Num momento em que o mundo está de olhos postos na Ucrânia e na invasão russa, por cá António Costa já concluiu a formação do XXII Governo Constitucional, estando agora praticamente resolvidas as questões das eleições legislativas no círculo da Europa.
«Eu e o Presidente da República temos ajustado já várias vezes o calendário em função daquilo que têm sido várias das vicissitudes. Portanto, aquilo que neste momento está previsto é que a conclusão do apuramento dos resultados ocorra na próxima quarta-feira, dia 23, e que, portanto, antes de partir para Bruxelas, eu possa entregar ao senhor Presidente da República a lista dos ministros que integrarão o próximo Governo», declarou o primeiro-ministro aos jornalistas, à saída de uma reunião em Roma com os seus homólogos de Itália, Espanha e Grécia, com o objetivo de concertarposições para o Conselho Europeu de 24 e 25 de março.
Conforme o Nascer do SOL noticiou, Augusto Santos Silva, atual Ministro dos Negócios Estrangeiros, é o principal candidato dos socialistas para ocupar o lugar de Presidente na mesa da Assembleia da República, uma vez formado o novo Governo e dado o tiro de partida da nova Legislatura, resultante das eleições legislativas de 30 de janeiro.
Ainda assim, e tomando em conta a instabilidade trazida pela invasão russa da Ucrânia, que colocou o mundo em alerta máximo para um eventual conflito mundial, muitas têm sido as pressões sobre o primeiro-ministro indigitado para manter Santos Silva na pasta dos Negócios Estrangeiros – tanto internas (no próprio PS, Sérgio Sousa Pinto foi uma das vozes a defendê-lo publicamente) como externas, e particularmente de Belém – já que Marcelo não vê com bons olhos a continuidade de João Gomes Cravinho na Defesa e considerava inconveniente a substituição simultânea dos dois interlocutores de Portugal junto da Europa e da NATO.
E António Costa encontrou a solução: Santos Silva vai mesmo para segunda figura do Estado e deixa de continuar a acumular recorde como ministro com mais tempo em funções governativas desde o 25 de Abril, e João Gomes Cravinho não continuará na pasta da Defesa, transitando para o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Ou seja, Costa mantém Cravinho no Governo mas faz a deferência ao Presidente de o retirar da Defesa.
O Nascer do SOL apurou que o nome para a Defesa – que chegou a admitir-se poder ser Ana Catarina Mendes antes da guerra eclodir no leste da Europa – será uma das grandes surpresas do Executivo que Costa está a reservar, a par da entrada de António Costa Silva para a Economia.
Recorde-se que o próximo ministro da Defesa, além de iniciar funções em tempo de conflito armado na Europa, terá a responsabilidade de concretizar a reforma das Forças Armadas.
Por outro lado, com este rearranjo, quem fica de fora do Executivo é o até aqui ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira – que era apontado às Necessidades com a saída de Santos Silva e a continuidade de Cravinho na Defesa. A Economia ficará, pois, entregue ao pai da ‘bazuca’, Costa Silva.
Além disso, Alexandra Leitão também se junta ao grupo dos atuais ministros que não continuarão no Executivo: o seu nome chegou a ser apontado como certo na pasta da Justiça, mas tal não se confirmará. Da mesma forma, também Sampaio da Nóvoa não deverá ficar com a tutela da Educação e do Ensino Superior.
Confirmados estão, sim, Mariana Vieira da Silva como número dois, com a tutela da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Medina nas Finanças, Pedro Nuno Santos nas Infraestruturas, Ana Catarina Mendes com a coordenação política enquanto ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, José Luís Carneiro como ministro da Adminsitração Interna, Marta Temido na Saúde e Duarte Cordeiro no Ambiente. Ana Mendes Godinho também deverá continuar na Solidariedade, Segurança Social e Trabalho. A pasta da Agricultura continua uma incerteza, sabendo-se que nomes como Pedro do Carmo e Joaquim Barreto são apontados a secretários de Estado (o primeiro da Agricultura e o segundo das Florestas).