Por Luís Jacques, engenheiro civil
O Presidente Marcelo está enganado. Não foram os partidos do centro-direita, da sua área política, que se afastaram dele. Foi o Presidente Marcelo que apoiou o governo da ‘geringonça’ para ter o apoio dos socialistas na sua recandidatura à Presidência da República, como veio a acontecer, para tentar ter uma percentagem de votantes superior à que obteve o ex-Presidente Mário Soares. Não conseguiu.
A entrevista do Presidente Marcelo à TVI foi uma generalidade de banalidades que só se justifica com a ânsia de ter um índice de popularidade superior ao do ex-Presidente Mário Soares, quando sair da Presidência da República.
Gostava de ter ouvido o que pensa o Presidente Marcelo sobre:
– A contratação de Sérgio Figueiredo para consultor de Fernando Medina no Ministério das Finanças, quando foi ele que contratou Fernando Medina para comentador da TVI;
– O encerramento das urgências, seja de maternidades, pediatria ou gerais;
– O ataque da ministra da Agricultura à CAP por questões políticas. Se a CAP tivesse aconselhado a votar no PS já não havia qualquer problema;
– O despacho do ministro Pedro Nuno Santos, sobre o aeroporto de Lisboa, contrariando a posição do primeiro-ministro António Costa;
– O despacho do primeiro-ministro António Costa sobre a Endesa;
– A revolta das Câmaras Municipais contra o processo de descentralização do governo socialista, em que transfere competências, mas não transfere o correspondente pacote financeiro;
– O combate aos incêndios florestais em que a Liga dos Bombeiros acusa o Governo de falta de coordenação e meios e de falhas no SIRESP. O que foi feito do cadastro das terras, da limpeza da floresta e da prevenção na luta contra os fogos florestais?;
– Os impostos excessivos e extraordinários que os portugueses e as empresas pagam em Portugal em consequência da inflação e da invasão da Rússia à Ucrânia. O Estado vai cobrar vários milhares de milhões de euros de impostos, a mais, que não estão previstos no Orçamento do Estado, em IVA, nos produtos de consumo e energia, e também no imposto sobre os produtos petrolíferos;
– A baixa do IVA. O aumento do IVA, no Governo de José Sócrates, de 20% para 21% e depois de 21% para 23%, penalizou todos os portugueses, mas em particular as pessoas com menores rendimentos;
– Retirar a austeridade que o Governo socialista de José Sócrates aplicou aos portugueses e da que foi necessário aplicar, durante o resgate da troika, para retirar o país da bancarrota socialista. Muitos portugueses ainda pagam mais de IVA e de IRS do que pagavam antes de 2010.
Gostava de saber o que pensa o Presidente Marcelo sobre os casos mais recentes:
– A secretária de estado da Administração Interna Patrícia Gaspar disse que a área ardida deveria ser 30% superior ao que foi, ou seja, ardeu 70% daquilo que era suposto arder;
– A ministra de Estado e da Presidência Mariana Vieira da Silva disse que a Serra da Estrela vai ficar melhor do que era, depois de 12 dias a arder;
– O inquérito da Rede Europeia de Conselhos de Justiça, que contou com as respostas de 15.821 juízes de 27 países, 26% dos 494 magistrados judiciais portugueses inquiridos disseram acreditar que, durante os últimos três anos, houve juízes a aceitar, a título individual, subornos ou a envolverem-se em outras formas de corrupção;
– O primeiro-ministro não se ter pronunciado sobre muitos dos casos e continuar de férias.