Depois de restaurante, alunos russos são alvo de bullying

“Este conflito internacional gerou maior desenvolvimento local de uma discriminação de origem nacional”, lê-se na carta aberta subscrita por pais e pelas associações Sempre, Espaço Vivo e MIR, divulgada no passado dia 2 de março.

Depois de, no passado dia 4, o i ter noticiado que, na Calçada da Tapada, em Alcântara, o restaurante A Tapadinha estava a ser vítima de bullying, sabe-se que os estudantes russos estão a passar pelo mesmo.

“Isto está a influenciar gravemente o nosso negócio. Já tirámos o ‘russo’ da porta, porque não queremos ter quaisquer ligações ou ser associados… E não é só ao negócio. Isto está a influenciar-nos psicologicamente”, explicou Isabel Nolasco, a proprietária portuguesa do estabelecimento. “O restaurante sofreu com as consequências da covid-19 e agora, sofre com a discriminação”, disse. “Ninguém está satisfeito. Daqui a bocado estamos com Kiev à porta. Estamos a ser discriminados. O que está a acontecer é bullying! Ainda ficamos todos sem trabalho”.

Já naquilo que diz respeito à subida dos casos de bullying contra crianças russas ou de ascendência russa nas escolas portuguesas, desde o início da invasão da Ucrânia, a discriminação parece ganhar outras proporções. “Este conflito internacional gerou maior desenvolvimento local de uma discriminação de origem nacional”, lê-se na carta aberta subscrita por pais e pelas associações Sempre, Espaço Vivo e MIR, divulgada no passado dia 2 de março.

”Um número de crianças que falam russo agora são recebidas com vergonha e ameaças de agressão de alguns de seus colegas de escola ou da turma. Obviamente, esse bullying foi desencadeado pelas ações que estão a desenvolver-se na Ucrânia”, redigiram, apelando aos diretores escolares e aos profissionais das instituições de ensino que prestem mais atenção a estes casos.

Recorde-se que, desde a segunda-feira da semana passada, a embaixada da Rússia instou os seus cidadãos em Portugal a contactarem as autoridades portuguesas e o serviço consular em caso de ameaças à sua segurança. No entanto, é de realçar que, em abril de 2021, foi veiculado o estudo “Inclusão ou discriminação?…” e no mesmo estava explicitado que os estudantes imigrantes obtêm resultados escolares significativamente mais baixos que os de origem portuguesa e são segregados dentro das escolas.