A Ucrânia tem-se visto obrigada a enfrentar o poderio militar russo recorrendo a enxames de drones baratos, semelhantes ao que qualquer um de nós poderia comprar online, alguns deles modificados para carregarem bombas, mas mesmo essa frota improvisada está a esgotar-se, alertou Kiev.
E as finanças públicas ucranianas estão de rastos, sofrendo uma brutal quebra de receitas devido à invasão russa, obrigando até o Governo da Ucrânia até a fazer campanhas de crowdfunding, ou seja, a pedir ao público que contribua para as suas forças armadas comprarem drones.
“O número de que precisamos é imenso”, alertou Yuri Shchygol, o dirigente ucraniano por detrás da campanha que apelidou de “Exército de Drones”, numa conferência de imprensa, esta quarta-feira. Ao contrário do que se viu no início da guerra, quando os drones turcos Bayraktar TB2, que dispararam mísseis guiados por laser, foram essenciais para os ucranianos desbaratarem as enormes colunas de tanques russos que avançavam contra Kiev, as defesas eletrónicas – capazes de cortar as comunicações de drones, fazendo-os despenharem-se ou regressar à sua base – e aéreas do Kremlin são muito mais densas no Donbass, no leste da Ucrânia. Tornando a sua frota de drones menos eficaz.
Daí que Kiev tenha implorado à Ocidente por mais drones capazes de resistir aos mecanismos de interferência eletrónica russa, por exemplo ao recorrer a comunicações por satélite, não por rádio, mais comum em drones caseiros. Aliás, entre a lista de desejos entregue à NATO pelo Governo de Volodymyr Zelensky estão pelo menos mil drones.
Já os operadores dos drones caseiros com que os ucranianos tentam colmatar as suas carências enfrentam um perigo enormes. Estes equipamentos têm alcances muito inferiores ao de drones militares, por vezes menos de dez quilómetros, obrigando operadores a aproximarem-se das linhas inimigas – frequentemente, mal são detetados, dão por si sob uma chuva de artilharia ou mísseis russos.
“Os russos estão numa posição muito melhor porque usam drones de longo alcance”, permitindo-lhes evadir as defesas aéreas ucranianas, admitiu à Associated Press um especialista em reconhecimento aéreo ucraniano, posicionado nos arredores de Bakhmut, uma cidade que têm estado sob ameaça dos invasores, tendo sido em tempos um dos locais por onde passavam os abastecimentos de Severodonetsk e Lysychansk.
No entanto, apesar das forças ucranianas terem dificuldades em abater os drones russos, o arsenal do Kremlin também está a sofrer desgaste, apontam analistas. Daí o anúncio da Casa Branca, esta semana, de que Vladimir Putin está a planear comprar centenas drones iranianos, que têm provas dadas contra as defesas eletrónicas e aéreas sauditas. Entretanto, os russos também combatem com o que arranjam, havendo imagens de invasores a recorrerem a drones improvisados, à semelhança do que fazem os ucranianos.