"Foi um encontro muito interessante, expressámos o nosso repúdio pela invasão e o compromisso, parlamentar e político, com o povo ucraniano", começa por explicar, em declarações ao Nascer do SOL, André Ventura. "Trocámos algumas ideias sobre o conflito", avança, acrescentando que, ao conversar com Inna Ohnivets, percecionou que "os ucranianos estão muito cépticos sobre qualquer possibilidade de cessar-fogo".
"Infelizmente penso que apenas haverá um cessar-fogo se a Ucrânia se render ou capitular… e duvido que o Presidente ucraniano aceite isso", expressa o presidente do Chega, adiantando que deixou claro que o partido terá "iniciativas parlamentares em defesa da Ucrânia". Recorde-se que, este domingo, Volodymyr Zelensky afirmou estar disposto a "tentar" negociar com a Rússia “para que nenhum cidadão da Ucrânia tenha dúvidas de que o presidente fez tudo para acabar com a guerra”. No entanto, naquilo que diz respeito ao encontro com representantes russos, o Executivo ucraniano clarificou que “não vai ceder um único centímetro do seu território”.
Questionado acerca da possibilidade de a força política que lidera poder continuar a ser associada ao apoio a Vladimir Putin, Ventura é assertivo: "Acho que estão a tentar colar-nos injustamente. Sempre nos colocámos do lado da Europa e ainda hoje tentaram exlcuir-nos da manifestação", diz. No entanto, acrescenta que o partido decidiu fazer o seu próprio protesto – à margem dos restantes que foram levados a cabo em Lisboa, no Porto, em Coimbra – junto à embaixada da Ucrânia, no Restelo.
"Acabámos por conseguir o encontro com a embaixadora e isso foi muito importante para o Chega", conclui o líder que, na quinta-feira, "sem reservas, sem meias palavras" condenou a ofensiva russa. Indo ao encontro da perspetiva que partilha hoje, naquela intervenção, Ventura criticou os partidos que “são incapazes de condenar esta bárbara invasão territorial da Rússia e continuam a dizer que devíamos abandonar a NATO e renunciar às armas nucleares”. “Seria muito bonito defendermo-nos com poemas, com palavras e com rosas na mão, mas não é assim que o regime de Vladimir Putin entende”.
Já na sexta-feira, numa conferência do Chega sobre regionalização, Ventura asseverou que o mesmo “estará ao lado do Governo português, tenha ele que cor tenha, no esforço militar diplomático e económico para pôr travão à Rússia”. “Se não o fizermos agora, não estamos nada convencidos de que isto acabe por aqui. Quem comete uma loucura uma vez, pode cometer duas e três. E a história ensina-nos que há um momento de dizer chega. E que temos que os enfrentar exatamente da mesma forma”, apontou.
"Enquanto nos divertíamos uns com os outros, a Rússia gastava o dobro do orçamento em arsenal militar. E a China tornava-se o segundo país do mundo a gastar mais dinheiro em armamento. E nós aqui continuamos gritando, rindo e confiando que um dia alguém nos salvará, se alguma coisa acontecer e, portanto, andamos todos distraídos”, observou. “Mas há um momento em que, como dizia um líder político: errar a primeira vez, todos podem errar, mas a segunda e a terceira já é responsabilidade nossa. E tivemos esta semana a prova evidente de que há tiranos e ditadores no mundo em quem não podemos confiar a nossa segurança e nossa liberdade”, rematou.
É de referir que, segundo o ministério do Interior da Ucrânia, citado por uma correspondente da CNN em Lviv (Katharina Krebs), existe a confirmação oficial da morte de 352 civis no conflito. Destes, pelo menos 14 são crianças e os registos apontam igualmente para 1.684 civis já feridos, 116 dos quais crianças.