No primeiro ano de vacinação contra a covid-19 terão sido evitadas 19,8 milhões de mortes em 185 países, reduzindo em 63% o que seria a letalidade associada à pandemia. As estimativas foram publicadas na revista Lancet Infectious Diseases por investigadores do Imperial College, em Londres, que analisaram cobertura vacinal e excesso de mortalidade nos diferentes países.
Se a modelação reforça o impacto da vacinação, mostra também o resultado de não terem sido atingidos os objetivos no acesso às vacinas a nível global. Os autores estimam que, se tivesse sido atingida a meta do mecanismo COVAX, de todos os países terem pelo menos 20% da população vacinada, teriam sido evitadas mais 81 750 mortes. Poderiam ter sido salvas mais meio milhão de vidas se o objetivo da OMS de vacinar 40% da população de cada país até ao final de 2021 tivesse sido atingido, dizem ainda. Os países de maior rendimento retiraram o maior benefício, conclui a análise, com 8 milhões de mortes evitadas.
Por cada 10 mil vacinas administradas, estimam, foram evitadas 46 mortes. Na Europa, a vacinação contra a covid-19, no seu primeiro ano, evitou 5,8 milhões de mortes, salvando 52 pessoas de morrer de covid-19 por cada 10 mil vacinas administradas.
No mapa publicado no artigo, a que o i teve acesso antecipado, Portugal surge, como a maior parte do continente europeu e América do Norte, entre os países onde a vacinação teve maior impacto. Para a equipa, o estudo alerta para a necessidade de garantir o acesso à vacinação nos países mais pobres, desproporcionadamente afetados por doenças que outras regiões do globo conseguem mitigar. “Estimamos que uma em cada cinco perdas de vida nos países mais pobres por causa da covid-19 poderia ter sido evitada”, reforçou Oliver Watson, um dos autores.