Começou pelas 21h15 o debate entre o presidente dos sociais democratas, Rui Rio, e o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo.
Apesar de a primeira pergunta, dirigida a Rui Rio, ter sido o porquê de ainda de valer a pena votar no PSD, a resposta de Rui Rio deixa a desejar, apontado mais pontos em que o partido converge com a IL do que em que diverge: “Porque há muitos pontos de convergência coma IL mas há pontos de divergências. Há muitas diferenças no modelo de sociedade”, começou por dizer o social democrata.
“Mas temos tanto socialismo e Estado em cima de nós que a convergência não é difícil. Mas no trajeto iríamos divergir, porque a IL ia querer mais do que nós, menos Estado”, acrescenta depois.
As amabilidades continuaram, com Cotrim de Figueiredo a dizer que gosta de "ouvir Rui Rio". Contudo, o liberal assume que o PSD e a IL “concordam no diagnóstico”, mas discordam não só no “caminho” como também “na urgência”.
“A pressa é aquilo que nos pode levar a sair desta situação de estagnação, [que existe] há mais de 20 anos”, referiu João Cotrim de Figueiredo, acrescentando que a "solução do PSD é alterância, mas não alternativa verdadeira”, uma vez que considera que este tem vindo a fazer uma “campanha prudente, que não desagrada a ninguém”.
Mas como parece que muito mais é o que os une do que aquilo que os separa, o liberal admitiu que Rio dava um "bom primeiro-ministro”, faltando-lhe, contudo "o rasgo e a coragem" que tinha "noutra vida política".
Rui Rio referiu depois que ambos os partidos convergem "em descer o IRS e o IRC", mas que o objetivo dos sociais democratas é manter o "modelo que existe, com as taxas progressivas, enquanto a IL quer uma taxa única em dois passos. Ou dá um buraco orçamental de todo o tamanho ou dá uma grande injustiça”, rematou.
O dirigente do PSD realçou ainda que quer que “as pessoas passem a pagar menos” de IRS, discordando do “mundo maravilhoso” do IL , que pretende baixar logo no IRC.
Relativamente ao IRS, Cotrim de Figueiredo considera que há um “gravíssimo problema da excessiva saída dos jovens”, culpando a "carreira progressiva" que existe em Portugal. Para o líder da IL, esta "é uma forma de afastar inteligência e qualificação das pessoas que estão em Portugal”.
Rui Rio tem de novo a palavra e afirma que a taxa única proposta pela IL faria com que a receita levasse "um tombo absolutamente brutal", salientando, contudo, que, ta como os liberais, o PSD também pretende baixar o IRC, mas com moderação. "Se fizermos à escala que a IL propõe é o descalabro orçamental”, considera.
O líder da IL discordou aqui da visão do social democrata e referiu que “só o crescimento económico paga metade” desta proposta e que, a outra metade, poderia ser paga com 1% de despesa do Orçamento do Estado.
Cotrim de Figueiredo fez ainda questão de realçar que a TAP não faz parte destes valores, uma vez que os liberais fizeram questão de a privatizar, assim como a nestes valores não está a TAP, que os liberais fazem questão de privatizar, assim como aquilo queo partido tem vindo a chamar “gorduras” em áreas como a saúde e a educação.
“IRS tem de começar a dar sinais de agravamento e o caminho para a taxa única não é uma bizarria, contas estão feitas para que ninguém pague mais imposto”, sublinha o liberal, que considera que a taxa única “não é uma aventura radical”.
O presidente do PSD, que estima que, em 2026, o PIB nominal estará nos 17,3 mil milhões de euros de receita adicional, considera que se deve cortar "o peso da despesa no produto", não se pode "é esperar que aconteça de rompante porque senão os serviços vão à falência e os funcionários públicos não têm aumentos”.
Relativamente à TAP, Rui Rio adiantou que a posição do partido “só tem uma diferença em relação à IL”, uma vez que "não pode dizer nem mais um tostão”.
Contudo, diz ainda que o "Governo fez uma asneira e privatizou metade e agora tem uma criança grande e gorda nos braços e não devia ter feito isto”. Sobre a privatização da RTP e da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o social democrata discorda, defendendo, relativamente ao canal público de telvisão, que “são mais sóbrios e têm obrigação de ser isentos".
Já Cotrim de Figueiredo defendeu, quanto à RTP, que o existe "é uma sangria completa para o contribuinte", uma vez que, quer vejam, quer não, têm de "pagar na fatura". Sobre a CGD, o liberal considera que "tem tido sucesso desde que foi intervencionada e obrigada a seguir regras iguais a bancos privado".
Sobre este último tema, Rui Rio afirmou que o "presidente foi bem escolhido" mas que se a caixa "começar a ter prejuízo ou ser mal gerida, dando crédito a quem interessava publicamente como aconteceu no pós.25 de abril, então nem pensar”, acrescentando que, sendo um banco público, a CGD “pode influenciar, do ponto de vista positivo, a economia”.
Sobre a visão da IL para o SNS, João Cotrim de Figueiredo explica que o partido defende que os “prestadores possam ser de qualquer natureza e que as pessoas possam escolher, mantendo o financiamento público”.
“As pessoas continuam a ter o acesso universal com um custo tendencialmente gratuito, mas com melhor atendimento e sem listas de espera”, sublinha
Questionado sobre os eventuais despedimentos, o liberal referiu que “os prestadores privados precisam de colaboradores” e que, “como toda a gente que decide mudar de emprego, passam a ter vínculo com outro”.
A palavra passa depois para Rui Rio que considera que "o Estado tem obrigação de prestar serviços público de Educação de qualidade. Se quero pôr os filhos no privado — e pus — eu pago”, realçando, por outro lado, que " é impossível, só com o público, prestar esse serviço nos hospitais".
O social democrata salintou ainda que não tem medo "da palavra negócio", e que esta se emprega "quando ganham os dois: Ganha o privado e nós porque conseguimos prestar um serviço melhor e mais barato".
Cotrim de Figueiredo tem a palavra pela última vez e usa-a para dizer que, caso o Estado passe a “permitir pagar a colégios privados, estaria a poupar dinheiro”, reforçando a ideia de que o código-postal não pode definir o futuro dos jovens portugueses, uma vez que isso "eterniza um ciclo depobreza que temos de interromper".
Na última intervenção da noite, Rui Rio afirmou que "a escola pública não tem de prestar mau serviço” e que não lhe passa pela cabeça que o Estado não apresente "Educação e Saúde de qualidade”.