Com o compromisso de apoiar Kiev na guerra contra o Kremlin, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou uma lei que atribui 13.600 milhões de dólares (cerca de 12.400 milhões de euros) em ajuda à Ucrânia esperando que este apoio possa ajudar a “aliviar o sofrimento” ucraniano.
“Agimos com urgência para aumentar ainda mais o apoio ao corajoso povo da Ucrânia que está a defender o seu país”, realçou Biden, cujo pacote de apoios tem incluído assistência humanitária e militar para a Ucrânia e o leste europeu, acrescentando ainda que espera que estes novos fundos permitirão “intensificar rapidamente a resposta e ajudar a aliviar o sofrimento que a guerra” está a causar ao povo ucraniano. Ao final do dia, era reportada o aumento da tensão entre Washington e Moscovo, com o Kremlin a reagir à acusação de Biden de que Putin é um criminoso de guerra, o que o alvo considerou “imperdoável”.
O anúncio do apoio americano financeiro coincidiu com o discurso do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky no congresso dos EUA, em que comparou a situação vivida na Ucrânia com o 11 de Setembro ou Pearl Harbor.
“Lembrem-se de Pearl Harbor, a terrível manhã de 7 de dezembro de 1941, quando os vossos céus estavam pretos por causa dos aviões que o atacaram. Lembrem-se do 11 de setembro, um dia terrível em 2001, quando o mal tentou transformar as vossas cidades, territórios independentes, em campos de batalha. Quando pessoas inocentes foram atacadas do ar”, disse Zelensky através de uma videoconferência.
O Presidente da Ucrânia voltou a pedir a criação de uma zona de exclusão aérea. “Se isto é pedir muito, oferecemos uma alternativa” — como sistemas de defesa aérea. “Eu tenho um sonho”, diz Zelensky, fazendo referência a Martin Luther King, e explica a sua “necessidade”: “Preciso de proteger os nossos céus”.
Depois, centrando o discurso em Joe Biden, que se comprometeu, na próxima semana, a deslocar-se à Europa, para abordar os esforços de dissuasão e defesa com os aliados da NATO e avaliar, com a União Europeia, as sanções económicas à Rússia, perante a invasão da Ucrânia, Zelensky pediu ao Presidente dos EUA que seja o “líder do mundo”, para que consiga ser também “o líder da paz”. “Estou a dirigir-me ao presidente Biden. Você é o líder de uma grande nação. Desejo que seja o líder do mundo e ser o líder do mundo significa ser o líder da paz.”
Rússia e Ucrânia podem estar perto de ‘acordo’ Se ao final do dia a BBC avançava a “fúria” do Kremlin com Biden e que, no Pentágono, a convicção é que a Rússia pode estar prestes a assinar um decreto para reforçar e substituir as tropas na frente da ofensiva, esta quarta-feira ficou marcada por relatos de que Kiev e Moscovo podem estar perto de atingir um acordo sobre o estatuto de neutralidade da Ucrânia e que pode colocar um fim à guerra iniciada pela Rússia, apesar de ambas as nações admitirem dificuldades nas negociações.
“As negociações não têm sido fáceis por razões óbvias”, disse o ministro dos negócios estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acrescentando que está otimista e que acredita que as negociações irão chegar, eventualmente, a “bom porto”.
“Independentemente do que está a acontecer, existe esperança de chegarmos a um compromisso”, confessou Lavrov, citado pelo Guardian. “O estatuto de neutralidade está agora a ser discutido com seriedade e, é claro, com garantias de segurança. Existem formulações absolutamente específicas e, na minha opinião, os lados estão perto de concordar com elas”, elaborou o ministro.
Estas afirmações de Lavrov chegaram horas depois do Presidente Zelensky ter afirmado que as exigências da Rússia estão a tornar-se “mais realistas”.
O estatuto de neutralidade da Ucrânia implica que o país renuncie à adesão à NATO, algo que Zelensky já admitiu.
“Ouvimos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos dizer que não podíamos aderir. Esta é a verdade e temos de a reconhecer. Estou contente por o nosso povo começar a compreender isto e a confiar nas suas próprias forças”, afirmou Zelensky na terça-feira.
A possível adesão da Ucrânia à NATO é uma das razões apresentadas pela Rússia para justificar a invasão do país vizinho, já que Moscovo considera a Aliança Atlântica como uma ameaça à sua segurança.
A Rússia pretende um estatuto de neutralidade para a Ucrânia semelhante ao austríaco ou sueco, dois países europeus que têm os seus próprios exércitos, mas não são membros da NATO, no entanto as autoridades de Kiev responderam que o modelo “só pode ser ‘ucraniano’” e exigiram garantias de segurança em caso de agressão.
“A Ucrânia encontra-se agora num estado de guerra direta com a Rússia. Portanto, o modelo só pode ser ‘ucraniano’”, disse o conselheiro presidencial Mykhailo Podoliak, em comentários divulgados pela Presidência ucraniana e citados pela agência francesa AFP.