O PCP cumpre, neste domingo, 101 anos de existência e as celebrações – tal como aconteceu com o centenário, em 2021, devido à pandemia da covid-19 – vão ser novamente marcadas por polémica. É que, em plena altura de festividades, os comunistas votaram contra uma resolução do Parlamento Europeu de condenação da Rússia pela invasão da Ucrânia, espoletando uma onda de críticas. Como justificação, os comunistas defenderam considerar «profundamente negativa a resolução, hoje [terça-feira] adotada no Parlamento Europeu», até porque o que faz é, defendem, «dar força à escalada, ao incremento da guerra, e dificultar o cessar-fogo e a solução negociada que se impõem no interesse dos povos e da paz mundial».
No domingo, num comício no Campo Pequeno, em Lisboa, os comunistas levarão a cabo as celebrações do seu 101.º aniversário – sob o lema «O futuro tem partido, liberdade, democracia, socialismo» – que, por sua vez, serão também a conclusão das celebrações do centenário do partido, que começaram no ano passado. Ainda assim, é expectável que estas mesmas celebrações venham a ser ‘manchadas’ com protestos contra a posição do PCP perante a invasão russa da Ucrânia, com o partido a evitar, ainda, condenar Vladimir Putin pelas ações no país, preferindo apelar ao fim do conflito, acusando o papel da NATO e dos Estados Unidos no mesmo.
Assim, não se avizinha um evento fácil de organizar para os comunistas, que estão sob alta pressão pelas posições tomadas nos últimos dias, e que levaram até à pichagem de duas das suas sedes. Em Beja e na Guarda, os edifícios do PCP foram vandalizados com expressões e frases condenatórias da posição tomada pelos comunistas perante o conflito militar na Ucrânia, antevendo o tipo de protestos que poderão acontecer, no Campo Pequeno, a 6 de março.
BE também debaixo de fogo
Não são só os comunistas, no entanto, que têm estado sob pressão nos últimos dias devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
O Bloco de Esquerda, que votou a favor da referida resolução do Parlamento Europeu de condenação da Rússia pela invasão da Ucrânia, tem sido alvo de críticas de vários setores, que acusam os bloquistas de estar a colocar-se contra Putin ao mesmo tempo que, apenas duas semanas antes, se abstinham no mesmo Parlamento Europeu, na votação de um apoio financeiro da União Europeia à Ucrânia, no valor de 1.2 mil milhões de euros, que, não obstante, acabou aprovado.
José Gusmão e Marisa Matias, eurodeputados bloquistas, justificaram a abstenção naquela votação, argumentando que desse mesmo pacote de ajuda financeira faziam parte condicionantes de austeridade com as quais o BE diz não concordar.