, na área da saúde, podemos vir ainda assistir ao aumento no preço das apólices dos seguros de saúde. Mas também há boas notícias: O Governo quer travar a descida de preços dos medicamentos. O objetivo deste mecanismo é “garantir a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e evitar a erosão dos medicamentos com preços mais baixos”. Além disso, o IVA do gel e máscaras mantém taxa reduzida em 2022 e os gastos são dedutíveis ao IRS como despesa de saúde, tal como aconteceu este ano.
Casas
É mais um caso da inflação a funcionar: o preço das casas vai continuar a tendência de crescimento no próximo ano e o aumento da procura também não ajuda. O presidente da APEMIP, Paulo Caiado, já tinha até referido ao i que se verificou “uma estabilidade e a tendência é para se manterem nesse caminho” de crescimento. E acrescenta que “os preços são ditados pela oferta e pela procura e é isso que vai indicar a sua evolução”. Problema ao qual se junta a subida do custo da construção que “dita igualmente o preço final do metro quadrado”. Já os valores das prestações das casas deverão manter-se. Isto porque prevê-se um impacto muito ligeiro causado pela subida, também ela ligeira, das taxas Euribor. E para quem arrenda, o destino não é diferente. As rendas não aumentaram em 2021, mas vão aumentar em 2022, por causa da inflação: uma subida de 0,43%.
Carros
A crise dos chips vai continuar a condicionar o setor automóvel em 2022. E a falta desta matéria-prima poderá levar ao aumento dos preços dos carros novos. As notícias também não são boas para quem está a pensar em comprar um carro em segunda mão que, nos últimos meses, têm vindo a sofrer subidas de preços devido à fraca oferta.
Além disso, prepare-se para pagar mais quando for à inspeção. As novas tarifas das inspeções técnicas a veículos rodoviários vão sofrer um aumento de 0,9%, uma vez que, tem em conta a taxa de inflação (sem habitação) registada no último mês pelo Instituto Nacional de Estatística. Feitas as conta, no caso de um carro ligeiro terá de pagar mais 31 cêntimos a partir de 1 de janeiro: a tarifa sobe para 31,80 euros. O preço-base sobe de 25,60 para 25,85 euros, a que acresce a taxa de IVA de 23%. Se tiver um veículo pesado, o aumento é de 47 cêntimos: a tarifa base sobe de 38,31 para 38,69 euros. Com a taxa de IVA incluída, o novo preço é de 47,59 euros.
Transportes e portagens
Os passes mensais dos transportes públicos de Lisboa vão continuar nos 30 ou 40 euros mensais consoante a modalidade mas os títulos de transporte dos operadores e serviços da Transportes Metropolitanos de Lisboa deverão encarecer 0,57%. Além dos transportes, os preços das portagens vão crescer. A Brisa anunciou que 28 das 93 taxas de portagem aplicadas na classe 1 vão aumentar e justifica a subida com a taxa de inflação. Os principais percursos em longa de distância com aumentos são a A2, entre Lisboa e Algarve, com mais 0,35 euros, A1, entre Lisboa e Porto, com mais 0,20 euros, e A6, entre Marateca e Caia, também com mais 0,20 euros. Além disso, também a Via Verde traz mudanças: há modalidades que vão deixar de existir e será criada uma opção só para portagens, o que significa que os preços também vão mudar. Neste caso, para quem só quer portagens irá pagar mais 49 cêntimos por mês (com fatura eletrónica) ou 5,75 euros por ano (se não dispensa a fatura em papel). Para os serviços extra, terá de subscrever a Via Verde Mobilidade, que permite pagar parques de estacionamento mas irá custar a partir de 1 de abril: 99 cêntimos por mês ou 11,65 euros por ano (no caso da fatura eletrónica).