A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (CDHOA) alertou ontem para o perigo do tráfico de seres humanos, que envolve sobretudo mulheres, considerando que o risco ganha “particular relevância, face à enorme onda de refugiadas, mulheres, jovens e crianças que, em fuga da guerra na Ucrânia, cruzam as fronteiras para outros países”.
“Muitas destas pessoas saem do seu país indocumentadas e fragilizadas, tornando-se alvos fáceis para as redes criminosas”, disse a Ordem dos Advogados num comunicado em que assinalou o Dia Internacional da Mulher. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados lembra que, segundo as Nações Unidas, as mulheres constituem mais de 80% dos casos reportados de vítimas de tráfico, 79% dos casos reportados de tráfico de seres humanos é para fins de exploração sexual e as mulheres constituem 85% das vítimas de tráfico para exploração sexual. “Em situações limite como a que a Europa atravessa, o combate a este flagelo é crucial, pelo que pede especial vigilância a todos os intervenientes no que toca ao transporte e recolha das mulheres, crianças e jovens fugidas da guerra, assim como no seu acolhimento e integração nos países de destino”, defendeu a organização, salientando que ontem se reuniu com Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM). Também já fez saber da sua disponibilidade em integrar a task force governamental – que garanta os direitos e salvaguarde a integridade das migrantes que estão a chegar a Portugal – junto da Ministra de Estado e da Presidência. Recorde-se que na semana passada a ministra da Segurança Social anunciou que o Instituto do Emprego e Formação Profissional criou uma task force” para fazer o acompanhamento dos refugiados que chegam ao país “de forma personalizada e conseguir encontrar formas de integração real”, nomeadamente através de alojamento e de uma plataforma onde as empresas poderão carregar ofertas de trabalho. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras revelou ontem que, desde o início da invasão russa, Portugal concedeu 3.179 pedidos de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia.