O Partido Comunista mantém firme a sua posição perante a invasão russa da Ucrânia: na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, os comunistas foram incapazes de condenar este ato de guerra, e, na Câmara Municipal de Lisboa, a história foi a mesma. Ontem, a autarquia aprovou, com votos a favor de todos os vereadores municipais, exceto dos dois vereadores comunistas, um voto que “condena veementemente a agressão militar da Federação Russa contra a Ucrânia e exige o termo imediato de todas as ações de destruição em curso por parte do regime de Moscovo”. Em reunião privada da Câmara, os membros do Executivo lisboeta apreciaram o voto de repúdio, que refere que “a agressão militar russa é totalmente ilegal e ilegítima, contraria todos os princípios e os valores em que a paz na Europa se baseou durante décadas e viola as regras do direito internacional e da soberania nacional”.
No âmbito desta mesma reunião, a vereação do PCP – que, recorde-se, votou contra – propôs, por sua parte, uma moção “em defesa da paz e pelo fim da guerra na Ucrânia e da escalada de confrontação na Europa”, votada – e reprovada – por pontos, não tendo sido um único deles aprovado, tal como já tinha acontecido com o voto dos comunistas na terça-feira, na Assembleia Municipal de Lisboa (AML).
Durante a 11.ª Sessão Ordinária da AML, a recomendação intitulada “Solidariedade com o povo ucraniano, pela implementação urgente de medidas para apoio e receção a pessoas refugiadas e de sanções contra a oligarquia russa”, apresentada pelo Bloco de Esquerda, foi debatida e aprovada, contando unicamente com os votos contra do PCP. Aliás, esta foi a ementa do dia: foram debatidas e votadas 12 propostas de condenação, de pesar e de solidariedade, a maioria delas contando com ‘negas’ do PCP.
Por entre os quatro pontos que compõem a recomendação bloquista em questão, com a qual os comunistas não concordaram, propôs-se “a reunificação familiar das pessoas já residentes no concelho de Lisboa”, bem como a disponibilização da Câmara “para receber pessoas perseguidas pelo regime da Federação Russa por serem opositores à guerra”. A posição contra dos comunistas levantou polémica e João Ferreira, já na madrugada de quarta-feira, utilizou o Twitter para abordar o tema. “Há vários dias que está a ser trabalhada uma proposta, subscrita por várias forças políticas, entre as quais se inclui o PCP, que será votada em reunião de câmara esta quarta-feira, sobre acolhimento e integração, na cidade de Lisboa, de refugiados da guerra na Ucrânia”, revelava o dirigente comunista.
“O âmbito desta proposta é mais vasto, sendo esta mais completa, do que o conteúdo de moções votadas hoje [terça-feira] na Assembleia Municipal de Lisboa, por exemplo, indo além das situações de reagrupamento familiar. Eventualmente desiludirei alguns adeptos do “tiro ao PCP”. “Mas é assim”, atirou Ferreira, garantindo que, para os comunistas, importa “não tratar a situação dos refugiados de forma restritiva ou discriminatória, abrangendo apenas alguns cidadãos em algumas circunstâncias e desconsiderando outros cujas circunstâncias merecem proteção com idêntica dignidade”.
Recorde-se que, na quarta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou também, por unanimidade, uma proposta (subscrita pelos vereadores do PS, PCP, BE, Livre, e a Vereadora Paula Marques), para aprovar o programa municipal de emergência “VSI TUT — TODOS AQUI”, que procura apoiar a integração de refugiados do conflito militar na Ucrânia, através da criação de condições, nas áreas da habitação, trabalho, educação, saúde, mobilidade e cultura.