Remodelação-relâmpago ou ‘rebuçados’ para César

A remodelação forçada (por motivo de doença) da secretária de Estado da Migrações permitiu ao PM reequlibrar as relações com Carlos César.

António Costa aproveitou a remodelação forçada da secretária de Estado das Migrações para sarar feridas abertas pelas suas escolhas na formação do seu novo Governo – saído das eleições legislativas de janeiro em que o PS obteve maioria absoluta – e restabelecer relações com o presidente do partido e seu parceiro de sempre, Carlos César.

A demissão de Sara Guerreiro foi justificada oficialmente com uma doença grave. E foi imediatamente aceite pelo primeiro-ministro, que indicou o nome da açoriana Isabel Rodrigues como sua substituta.

Marcelo Rebelo de Sousa também não perdeu tempo a dar o seu assentimento à substituição e à tomada de posse da nova secretária de Estado das Migrações, sobretudo atendendo ao facto de estarmos em plena guerra no Leste da Europa e de uma crise de refugiados que tem envolvido polémicas como a da receção de ucranianos na Câmara de Setúbal por russos pró-Putin que já estavam referenciados e eram seguidos pelas Secretas portuguesas. Sara Guerreiro estaria, aliás, a par do assunto há já várias semanas.

 

Faial com um deputado

Ao escolher Isabel Rodrigues, António Costa resolveu vários problemas que resultaram da formação do seu novo Executivo.

Por um lado, permitiu-lhe ‘restabelecer’ a quota dos Açores no Governo (já que não reconduzira o único ministro açoriano do seu anterior Governo, Ricardo Serrão Santos, a quem entregara a pasta do Mar em 2019) e também a ‘paridade’ com a Madeira (já que escolhera para novo secretário de Estado das Comunidades o ex-líder do PS-Madeira, Paulo Cafôfo).

Por outro lado, e sobretudo, a chamada ao Governo da número três pela lista do PS-Açores nas legislativas de janeiro – última eleita deputada – permitiu a entrada no Parlamento do candidato imediatamente seguinte, indicado pelo partido em quarto lugar, João Azevedo e Castro.

Isabel Rodrigues é de S. Miguel e Azevedo e Castro um conhecido discípulo de Carlos César do Faial.

Desta forma, António Costa não só foi ao encontro do seu amigo César com a chamada de uma açoriana para o Executivo da Nação, como lhe deu ainda o ‘rebuçado’ de abrir vaga de deputado para o seu ‘protegido’ Azevedo e Castro.

A lista do PS-Açores foi encabeçada por Francisco César (de S. Miguel e filho do antigo presidente do Governo Regional) e teve como número dois Sérgio Ávila (da Terceira).