Nos últimos dias os incêndios consumiram quase tantos hectares como desde o início do ano. Com o verão quase todo pela frente, é praticamente certo que este ano a área ardida será maior do que a do ano passado, que tinha sido a menor das últimas três décadas. Até 17 de junho tinham ardido em Portugal este ano 10.830 hectares. No sábado, o balanço do Instituto Nacional de Conservação das Florestas era de 12 973 hectares ardidos e ontem era já de 20 295 hectares consumidos pelas chamas em incêndios rurais até domingo, num total de 5522 ocorrências. Em 2021, em todo o ano, houve 8 223 incêndios rurais, menos 54% do que a média nos últimos dez anos, e a área ardida, que totalizou 28 415 hectares (ha) (78% à média no decénio 2010-2020).
Uma análise do i e do Nascer do SOL aos registos do ICNF concluiu que nos últimos 20 anos arderam em Portugal 2.926.617 de hectares, o equivalente sensivelmente a três milhões de campos de futebol. Mais de metade dos incêndios ficaram por investigar e entre as causas apuradas, a negligência foi a mais comum. Em 2021, provocou 43% dos fogos no país.
Os dados, que sistematizam o impacto dos fogo entre 2001 e 2021, revelam que nestas duas décadas Portugal foi fustigado por quase meio milhão de incêndios rurais. O pior ano em termos de número de ocorrências foi 2005, com 41.689 fogos. O número baixou significativamente face ao início da década, mas isso não quer dizer que haja menos área ardida. Em 2017, ano das maiores tragédias de que há registo no país, houve 21.006 incêndios rurais, com 539.921 hectares de área ardida, quando em 2005 mais do dobro dos incêndios tinham consumido menos hectares (346.718). Em área ardida, 2017 foi mesmo o pior ano desta série.