Uma vitória da cabeça aos pés: cabeça de Carlo Ancelotti, mãos de Thibaut Courtois e pé de Vinícius Júnior. Assim foi conquistada a 14.ª Liga dos Campeões pelo Real Madrid, que consolidou ainda mais o estatuto de dono e senhor da prova maior da UEFA.
“Nem consigo acreditar! Foi um jogo muito difícil, sofremos bastante na primeira parte, mas no final, tendo em conta também o nosso trajeto na prova, penso que merecemos conquistar esta competição. O Real Madrid é um clube fantástico, a equipa tem muita qualidade e força mental”. Foram estas as primeiras palavras do treinador italiano, de 62 anos, após a vitória (1-0) dos merengues sobre o Liverpool. Ancelotti acabava também por fazer a sua própria história ao anexar ao currículo o seu quarto triunfo na Champions enquanto treinador – juntou a mais recente conquista à de 2014, quando levou o Real Madrid à conquista da “La Décima”, isto depois de já ter levantado o troféu em 2003 e 2007 (nas duas ocasiões pelo Milan). Ancelotti isolou-se oficialmente no topo do ranking dos treinadores que levantaram mais vezes a ‘orelhuda’, deixando para trás o francês Zinedine Zidane (2016, 2017 e 2018, também pelo Real Madrid) e o inglês Bob Paisley (1977, 1978 e 1981, pelo Liverpool).
Para atingir este feito, o treinador italiano contou com duas ajudas preciosas, no Stade de France, em Paris.
Vinícius Júnior, avançado brasileiro, de 21 anos, apontou o único golo da final depois de decorrida uma hora de jogo e Courtois foi o grande responsável por defender esta vantagem. Literalmente. O guarda-redes belga fez 9 defesas e terminou ainda o encontro com o prémio de homem do jogo, atribuído pela UEFA.
“Em Inglaterra [jogou pelo Chelsea] não tenho o respeito que mereço e hoje mostrei a minha qualidade. Queria colocar respeito no meu nome”, admitiu, após vencer a primeira Liga dos Campeões da carreira. “É incrível, tantos anos, tanto trabalho. Vim para o clube da minha vida. Hoje mostrámos quem é o rei da Europa. Ninguém me poderia tirar este desejo de ganhar a Liga dos Campeões”, confessou. Mas Courtois não só ganhou, como se tornou o rosto principal desta 14.ª vitória na Liga dos Campeões. “Confiem em mim, não consigo acreditar naquilo que o Courtois fez esta noite. Inacreditável”, confidenciava Ancelotti.
Também os principais jornais desportivos espanhóis fizeram uma vénia ao belga. “Courtois, com nove defesas, herói indiscutível da final”, pode ler-se no desportivo Marca. Já o Sport escreveu: “A Champions de Courtois”, com destaque fotográfico para a defesa do guarda-redes ao remate de Salah; enquanto o Mundo Deportivo seguiu a mesma linha: “Courtois garante Champions”, com a imagem do belga a exibir a taça da Champions.
Percurso e vencedores Antes de bater o Liverpool na final, o Real Madrid eliminou, recorde-se, o Manchester City nas meias-finais, após vitória por 6-5 no conjunto das duas mãos. Já nos quartos-de-final a equipa espanhola tinha eliminado o Chelsea (5-4) e nos oitavos o PSG (3-2). Na fase de grupos, os merengues terminaram o Grupo D na primeira posição, com um total de 15 pontos (em 18 disponíveis), à frente do Inter (2.º), Sheriff e Shakhtar Donetsk, terceiro e quarto classificados, respetivamente.
No ranking dos vencedores, o Real Madrid passou agora a somar o dobro dos troféus em relação ao segundo lugar, ocupado pelo Milan, com sete, mais um do que Liverpool e Bayern Munique.
O Real Madrid fecha a época da melhor forma, juntando a 14.ª Champions da história do clube à vitória do 35.º campeonato espanhol, carimbado ainda no fecho do mês de abril.
Mas se os últimos são os primeiros, de notar aquele que foi o grande protagonista desta época na equipa espanhola: Karim Benzema. Se na final do último sábado não conseguiu ir além de um golo anulado, a verdade é que o avançado francês, de 34 anos, foi decisivo nos êxitos alcançados pelos merengues. E se dúvidas ainda existissem, os números falam por si: na Champions foi o melhor marcador, com impressionantes 15 golos, terminando a temporada com um total de 44 golos e 15 assistências em 46 jogos. “Muitos contentes e orgulhosos desta equipa. Ganhámos o campeonato, agora a Liga dos Campeões, somos outra vez os melhores”, referiu. Apontado como um dos favoritos a vencer a próxima Bola de Ouro, o gaulês não quis alongar-se nos comentários: “Oxalá, vamos ver o que acontece”.