Pensões. APRe espera aumentos extraordinários entre 2,5% a 3% em setembro

Se não houver aumentos “as pessoas vão viver uma situação dramática”, defende Maria do Rosário Gama.

No passado mês de junho, o primeiro-ministro acenou com um “aumento histórico de pensões” para 2023. Depois em julho, no debate do Estado da Nação, remeteu já para setembro apoios ao rendimento para fazer face à tensão inflacionista. Agora, aposentados, pensionistas e reformados esperam não ficar com as expectativas defraudadas. Esta é também a esperança da APRe – Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados. 

“Temos feito pressão para que haja medidas extraordinárias agora em setembro, porque foram anunciadas. Agora, vamos ver se calha alguma coisa aos pensionistas”, afirma Maria do Rosário Gama, presidente da APRe, em declarações ao i.

Sublinhando que a inflação já é superior a 9%, Maria do Rosário Gama recorda que houve um aumento de apenas 1% para pensões até 886,4 euros, de 0,49% para pensões entre 886,4 euros e 2659,2 euros, e de 0,24% para pensões entre 2659,2 euros e 5318,4 euros, ou seja, gerir os recursos para fazer face ao custo de vida atual tem-se tornado insustentável.

“Com base nisso e no facto de o preço da alimentação ser superior até à inflação consideramos que devem haver medidas extraordinárias em setembro”, defende, acrescentando que é necessário um aumento extraordinário das pensões entre os 2,5% e os 3%. “É o mínimo”, vinca a presidente da associação, alertando que se não houver aumentos “as pessoas vão viver uma situação dramática”.

“Estamos numa situação de preços brutais e, portanto, a vida começa a ser muito complicada se não houver medidas extraordinárias e não pode ser só para as pensões mais baixas, tem de ser para todas”, reitera, elencando que é na alimentação e na habitação que se tem vivido momentos de maior aperto.

“Toda a gente se abastece no supermercado e os preços estão insuportáveis , depois há as questões da renda de casa que também vão aumentar, a energia já aumentou, e o poder de compra caiu muitíssimo. As pessoas realmente têm sentido muitas dificuldades em sobreviver, já nem digo em fazer a vida que faziam”, traça Maria do Rosário Gama.

Na mesma senda, a Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos – MURPI exigiu na segunda-feira ao Governo o aumento extraordinário das pensões e a reposição do poder de compra, lembrando que “com as pensões a minguar a pobreza é cada vez maior”. 

Destacando que o agravamento do custo de vida, impulsionado pela subida constante da inflação, provoca a subida de preços de bens essenciais como produtos energéticos, alimentação, rendas e custos com a saúde, a MURPI considera que a recusa do Governo em aumentar extraordinariamente as pensões a pretexto de não criar a chamada espiral inflacionista “condena milhares de reformados, pensionistas e idosos a viverem com dificuldades acrescidas para se alimentar, contribuindo para a elevação da pobreza entre as pessoas idosas, ao mesmo tempo que se agravam as desigualdades sociais”.

“Não é o aumento de salários e de pensões que faz aumentar a inflação, mas sim o forte aumento dos preços dos combustíveis, da energia e dos bens alimentares, aumentos feitos por via especulativa, aproveitando o pretexto da guerra”, defende a confederação.

Assim, perante este cenário continua a exigir do Governo que “proceda de imediato ao aumento extraordinário de todas as pensões”, lembrando que reformados, pensionistas e idosos “não podem esperar mais tempo e é urgente e necessário a tomada de medidas, no imediato, que travem este brutal aumento de custo de vida que vai tornar o inverno mais penoso e desolador”.

 A título de exemplo, recorda ainda que a taxa de pobreza aumentou com a pandemia, “passando de 15,7% (2019) para 18% em 2020 o que atesta a vulnerabilidade, a pobreza, de milhares de reformados que recebem pensões mínimas”. E vai mais longe nas críticas: “Ao invés deste quadro de penúrias e dificuldades para assegurar condições de vida dignas, vemos engrossar, escandalosamente, os lucros dos cinco maiores bancos com lucros de 1,3 milhões neste semestre e os lucros das sete multinacionais do petróleo a somarem o valor de 117,8 milhões de euros”, denuncia o MURPI.

A confederação tem ainda a decorrer uma petição pública onde apela à Assembleia da República e ao Governo pela reposição do poder de compra das pensões. A iniciativa conta já com mais de 130 assinaturas.