Terminou o período de carência de 30 dias para Moscovo pagar cerca de 100 milhões de dólares em juros aos detentores de dívida russa, o que pode trazer graves problemas ao país.
A Rússia diz que tem o dinheiro e que está disposta a pagar, mas as sanções constituem um obstáculo aos pagamentos aos credores internacionais.
O Kremlin está determinado em evitar o primeiro default desde 1998, nos conturbados dias finais do regime de Boris Yeltsin, que seria um grande golpe para o prestígio do país. O ministro das Finanças russo já veio dizer que esta situação é “uma farsa”.
As primeiras sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia após a invasão da Ucrânia complicam a situação, uma vez que restringem o acesso do país às redes bancárias internacionais que processavam pagamentos a investidores de todo o mundo.
O Kremlin diz que quer fazer todos os seus pagamentos no prazo, e até agora tem conseguido, uma vez que possui stocks de divisas acumulados graças às vastas receitas de petróleo e gás. Mas, como não tem acesso aos instrumentos, o risco de incumprimento é real e, caso se concretize, o processo poderá ser longo. Quando o governo bolchevique recusou pagar os juros da dívida em 1918, deu início a um processo que só chegou ao fim, com o acordo com os credores, oito décadas depois.
“A Rússia está a caminho do default devido às sanções porque invadiu a Ucrânia e está a cometer crimes de guerra . Está inteiramente nas suas mãos determinar o que acontece aqui”, explicou Timothy Ash, estratega de mercados emergentes da BlueBay Asset Management, citado pelo Financial Times.
Mais sanções para piorar O G7, grupo de países que junta Estados Unidos da América, Japão, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França e Itália, vai formalizar na próxima terça-feira novas sanções à Rússia, banindo as importações de ouro russas. “Os Estados Unidos impuseram custos sem precedentes a Putin para privá-lo das receitas de que precisa para financiar a sua guerra contra a Ucrânia. Em conjunto, o G7 irá anunciar que iremos banir a importação de ouro russo, uma exportação de referência que gera dezenas de milhares de milhões de dólares para a Rússia”, escreveu Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, no Twitter.
Também o primeiro-ministro britânico se pronunciou sobre o assunto. “Estas medidas atingirão diretamente os oligarcas russos e irão até ao coração da máquina de guerra de Putin”, apontou Boris Johnson em comunicado.
Segundo o líder britânico, Putin “está a desperdiçar os seus escassos recursos nesta guerra inútil e bárbara. Está a alimentar o seu ego à custa dos povos ucraniano e russo”. Johnson vê assim como imperativo “secar o financiamento do regime” russo.
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