O programa virado para um futuro que não é o imediato”, sendo feito com um “horizonte mais vasto”. A garantia foi dada pelo Presidente da República. “Como é que um programa feito para quatro anos e meio — não é feito para amanhã, nem para hoje — não é um programa de medidas de urgência ou de emergência. Não é. É um programa feito com um horizonte mais vasto”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
“Nesse sentido, corresponde ao programa eleitoral apresentado pelo partido que exerce funções de Governo, mas é um programa virado para um futuro que não é o imediato”, reforçou.
Com exceção do PS ao garantir que o documento “mantém as promessas eleitorais”, algo que considera ser positivo para a credibilidade do Executivo, uma vez que, segundo Porfírio Silva, “as pessoas e o país não são uma abstração. Melhorar a vida dos portugueses é uma prioridade”, os restantes partidos políticos já deram cartão vermelho às linhas gerais.
De acordo com o PSD, o país continua “sem espírito reformista para resolver os problemas estruturais do país”, o que, na leitura dos “laranjas” irá dificultar que Portugal “se aproxime do pelotão da frente” da Europa. “A repetir aquilo que se fez dificilmente teremos resultados diferentes”, apontou Duarte Pacheco. Ainda assim, o partido vê com bons olhos “a necessidade de reforçar os serviços públicos”, dado que nos últimos anos ” houve uma degradação dos serviços públicos”.
Também o líder parlamentar do Bloco de Esquerda considerou que o programa “não responde à realidade que o país está a enfrentar”, nomeadamente no que diz respeito à mitigação dos efeitos dos aumentos de preços em diversos setores. Pedro Filipe Soares referiu ainda que “o documento não fala sobre como proteger salários das pessoas e fica a faltar a tal atualização que o Governo disse que iria apresentar”.
Uma opinião partilhada pela líder parlamentar do PCP, Paula Santos, referindo que o documento “opta pelas mesmas ideias políticas que teve até aqui”, algo que, considera, “não responde aos problemas das pessoas e do país”. E acrescentou: “Para o PCP, aquilo que se exige é a política alternativa ao que tem sido feito até agora”, disse a responsável comunista. “Há medidas, como aumentar o poder de compra dos reformados, que não estão no programa de Governo e que deviam ser o foco, para melhorar a condição de vida dos portugueses”.
O mesmo discurso foi feito por João Cotrim Figueiredo. “As propostas apresentadas não fazem sentido. Só mostram que o Governo não faz ideia de como meter o país a crescer”, referiu o líder do Iniciativa Liberal.
Já para o líder do Chega, “o programa de Governo não tem uma palavra sobre corrupção e o aumento das penas. Mas, esperemos, pode ser que perceba que é necessário aumentar as penas e o combate à corrupção”. Ventura deixou ainda promessas de “oposição forte” quando o programa for apresentado e for debatido na Assembleia da República.
A líder – e agora deputada única – do PAN também teceu críticas ao garantir que este programa representa um “mau sinal” para o começo do mandato de maioria absoluta do novo Executivo. Inês Sousa Real lamentou também o facto de o Governo não ter ouvido as diferentes forças políticas aquando da elaboração do programa, dizendo não compreender o porquê do documento ser tão colado ao programa eleitoral do PS, uma vez que o país não se encontra nas “mesmas circunstâncias da campanha eleitoral”.
Também Rui Tavares garantiu que “o programa de Governo é em 95% o programa eleitoral do PS”. E foi mais longe: “O mundo mudou de 30 de janeiro até 1 de abril e foi como se nada não tivesse acontecido. Há medidas que deviam ter sido incluídas neste programa”, disse o deputado, explicando que o Livre apresentou “a proposta dos três C: casa, conforto e clima”, áreas que considera essenciais para o país atual.
Além disso, disse ainda que as propostas “do ponto de vista verde” são “pouco ambiciosas”, e atirando um exemplo: “Não nos podemos esquecer que este Governo não reserva uma única palavra para a proteção e bem-estar animal”.