Portugal com epidemia de gripe

Diagnósticos de covid-19 estabilizam mas gripe está disseminada e com tendência crescente. Procura às urgências não era tão elevada desde 2020 com mais infeções respiratórias.

Portugal com epidemia de gripe

As infeções respiratórias têm estado a aumentar depois de dois anos em que a covid-19 esteve no centro das preocupações e a circulação de outros vírus acabou por ser mais limitada com as medidas em vigor. Com as infeções por covid-19 a dar sinais de alguma estabilização, embora a taxa de positividade, sabe o SOL, se mantenha elevada (o que indicia que haverá casos por detetar), destaca-se o aumento da atividade gripal.

Segundo o balanço semanal divulgado esta semana pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), confirma-se que o país está a registar uma epidemia de gripe disseminada, o cenário que na semana passada já fora admitido ao Nascer do SOL por Ana Paula Rodrigues, responsável pela vigilância de vírus respiratórios no INSA.

Na semana passada, foram confirmados laboratorialmente nos hospitais 447 casos positivos para o vírus da gripe, com o tipo A, habitualmente associado a gripes mais fortes, a dominar. Mas estes casos mais graves são apenas uma parte do que é habitualmente a atividade gripal. O INSA estima uma taxa de incidência de síndrome gripal de 43,5 casos por 100 mil habitantes na semana de 7 a 13 de março, o que representará cerca de 4 350 casos de gripe no país e é ainda uma situação de baixa incidência. Nas epidemias de gripe sazonal, a incidência chega a atingir semanalmente 90 a 120 casos por 100 mil habitantes em epidemias moderadas e 150 casos por 100 mil habitantes em epidemias de atividade elevada, o que não acontece todos os anos.

Segundo o INSA, a mortalidade por todas as causas estava na semana passada dentro do esperado para esta época do ano. Mas as mortes diárias têm estado acima do que se verificava no ano passado depois do pico de mortes de janeiro e fevereiro. O levantamento das restrições, a descida de temperaturas e menor exposição ao vírus da gripe são algumas das razões apontadas para o regresso de uma epidemia gripal com a primavera à porta, tendência que se verifica no resto da Europa, onde tem havido também um recrudescimento da covid-19.

Segundo o balanço do INSA, nas últimas semanas houve 8 casos de doentes com gripe a precisar de cuidados intensivos – numa época normal de gripe, o número de doentes internados em UCI com gripe ronda 150 a 200. Por outro lado, o balanço da DGS sobre a covid-19, que agora é semanal, revelou que os internamentos de doentes infetados com o SARS-COV-2 têm baixado, com 66 doentes em UCI. A mortalidade associada à covid-19 também, com 123 mortes na última semana, menos 39 do que na anterior, agora perto do patamar definido pelo Governo para o levantamento de medidas ainda em vigor – o que implicará haver menos de 200 mortes por covid-19 num período de 14 dias. A maior pressão sente-se nas urgências dos hospitais, nos últimos dias com mais de 20 mil atendimentos diários, o momento de maior procura desde março de 2020, revela a monitorização consultada pelo SOL. A afluência está agora ao nível dos invernos antes da covid-19. As poeiras no ar trouxeram esta semana novos alertas de saúde. O SOL procurou um balanço de atendimentos no SNS24 mas não teve resposta.