Resolvido o atraso trazido pela ‘confusão’ dos votos dos eleitores do círculo da Europa, nas eleições legislativas, dão-se agora os últimos passos a caminho da tomada de posse do novo Governo de Portugal, resultante das eleições de 30 de janeiro deste ano, que deram maioria absoluta ao Partido Socialista na Assembleia da República.
Hoje, António Costa entregará a Marcelo Rebelo de Sousa a lista dos ministros que vão formar o próximo Executivo, cuja tomada de posse deverá acontecer na próxima semana. Um Governo mais pequeno – como Costa prometeu – se bem que com cortes maioritariamente nos secretários de Estado.
Este será um Executivo composto, principalmente, como o Nascer do SOL noticiou anteriormente, por ‘seis ases’ socialistas, sendo eles Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina, Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, José Luís Carneiro e Duarte Cordeiro.
Premiados
O novo Governo terá caras conhecidas e caras novas, muitas delas chegando após anos de fiel trabalho ao serviço do PS. No topo da lista está Ana Catarina Mendes, que será ministra dos Assuntos Parlamentares e, em simultâneo, responsável pela coordenação política do Governo com a bancada e o partido. Já José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, deverá ocupar a pasta da Administração Interna, depois de ter sido braço direito de António Costa no partido ao longo dos últimos anos de governação, e Duarte Cordeiro, o diretor da campanha socialista que culminou com a conquista da maioria absoluta no Parlamento, em janeiro deste ano – passará a deter a pasta do Ambiente. Por sua vez, numa ação que foi considerada por alguns como ‘precipitada’, António Costa deverá nomear Fernando Medina, antigo presidente da Câmara de Lisboa, que saiu surpreendentemente derrotado nas eleições autárquicas de 2021, para ministro das Finanças, uma pasta fulcral para os próximos quatro anos, em que Costa pretende colocar como uma das suas principais bandeiras a luta por fazer Portugal crescer, economicamente, a um ritmo superior ao da média da União Europeia.
Hierarquia vertical
Neste novo Governo, e fazendo proveito da maioria absoluta conquistada, António Costa construiu um Executivo baseado numa ‘hierarquia vertical’, com Mariana Vieira da Silva, ministra do Estado e da Presidência, a servir como ‘número dois’. Falou-se ainda da possibilidade de Vieira da Silva ser mesmo nomeada, oficialmente, vice-primeira-ministra, mas essa é uma opção que não foi ainda confirmada. A ministra deverá, no entanto, servir como ‘braço direito’ de Costa ao longo da legislatura.
Polémica
Nas últimas semanas, com a invasão russa da Ucrânia, muito se tem falado sobre se António Costa irá, ou não, mexer nas pastas da Defesa e dos Negócios Estrangeiros. João Gomes Cravinho tem sido o representante de Portugal junto da NATO ao longo dos últimos anos, e algumas vozes criticaram a ideia de afastar o ministro em pleno momento de alta tensão internacional. Costa chegou a ponderar a retirada de Cravinho do Governo mas, conforme o Nascer do SOL avançou e o i confirmou, o ministro deverá ficar. Não será, no entanto, na Defesa que Cravinho ficará – já que seria uma clara afronta a Belém e a Marcelo Rebelo de Sousa –, passando a ocupar o lugar máximo no Ministério dos Negócios Estrangeiros (onde já foi secretário de Estado).
Mas, como não há uma ação sem uma reação, e como não se pode ceder só para um lado, António Costa manterá a sua aposta de avançar com Augusto Santos Silva como candidato socialista à presidência da mesa da Assembleia da República.
Para a Defesa, por sua vez, não se sabe ainda quem será a figura a ocupar esta pasta. Sabe o i, no entanto, que – tal como para a Justiça e para a Agricultura –, Costa tem reservadas surpresas e aposta numa personalidade destacada e com pergaminhos no setor.
De fora do Executivo ficará Pedro Siza Vieira, o ainda ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, conforme o Nascer do SOL noticiou a 19 de março deste ano, que deverá ser substituído por António Costa e Silva.
Já Marta Temido deverá continuar na Saúde e Ana Mendes Godinho na Segurança Social e Trabalho.
Em termos de ‘promoções’, o atual secretário de Estado João Costa deve ser promovido a ministro da Educação e o também secretário de Estado André Moz Caldas a ministro da Cultura.