Num ato simbólico, a líder do PAN surgiu esta terça-feira de galochas calçadas numa ação de campanha à entrada da Base Aérea n.6 do Montijo, para onde está projetado o novo aeroporto. Inês Sousa Real reafirmou a posição do partido contra a construção do novo aeroporto naquela região do distrito de Setúbal, alertando que o projeto "vai meter água" e "afundar dinheiro público".
"Esta vai ser uma zona que, em 30 anos, vai estar inundada", defendeu a dirigente do PAN, advertindo que "Portugal é um dos países que vai ser mais afetado pela crise climática e o distrito de Setúbal, em particular, vai ser uma zona que vai ficar alagada com a subida do nível médio das águas”.
Sendo assim, considerou que “é um contrassenso” a construção de um novo aeroporto “num sítio para ficar inundado”.
“Está manifestamente em contraciclo com o combate à crise climática”, afirmou, destacando que a avaliação aeroportuária “não respeitou a recomendação da Assembleia da República para que todas as soluções fossem consideradas, nomeadamente a de Beja”.
“Não podemos dizer num dia que queremos promover a coesão territorial e defender o interior e, depois, quando existem alternativas que permitem isso mesmo, rejeita-se completamente as alternativas pelos interesses económicos de privados”, reforçou.
De acordo com a líder do PAN, no contrato de concessão que existe com a ANA – Aeroportos de Portugal está prevista, no caso de o tribunal não autorizar a construção do aeroporto, uma indemnização “entre 10 mil milhões a 15 mil milhões de euros”. Um custo para o Estado, disse Inês Sousa Real, quer "seja na construção das infraestruturas, porque terá que ser dinheiro público a promover a sua construção", quer "seja com a indemnização que também custará outro tanto".
Questionada se viabiliza um Governo do PS caso a intenção de construir esta infraestrutura aeroportuária avance, a porta-voz do PAN limitou-se a dizer que a cor do calçado, que era vermelho, representa “uma linha vermelha em relação ao aeroporto”.
“Quem traçou esta linha vermelha não foi apenas o PAN. São as próximas gerações e a ciência, são os estudos que de alguma forma nos vêm dizer que não é possível estar a construir aqui um aeroporto porque é uma zona que vai ficar alagada”, frisou.