O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, persistiu na ideia do mundo se preparar para a eventual utilização de armas nucleares pela Rússia, afirmou numa entrevista concedida no sábado a vários órgãos de comunicação social ucranianos.
"Não devemos esperar pelo momento em que a Rússia decida utilizar as suas armas nucleares. Devemos preparar-nos para isso", apontou Zelensky na entrevista transmitida por seis sites de informação ucranianos, assim como pela Presidência ucraniana na plataforma digital Telegram.
"Os russos podem usar qualquer arma, estou convencido disso", frisou, ao notar que a Ucrânia tenta arranjar “medicamentos [contra a radiação] e abrigos antiaéreos", ao mesmo tempo que está em conversações com os russos, “assinar tratados, impor-lhes sanções económicas severas".
Na passada sexta-feira, o líder ucraniano disse que o “mundo inteiro” deveria estar “preocupado” com o risco de o Presidente russo, Vladimir Putin, para salvar a face após os reveses militares na Ucrânia, recorrer a uma arma nuclear tática.
"Não só eu, mas penso que o mundo inteiro, todos os países devem estar preocupados", disse à estação televisiva norte-americana CNN.
As suas declarações perpetuaram desta forma as afirmações sobre o assuntos feitas pelo diretor da CIA (agência de serviços secretos externos norte-americanos), William Burns, que assinalou, na véspera, ser preciso "não encarar de ânimo leve" uma tal ameaça.
"Não encontrámos realmente sinais concretos, como destacamentos ou medidas militares que possam agravar as nossas preocupações", avisou, no entanto, o dirigente.
Após o dia 24 de fevereiro, que marca o início da invasão russa da Ucrânia, o Kremlin indicou brevemente a colocação em alerta das suas forças de dissuasão nuclear.
Segundo disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à CNN, Moscovo só irá utilizar armas nucleares na Ucrânia em caso de “ameaça existencial” à Rússia.
De acordo com a prestigiada publicação Boletim dos Cientistas Atómicos, a Rússia está equipada com "1.588 ogivas nucleares russas a postos", 812 das quais em mísseis posicionados em terra, 576 em submarinos e 200 em aviões bombardeiros.