A pandemia trouxe consigo muitas mudanças, entre elas a necessidade de mudança nas empresas e, nos dias de hoje, há muitas a reconsiderarem as suas estruturas e planos estratégicos. Mas o que leva a esta necessidade de mudança? Tiago Ferreira Sousa, partner da Expense Reduction Analysts (ERA), diz que as motivações das empresas “para um realinhamento estratégico passam pela vontade de melhorarem a liquidez, aumentarem a competitividade, superarem um evento económico mais complexo ou, simplesmente, procurarem uma reorientação”, começa por explicar ao i. Perante situações de crise ou de constrangimentos à operação, “as empresas reconhecem que precisam de repensar as suas estratégias e estruturas de custos”, continua. E deixa um alerta: “Ainda há um caminho longo a percorrer na consciencialização do tecido empresarial para o potencial da otimização e redução de custos”.
Mas estarão as empresas portuguesas preparadas para estas mudanças repentinas? Tiago Ferreira Sousa diz que em primeiro lugar é importante explicar “que, preferencialmente, a mudança devia acontecer de uma forma gradual e estrategicamente pensada”. Até porque “o que a história nos ensina é que a mudança pode ser repentina, muito impactante e de resultados imprevisíveis”. E não tem dúvidas que hoje em dia o empresário “tem que esperar o melhor dos seus negócios, mas estar sempre preparado para o pior”. Mas para isso tem que tomar algumas precauções e não deve “adiar a implementação de todas as medidas que estejam ao seu alcance e que se traduzam em melhorias de rentabilidade”.
E no que diz respeito à preparação do tecido empresarial português, o responsável entende que “é importante ter em conta que este é sobretudo dominado por pequenas e médias empresas, nas quais ainda existe alguma resistência face a processos de reestruturação”.
Já numa empresa de menor dimensão, Tiago Ferreira Sousa diz que “as exigências deste processo, como a necessidade de existir um planeamento extenso e uma equipa especializada e focada no projeto, podem dificultar a tomada de decisão”. Para as grandes empresas é diferente e “existe uma permeabilidade maior e daí, também, serem essas que mais recorrem aos serviços da Expense Reduction Analysts”, nota, acrescentando que o número de clientes tem crescido ano após ano, o que pode representar “uma mudança de mentalidade favorável do tecido empresarial português”. E, apesar das dificuldades, não tem dúvidas: “O empresário está mentalizado para a importância de otimizar a sua estrutura de custos”.
Ao i, o responsável explica ainda que “os benefícios ao nível de melhoria de margem e libertação de cash-flow são fundamentais para a sobrevivência e potencialização dos negócios”, diz acrescentando que “os ganhos de competitividade que a empresa possa conseguir podem fazer a diferença na hora de se posicionar face aos seus competidores”. E alerta: “Não vemos razão para se adiar, nem sequer um dia, a implementação destas medidas”.
O que é preciso mudar em Portugal? “A mudança é sempre bem-vinda”, garante o responsável. “A inquietação nos nossos pensamentos e atitudes são os motores que geram dinamismo na nossa vida pessoal e empresarial” mas não há dúvidas que “o empresário português já demonstrou ser resiliente e visionário”. E detalha “inúmeros casos” de empresas portuguesas com dimensão internacional e negócios de ponta “a ombrear lado a lado com as melhores do mundo”. Tiago Ferreira Sousa defende ainda que “não nos falta nem capacidade estratégica nem operacional”. No entanto, “em alguns casos, a predisposição para a mudança não é muita”.
Questionado sobre de que forma as reestruturações permitem que as empresas se reinventem, tornem mais sólidas e resilientes, o responsável destaca que “embora, por vezes, a mudança não seja bem percecionada, o mundo em que vivemos impõe que as empresas tomem decisões no sentido da evolução positiva”, destacando que “com a competitividade cada vez mais feroz, as empresas precisam de estar em constante conexão com o contexto macroeconómico”. Por outras palavras, “quem sobrevive é quem se adapta melhor à mudança, ou melhor, às adversidades. Não há mercados pouco exigentes nem negócios fáceis pelo que o sucesso está, muitas vezes na reestruturação”.
E, em casos como crises ou de necessidade de reorientar o negócio, “a agilidade das empresas para aceitar estes processos de reestruturação garante que as empresas tomam as decisões necessárias para se tornarem mais sólidas, mais competitivas, que se reinventem e aumentem a sua esperança média de vida. No fundo, o que as reestruturações permitem é que as organizações respondam à mudança com a agilidade necessária para garantirem a sua sobrevivência”. Tiago Ferreira Sousa até se atreve a ir mais longe e atira: “Para as empresas salvaguardarem a sua solvabilidade, têm que se antecipar aos cenários macroeconómicos adversos. Em cada momento a empresa tem que ser a mais eficiente na sua produção, a mais otimizada nos seus custos e mais competitiva na venda dos seus produtos ou serviços”.
Mudanças O partner da ERA lembra que se na década de 2010 a esperança média de vida das empresas era de dez anos, “hoje que vivemos num contexto cada vez mais volátil, este valor deve ser bastante mais crítico”. É nesse sentido que é importante que cada empresa seja “capaz de conseguir implementar estes processos de forma acertada, o que, geralmente, só acontece através do aconselhamento correto de alguém mais experiente”.