As instituições públicas portuguesas aumentaram o investimento em cibersegurança no ano passado, redobrando os gastos na proteção de dados informáticos. Aliás, o valor investido em 2021 foi mesmo o dobro relativamente ao ano de 2020, segundo dados disponíveis no portal da contratação pública BASE, que o i analisou.
Entre os contratos públicos adjudicados já em 2022 incluem-se investimentos variados: desde o Instituto Politécnico de Viseu até à freguesia de Marvila, passando por empresas como a Lusa, IPO do Porto, Infratróia, Águas da Covilhã, e várias autarquias, entre elas a da Covilhã e Lousada, num valor global de 100 mil euros. Em 2021, os contratos públicos no Portal BASE com referência a cibersegurança somam mais de 1,6 milhões de euros, traduzindo-se no dobro dos 829 mil euros gastos em 2019.
Entre os contratos assinados em 2021, encontram-se entidades de todos os setores, desde o próprio Gabinete Nacional de Segurança até à Assembleia da República. Na lista incluem-se vários municípios, entre eles Alcobaça, Oeiras, Palmela, Pombal, Arraiolos e Valongo.
E os valores não são ‘trocos’. Só o Centro Hospitalar Universitário do Porto, por exemplo, assinou um contrato no valor de 249.744,77 euros.
GNS encomenda estudo Percorrendo o portal da contratação pública, ao verificar a lista dos contratos realizados nos últimos anos, é possível concluir que as instituições públicas têm vindo a preocupar-se mais com o tema da cibersegurança. O Gabinete Nacional de Segurança, onde funciona o Centro Nacional de Cibersegurança, avançou mesmo no final do ano passado com um estudo inédito, adjudicado ao INESC-TEC por 69.900 euros. Trata-se de um estudo, que os investigadores têm três meses para completar, e que consistirá num levantamento da comunidade com competências para trabalhar em cibersegurança. Este tema tinha já sido debatido numa entrevista de José Tribolet ao i, onde o especialista defendia já que este é um problema essencial do país nesta área. Tribolet denuncia que não estão a ser formados especialistas em número suficiente nem há um plano para tal. O Nascer do SOL procurou perceber junto do GNS qual o objetivo do trabalho, mas não obteve qualquer resposta em tempo útil.
Preocupação acrescida A questão da cibersegurança tem estado na ordem do dia em Portugal ao longo da última semana, principalmente após o ataque informático que deitou abaixo a rede da Vodafone. Um ataque que teve um impacto sem precedentes no país na passada segunda-feira à noite, e que levou a uma investigação levada a cabo pela Unidade de Combate ao Cibercrime da Polícia Judiciária, que prosseguia, neste fim de semana, sem haver elementos concretos nas mãos dos investigadores como um IP. Seguiu o ataque aos laboratórios Germano de Sousa, que só voltam a reabrir esta semana.