Que balanço faz do turismo em Portugal?
Se me está a falar apenas de 2022, o balanço até ao momento é muito positivo. Estamos claramente a inverter os anos da pandemia. O período da Páscoa já tinha apresentado números de ocupação na ordem dos 80% e nesta época alta estes dados vão até ser superiores. Em média estamos com ocupações hoteleiras que rondam os 90%/100%.
Estava à espera desta forte recuperação?
Sim estava. Já várias vezes o tinha dito publicamente. Que esperava que a retoma seria já em 2022.
É então de prever que Portugal atinja os níveis de 2019?
Pelos níveis de ocupação a que temos assistido desde a Páscoa, e não havendo nada em contrário, acredito que vamos atingir este ano os níveis de 2019.
Chegou a referir que o turismo estava a viver um dos piores momentos da história. Estamos perante um virar de página…
Como já referi, estamos em plena retoma e a virar a página. O turismo vai sem dúvida continuar a ser motor da economia portuguesa.
Devido a este aumento e também à redução de número de trabalhadores e a outros problemas nos aeroportos estrangeiros estamos perante, nos últimos dias, a situações de constrangimento no aeroporto de Lisboa. Estava à espera deste resultado?
Pela realidade a que temos vindo a assistir, não estou nada admirado com o que está infelizmente a acontecer e só espero que não venha a ter grandes impactos este ano. Mas se nada for feito para inverter a situação, é claro que a imagem do país vai ficar afetada e por consequência a atividade turística. Isto só prova a necessidade urgente de um novo aeroporto e que o país não pode mesmo esperar mais tempo.
É de prever que esta situação de constrangimento se mantenha durante o Verão?
Os dados conhecidos apontam para que tal se venha a verificar.
Considera que poderá “manchar” a imagem de Portugal, principalmente de Lisboa?
Infelizmente sim.
E em relação à polémica em torno da localização do aeroporto de Lisboa corremos o risco de ficar neste impasse mais anos?
Espero sinceramente que não e que seja tomada uma decisão o mais rápido possível.
A CTP foi uma das entidades que aplaudiu a decisão anunciada por Pedro Nuno Santos…
A CTP aplaude as decisões que julga serem viáveis. Só não aplaudimos os constantes adiamentos de decisões.
Disse recentemente que cada ano de atraso no aeroporto tem um impacto astronómico…
Sim tem. E em breve a CTP irá revelar um estudo que o comprova.
Também referiu que quem viajar no verão vai sentir o aumento dos preços. A que é que se deve? E qual será o impacto?
O aumento de preços é inevitável. O impacto só mais tarde poderá ser medido.
Em que situação estão as empresas ligadas a este setor depois desta longa fase de pandemia e agora com um cenário de guerra?
As empresas continuam demasiadamente descapitalizadas e com dificuldades em fazer face aos aumentos da energia, dos combustíveis e da inflação. Continua por isso a ser urgente que as medidas de capitalização das empresas saiam do papel e cheguem à economia real.
Outro problema diz respeito à falta de mão-de-obra. Como está o setor? E como pode ser resolvido este problema de contratação?
Este continua a ser um problema que preocupa muito a CTP e que não será resolvido no curto prazo. As empresas estão a fazer os possíveis para amenizar os impactos deste problema. Mas tem de ser encontrada uma solução estratégica e conjuntural numa união de esforços entre as empresas e o poder político.
Uma das denúncias que são feitas pelas empresas do setor é que fazem entrevistas a potenciais trabalhadores que estão inscritos no Centro de Emprego e que recusam a oferta. Está a par desta situação? E se sim como pode ser resolvida?
Não tenho conhecimento específico das situações que refere.
Ainda esta semana, foi anunciado que, no âmbito do PRR, o setor do turismo vai investir mais de 150 milhões em vários projetos. Em que consistem?
A “Agenda Acelerar e Transformar o Turismo’, promovida por um consórcio empresarial e académico, dinamizado conjuntamente pela Confederação do Turismo de Portugal, pelo Turismo de Portugal e pelo NEST – Centro de Inovação do Turismo, foi um dos 51 projetos selecionados por vários peritos nacionais e internacionais no âmbito das Agendas Mobilizadoras para a inovação empresarial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Promovida por um consórcio de 44 entidades, a Agenda prevê um Investimento de 151 milhões de euros num conjunto de projetos de inovação, com particular destaque no plano da digitalização e da transição climática.
Esta verba é suficiente?
É um bom princípio.