Numa visita à capital ucraniana, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, frisou que a União Europeia (UE) vai fazer “tudo o que for possível” para que a Ucrânia “ganhe a guerra contra a Rússia”.
"Não estão sós, estamos convosco e faremos tudo o que nos for possível para vos apoiar e fazer com que a Ucrânia ganhe a guerra", declarou Charles Michel numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Michel, naquela que foi a sua primeira visita a Kiev, também fez questão de notar que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, “não conseguirá dividir” a UE.
"Não conseguirá nem destruir a soberania da Ucrânia, nem dividir a União Europeia", sublinhou o presidente, ao salientar a capacidade dos 27 Estados-membros para “tomar decisões em conjunto, por unanimidade”, nomeadamente sobre as sanções contra a Rússia.
Já Zelensky, na mesma conferência de imprensa, frisou que a adesão da Ucrânia à UE “é uma prioridade”, ao passo que ainda reiterou a disponibilidade para dialogar “até ao fim da guerra” com a Rússia.
"É uma prioridade para o nosso Estado, para a potência do nosso povo", afirmou Zelensky, que ainda revelou que esteve durante duas horas a falar com Michel sobre as áreas em que a UE pode ajudar a Ucrânia, reforçando a importância de pressionar “ao máximo” a Rússia com as sanções, de forma a "fazer todo o possível para privar a Rússia das possibilidades de financiar a guerra".
Ainda que se mostre “agradecido” pelo quinto pacote de sanções comunitárias a Moscovo – nomeadamente o embargo ao carvão russo -, o líder ucraniano disse que “de momento não são suficientes para deter o financiamento desta guerra" e pediu que "sejam elaboradas com mais detalhes e complementadas".
Posto isto, Zelensky afirmou, mais uma vez, que gostaria de ver aplicado um "embargo energético total" da UE à Rússia e que o petróleo "deve fazer parte" do próximo pacote de sanções comunitárias, dado que sem esta proibição de importações "o pacote estará vazio e não será suficientemente potente".
O chefe de Estado ucraniano também solicitou que todos os bancos russos sejam retirados do sistema SWIFT, ao referir que quer que "cada funcionário russo e suas famílias sintam na pele a ação das sanções e as consequências do seu apoio pessoal à guerra".
Já quanto ao diálogo com a Rússia, Zelensky disse que a Ucrânia está aberta “a qualquer formato de diálogo”.
“Quer eu goste ou não, estou pronto para falar. Estive nos últimos três anos e continuo pronto, até ao fim da guerra, para dialogar com a Federação Russa e o seu Presidente", assinalou o Presidente ucraniano.
Estas afirmações de Zelensky surgem depois de o chefe da diplomacia russia, Sergei Lavrov, ter dito, numa conversa telefónica com o seu homólogo turco, Mevlüt Cavusoglu, que os resultados das conversações de paz dependem da vontade de Kiev de considerar as exigências de Moscovo.
"No que diz respeito às perspetivas do processo de negociação russo-ucraniano, confirma-se a posição imutável da Rússia: os resultados das conversações dependerão inteiramente da vontade de Kyiv de ter em conta as nossas legítimas exigências", afirmou o ministro, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
Esta declaração do ministro do Negócios Estrangeiros russo acontece após a Rússia ter entregado à Ucrânia, em 15 de abril, a sua contraproposta ao projeto de acordo recentemente apresentado por Kiev a Moscovo sobre as garantias de segurança, uma das quais a exigência de não aderir à NATO.