Castelos de areia de Portugal

A consulta de mapas antigos e cartas marítimas mostra que um terço dos 648 km de costa de Portugal foi criticamente afetado durante o período de sessenta anos até 2010 com recuos da linha de preia-mar variando de 0,5 a 9,0 metros por ano e totalizando uma perda de 1.313 hectares.

Por Roberto Knight Cavaleiro

A areia em Portugal é uma substância granular ubíqua que é um material de recurso básico usado em todos os tipos de fabricação, desde utensílios de vidro a equipamentos eletrónicos. É encontrada numa variedade de cores naturais e a sua consistência pode ser alterada pela adição de argila, óleos e resinas quando utilizada, por exemplo, em moldes para fundição de metais.

Na indústria da construção, a mistura padrão para o betão é uma parte de cimento, duas partes de areia e quatro partes de agregados. Mas a areia também é um ingrediente essencial para asfalto, tinta, campos de futebol, campos de golfe e material de base para caminhos.

O fornecimento de areia foi obtido em grande parte por dragagem de estuários e praias de rios, enquanto uma pequena quantidade de areia M foi produzida artificialmente pelo esmagamento de rochas. Formações interiores de cumes de areia marcam os cursos de antigas vias navegáveis. Eles variam em tamanho de algumas centenas de metros a vários quilómetros e geralmente fornecem aquíferos subterrâneos que sustentam vegetação como eucalipto e pinheiro cipreste.

Até aos meados do século XX a extração de areia para esta vasta gama de utilizações não apresentava um grande problema ambiental, mas a explosão da procura provocada pela deslocação da população para as localidades costeiras e a expansão do comércio e indústria associados têm apresentado ameaças crescentes a um litoral que sempre teve um histórico de erosão.

A consulta de mapas antigos e cartas marítimas mostra que um terço dos 648 km de costa de Portugal foi criticamente afetado durante o período de sessenta anos até 2010 com recuos da linha de praia-mar variando de 0,5 a 9,0 metros por ano e totalizando uma perda de 1.313 hectares. A região da Caparica tem sido uma das mais afetadas com a destruição de edifícios à beira de água e terrenos agrícolas. Grande parte dessa perda pode ser atribuída às correntes de maré e a um vento predominante de noroeste que superou os revestimentos, passeios e outras barreiras erguidas.

Mas desde 2010 os perigos imediatos causados pelas mudanças no clima tornaram-se óbvios. O aumento do nível do mar, as alterações na intensidade e direção dos ventos predominantes, a ameaça da atividade vulcânica submarina e os tsunamis resultantes irão combinar-se para alterar o movimento dos sedimentos e, portanto, as características das nossas praias, falésias e portos. Importa, pois, introduzir restrições que limitem as novas construções nas regiões costeiras, mas que encorajem a reabilitação de edifícios mais antigos para ocupação maioritariamente por cidadãos portugueses (especialmente no interior negligenciado), integrando assim uma população estabilizada e eventualmente reduzida mas robusta que preservará a sua Portugalidade.

Imagem 1 – Desenho que ilustra os povos portugueses e a sua ligação ao mar

Imagem 2 – Portugueses na praia

Imagem 3 – Fotografia aproximada