O grupo parlamentar do PSD esteve ontem reunido e decidiu votar contra a proposta socialista de Orçamento do Estado para 2022. “Não houve um único voto” a favor da proposta orçamental, revelou Rui Rio no final. O documento, acusou o líder social-democrata, falha em especial no estímulo ao crescimento económico. Nas declarações aos jornalistas, Rio acusou ainda o Governo de “quebrar promessas eleitorais”, principalmente no que diz respeito ao aumento dos salários, argumentando o líder social-democrata que estes, afinal, graças ao aumento da inflação, vão ter “um corte real”.
“Na prática, em termos reais, ao fim de um ano, de 14 meses, é como se perdessem meio salário, é como se lhes cortassem meio subsídio de Natal. O termo que o PS utiliza para isto é austeridade”, disparou Rui Rio, apontando também o dedo ao Orçamento por se basear numa taxa de inflação que não é ‘realista’. “Este orçamento fala em 4% de inflação e eu estou convencido que vai ser impossível, porque na zona euro já ultrapassou os 7% e, portanto, nós teremos uma taxa de inflação superior”, concluiu.
conselho de estado Também ontem os sociais-democratas anunciaram que as suas apostas para o Conselho de Estado vão recair sobre Francisco Pinto Balsemão, militante número um do PSD, e o antigo ministro das Finanças Miguel Cadilhe.
O anúncio foi feito pelo próprio Rui Rio, que não fará mais parte do órgão de aconselhamento do Presidente da República. “Eu era o único que tinha condições para o PSD me propor e, depois, eu demitir-me e permitir que o meu sucessor pudesse estar no Conselho de Estado era uma hipótese que eu não descartava e admitia fazer”, disse, quando questionado sobre se o seu nome chegou a estar em cima da mesa.
“A partir do momento em que desataram a sair notícias a dizer que eu não tinha o direito que propusessem o meu nome, ficou completamente impossibilitada essa ajuda que pudesse eventualmente dar ao meu sucessor. Não posso indicar alguém e dizer ‘vá lá 3 ou 4 meses’, o único que podia fazer isso era eu”, continuou, lamentando que essa hipótese tenha sido “inviabilizada logo de entrada”.
Sobre as razões que levaram à escolha de Balsemão e Cadilhe, Rio não hesitou: “A tradição é nomear pessoas experientes, seja do ponto de vista político, académico e profissional.”
Aos dois nomes do PSD juntar-se-ão três nomeados pelo PS, que vão a votos no Parlamento em 29 de abril, sendo necessário obter dois terços dos votos para aprovação.
Atualmente, os conselheiros eleitos pela Assembleia da República são Carlos César, Francisco Louçã e Domingos Abrantes, por indicação do PS, e Francisco Pinto Balsemão e Rui Rio, indicados pelo PSD.