Foi com danças e canções que as centenas de manifestantes iraquianos, apoiantes do influente clérigo xiita Moqtada al-Sadr, ocuparam o edifício do Parlamento depois de o invadir, durante a noite de quarta-feira, em protesto contra a decisão da aliança Plataforma de Coordenação de nomear um novo primeiro-ministro, pró-iraniano, adiantou fonte oficial.
Face a estas ações dos manifestantes, a polícia recorrer a canhões de água para repelir os manifestantes que derrubaram os blocos de cimento, mas muitos deles conseguiram passar os portões e entrar no Parlamento.
Estas centenas de iranianos protestam a mais recente nomeação de Mohamed al-Sudani que irá ocupar o cargo de primeiro-ministro, uma proposta apresentada pela Plataforma de Coordenação, uma coligação liderada pelos xiitas apoiados pelo Irão.
O primeiro-ministro de transição, Mustafa al-Kadhimi, apelou, entretanto, à calma e à ponderação, pedindo aos manifestantes para abandonarem a área.
Os manifestantes são, na sua maioria, apoiantes de al-Sadr, que recentemente abandonou o processo político iraquiano apesar de ter conquistado a maioria dos assentos parlamentares nas eleições federais de outubro de 2021.
Al-Sudani foi escolhido pelo líder da coligação Estado da Lei e ex-primeiro-ministro Nouri al-Maliki. Antes de al-Sudani poder ser nomeado oficialmente pelo Parlamento, os partidos devem eleger um presidente.
Al-Sadr abandonou as negociações para a formação do governo depois de não ter conseguido reunir deputados suficientes para obter a maioria necessária para eleger o próximo presidente do Iraque. Há nove meses que o Iraque não consegue formar um governo.
“Al-Sudani representa apenas uma desculpa muito conveniente para Muqtada al-Sadr expressar o seu descontentamento com toda a Estrutura de Coordenação e o sistema político no Iraque”, disse o investigador da Harvard Kennedy School, Marsin Alshamary, ao Al Jazeera. “Ele teria feito o mesmo independentemente de que nomeado. Al-Sudani, na verdade, representa uma das figuras menos controversas do Quadro de Coordenação”.
Os manifestantes carregavam retratos de al-Sadr e gritavam palavras de ordem em seu apoio. Os apoiantes do clérigo apenas abandonaram o parlamento e foram para casa depois do próprio lhes pedir através do Twitter, afirmando que a mensagem dos manifestantes tinha sido “recebida”.