O mundial de MotoGP volta a Portugal para a quinta prova de um longo campeonato (21 corridas), onde participam 24 pilotos de 12 equipas e seis fabricantes (Honda, KTM, Ducati, Yamaha, Suzuki e Aprilia). A tremenda evolução no Campeonato do Mundo de Motociclismo criou máquinas diabólicas com 265 cv, 157 kg de peso e capazes de ultrapassar os 360 km/h. Johann Zarco (Ducati) é o piloto mais rápido na história do MotoGP ao atingir 362,4 km/h nos treinos livros do Grande Prémio de Qatar em 2021. Foi a primeira vez que uma moto de competição superou os 360 km/h, mas muito longe do recorde do mundo de velocidade em moto obtido, em 2010, por Rocky Robinson com o Ack Attack Streamliner (1000 cv) que alcançou 605,697 km/h!
Tecnologia europeia na frente. As equipas de fábrica trabalharam intensamente no desenvolvimento das motos para 2022 com o objetivo de conquistar o trono no MotoGP que pertence à Ducati. As primeiras quatro corridas foram excitantes e tiveram vencedores diferentes, com a particularidade de Bastianini e Aleix Espargaro triunfarem pela primeira vez, e tudo indica que vamos assistir à melhor temporada de sempre.
O equilíbrio fica bem patente no facto de haver 20 pilotos no mesmo segundo da pole position, bem diferente do que acontece na F1, onde cabem apenas oito pilotos no mesmo segundo da pole. Entre os construtores, a Aprilia venceu pela primeira vez, ao invés das marcas japonesas – as mais poderosas e vitoriosas no MotoGP – que ainda não ganharam este ano, mas uma coisa é certa, as motos estão a um nível de excelência extremo.
São máquinas carregadas de tecnologia, entre 40 a 50 sensores avaliam vários parâmetros ao longo da corrida, assim como a pressão dos pneus ou a velocidade de rotação da roda dianteira e traseira. Cada piloto troca de mudança entre 500 a 800 vezes durante a corrida e passa 30 por cento do tempo da prova a travar. O ângulo máximo de inclinação em corrida pertence a Marc Márquez, que fez história na curva 3 de Sachsenring, com uma inclinação de 66 graus.
Miguel Oliveira deu uma lição de pilotagem no Grande Prémio da Indonésia, mas nas duas provas seguintes teve dificuldades com a afinação da KTM. “Tudo está relacionado com o homem e a máquina” disse o piloto português, que sabe que é fundamental que a máquina não falhe para andar na frente. “Agora vamos para uma pista onde já fomos competitivos no passado e onde sabemos que podemos ser novamente competitivos. Vamos cheios de motivação para este fim de semana”.
Após um início de campeonato dececionante, o campeão do Mundo Fabio Quartararo espera regressar aos bons resultados. “Portimão é uma excelente pista, mas não é o melhor para nós, o chassi da Yamaha não é superior ao das outras marcas e temos um motor muito inferior. O resultado vai depender de muitas coisas, no ano passado fiquei retido atrás das Ducati e não as consegui ultrapassar. Quem conseguir sair na frente ou rodar no top três consegue um bom resultado”.
Enea Bastianini (Ducati) chega a Portimão na frente do campeonato e extremamente motivado “a pista é bonita, muito técnica e com muitas mudanças de elevação. Estamos de excelente humor após o fim de semana em Austin, onde conseguimos ser competitivos desde o início e a vitória foi a cereja no topo do bolo. Temos de nos manter concentrados e continuar a trabalhar em equipa, tal como temos feito desde o início, e divertimo-nos”.
Três milhões por uma moto! O orçamento de uma equipa de fábrica, com duas motos, pode chegar aos 80 milhões de euros, valor que inclui os custos de pesquisa, conceção e desenvolvimento. Para começo, podemos dizer que cada moto vale mais de três milhões de euros. Só o motor custa mais de 250 mil euros, o conjunto de sensores, cablagem e painéis vale 100 mil euros e a sofisticada caixa de velocidade Seamless ultrapassa os 650 mil euros.
O sistema eletrónico ronda 100 mil euros, o kit de travagem fornecido pela Brembo (composto por três pinças dianteiras, três bombas radiais, dez discos de carbono e 28 pastilhas de travão) está fixado em 80 mil euros. Cada jante em magnésio custa quatro mil euros. Depois, há as despesas adicionais com as inevitáveis quedas. O simples deslizar pelo asfalto pode custar 20 mil euros, uma queda dura pode provocar um estrago de 100 mil euros e um impacto forte ou quando a moto dá várias cambalhotas pode custar até meio milhão de euros! A grandeza dos custos é proporcional à vertigem da velocidade.
Nas contas do MotoGP há ainda lugar para o ordenado dos pilotos. Os oito títulos mundiais e a diferença de andamento de Marc Márquez para os restantes pilotos justifica o ordenado de superestrela de 15 milhões de euros por época – a César o que é de César. O campeão do Mundo em título Fabio Quartararo fica-se pelos quatro milhões de euros. A KTM não revela quanto paga aos seus quatro pilotos, mas sabe-se que divide 3,6 milhões por cada um, Miguel Oliveira deverá auferir perto de 1 milhão de euros por ano.
Fatos com airbag Quando se anda a mais de 350 km/h a poucos centímetros do chão, a segurança é levada muito a sério. Os fatos de competição dos pilotos do MotoGP estão equipados com um avançado airbag de proteção do tronco. O sistema inclui vários sensores e é comandado por três giroscópios e três acelerómetros que “conversam” uns com outros cerca de mil vezes por segundo (!).
Quando detetam um movimento anormal entram em ação até encher totalmente em 45 milésimos de segundo e antes de o piloto tocar o asfalto. Um fato de competição é composto por 13 peças de couro de canguru ou de pele de bovino, é feito à mão (demora mais de sete horas e meia) e custa quatro mil euros. Proteções e tecido devem-se encaixar na perfeição não só para dar o máximo conforto para o piloto, mas também a máxima proteção.