Fernando Medina, o ministro das Finanças, afirmou esta quarta-feira lamentar "profundamente" a renúncia de Sérgio Figueiredo ao cargo de consultor no seu Ministério, mas diz compreender "muito bem" as razões que a motivaram.
"Considero que a melhoria da qualidade da decisão através do contacto regular e informado com os principais agentes económicos e sociais do país é uma necessidade específica do Ministério das Finanças, que acrescenta às avaliações já desenvolvidas por outros organismos públicos", diz o ministro, em comunicado enviado às redações.
"Sérgio Figueiredo reúne excelentes condições para desempenhar tais funções. A sua formação em Economia; a experiência de quase três décadas como jornalista e diretor de diversos órgãos de comunicação social, incluindo dois jornais económicos – tendo-se afirmado nessa qualidade como um dos mais destacados analistas nacionais de política económica; e a liderança de cerca de sete anos e meio de uma fundação nacional conferem-lhe experiência e qualificações que o distinguem", pode ler-se no mesmo texto.
"Lamento pois não poder contar com o valioso contributo de Sérgio Figueiredo ao serviço do interesse público", disse ainda o responsável pela pasta das Finanças.
Sérgio Figueiredo, ex-antigo diretor de informação da TVI, renunciou ao cargo de consultor do ministro das Finanças.
"Não há outra forma de o dizer: desisto. Ficou insuportável tanta agressividade e tamanha afronta, tantos insultos e insinuações. Não tolero estes moralistas sem vergonha, analistas sem memória", escreveu Sérgio Figueiredo, num artigo de opinião publicado no jornal de Negócios, justificando a sua decisão. "Vergo-me aos assassínios de caráter, atingido pela manada em fúria, ferido por um linchamento público e impiedoso."
“Para mim chega! Sou a partir deste momento o ex-futuro consultor do ministro das Finanças", pode ler-se no mesmo texto, no qual garante não ter recebido "um cêntimo" ou a formalizar “o contrato que desde a semana passada esperava” pela sua assinatura.
"Assim continuará a ser daqui para a frente e escrevo-o com toda a convicção, não por se tratar especificamente de mim, mas pelo que o meu caso representa: é mais um problema do Estado do que meu", prometeu.
O agora "ex-futuro consultor do ministro das Finanças" assegura que o escrutínio que tem sido sujeito nos últimos dias não foi um entrave, dizendo ser "saudável" e "necessário".
“O que mais me espantou foi ver pessoas de ar respeitável considerarem que a minha contratação foi o acto governativo que mais desqualificou a Função Pública desde a fundação da República!”, confesso. "Ou que a minha contratação ofendia todos os técnicos que trabalham no Estado! Assim, coisas tão definitivas, sem tentarem sequer saber exactamente quais eram as funções que me esperavam."
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Notícia atualizada às 10h44.
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