O primeiro-ministro disse, esta sexta-feira, que se vai reunir em julho com o novo presidente do PSD, Luís Montenegro, para tratar de assuntos que merecem um ponto final ditado pelos dois maiores partidos do país: localização do novo aeroporto de Lisboa e da alta velocidade ferroviária. Para António Costa, é politicamente mais fácil resolver estes ‘dilemas’ na fase de arranque da nova liderança.
"É uma decisão que para ser estável deve envolver os dois maiores partidos e enquanto as lideranças dos dois maiores partidos também são estáveis, porque a experiência também nos ensina que basta a mudança na liderança de um dos partidos para, mesmo quando o outro aceitou a posição do outro, já não é suficiente", considerou o líder do Governo no final do almoço na Câmara do Comércio Luso Espanhola.
Ou seja, segundo Costa, o acordo terá de ser feito "já no princípio do novo mandato do novo líder da oposição".
O chefe do Executivo também afirmou que a direção do agora ex-líder do PSD, Rui Rio, estava alinhada com a decisão apontada pelo governo de Pedro Passos Coelho, que exigia a realização de uma avaliação ambiental estratégica entre as opções do Montijo e de Alcochete.
No entanto, com as mudanças na liderança, Costa disse que está a aguardar pela posição de Montenegro “para saber se o acordo é Montijo, se é Alcochete, ou qual é o acordo".
Mas decisões à parte, o primeiro-ministro afirmou, com alguma ironia, que conhece “20 boas razões para cada uma das localizações” e também “todas as razões para que nenhuma dessas localizações seja boa”, pelo que, para Costa, “é só decidir".
Assim, Costa estabeleceu o único critério: “Aquilo que a oposição entender é aquilo que fazemos, mas não podemos perder mais tempo relativamente ao novo aeroporto".
Quanto à projeção de linhas de alta velocidade ferroviária, António Costa disse que também terá de ouvir o novo presidente do PSD, o que provocou uma gargalhada na plateia.
"Para o mês que vem, quando tivermos um novo líder da oposição, além do aeroporto, podemos também fixarmo-nos de uma vez por todas sobre o traçado da linha de caminho de ferro", afirmou, acabando por pedir às pessoas da plateia para não se rirem.
"Não riam porque não tem graça, é dramático mesmo. Eu fui oito anos presidente da Câmara de Lisboa e deixei ao meu sucessor duas estantes enormes com estudos sobre aeroportos. Estudos que demonstravam que a Ota é que era; estudos que demonstravam que Rio Frio é que era, que a Alcochete é que era, depois outros que diziam que a Portela era mais do que suficiente e ainda outros sobre Portela mais Alverca, Portela mais Sintra ou Portela mais Montijo", apontou.
Na ótica de António Costa, "há ótimos argumentos para todos, há argumentos contra todos e só falta mesmo uma coisa: Decidir e fazer".
"Depois esperar que nos próximos quatro anos e seis meses se deem os passos irreversíveis", assinalou.