A Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP defende que a estação pública deve «limitar a influência» da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) no canal. A opinião foi tornada pública num dos últimos boletins da CT. «Se queremos que a RTP sobreviva como serviço público, uma das prioridades que devemos fixar-nos em 2022 consiste em limitar a influência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) na tomada de decisões da estação», lê-se na nota.
E acrescenta que «se essa influência é excessiva, a culpa não é da FPF, que no seu próprio interesse trata de influenciar, mas da RTP, que no seu próprio interesse devia impedir o excesso».
Em causa está a notícia divulgada pelo Correio da Manhã sobre que dá conta que a estação pública deverá pagar quatro milhões de euros para adquirir a Taça de Portugal e a Supertaça até 2024.
O Nascer do SOL sabe que as críticas à aposta «excessiva» da estação pública no futebol surgem nos corredores da estação e essa ideia fica também espelhada neste comunicado da Comissão de Trabalhadores.
«Vivemos um contexto em que nos falam de uma ‘situação financeira muito mais difícil do que se supõe’, e em que se invoca essas dificuldades para recusar investimentos inadiáveis em tecnologia, em instalações e, não menos importante, em trabalho com direitos. Ora, apesar desse aperto do cinto, vem agora a público que a RTP terá contratado os direitos da Taça de Portugal e da Supertaça Cândido de Oliveira por 4 milhões de euros».
Se este valor é real ou não, não se sabe, até porque a CT ainda aguarda a resposta do Conselho de Administração. Mas, dizem, o que torna esta alegação plausível é «o historial conhecido».
«Com sucesso variável, a FPF sempre se arrogou o direito de tirar e pôr diretores de Informação da RTP, sempre se arrogou o direito de ditar à RTP condições leoninas para os seus protocolos – porque não havia agora de conseguir um regime de exceção para a austeridade preconizada pelo CA? Para promover os seus interesses, a FPF faz o que sempre tem feito; para acautelar os seus interesses, a RTP deve começar a fazer o que é necessário», acusam os trabalhadores.
E lembram casos: «Se um pivot da RTP corta a palavra à segunda figura da hierarquia do Estado, porque ao mesmo tempo há um direto em que o jogador João Palhinha se lembrou de partilhar os seus estados de alma, engolimos em seco». Mas há mais: «Se uma reportagem sobre o Estado Islâmico na RTP 3 é interrompida e durante mais de duas horas a emissão fica tomada pela saída do treinador do Benfica, sem explicações ao público que seguia a reportagem; se essa grosseria atrai a crítica do escritor Valter Hugo Mãe e certamente de mais espetadores, voltamos a engolir em seco», acrescentam.