Acabaram, ontem, as jornadas parlamentares do Partido Socialista e coube a Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares, fechar a rentrée política dos socialistas, que começou com a Academia Socialista e terminou com as Jornadas Parlamentares, no distrito de Leiria. “A resposta à direita é sempre uma resposta de caridadezinha e empobrecimento”, acusou Ana Catarina Mendes no discurso de encerramento, devolvendo ao PSD as críticas feitas ao Governo, após o anúncio do pacote de apoio às famílias para aliviar o aumento dos preços no valor de 2,4 mil milhões de euros.
As propostas do PSD para combater a inflação – que vão estar em debate e votação esta semana na Assembleia da República – não são solidariedade, acusa a ministra, mas sim “caridade”, considerando que não se pode “olhar dessa forma para a sociedade”.
Ana Catarina Mendes comparou o programa ‘bom’ – o do PS – e o ‘mau’ – o do PSD. Isto, no seu entendimento, claro. O pacote de emergência social dos sociais-democratas, que prevê a criação e distribuição de vouchers para a compra de alimentos, representa, segundo a ministra, um modelo de “assistencialismo” e “caridade”, ao passo que as propostas do PS formam uma resposta “robusta e universal para todos”, até porque “entendemos mesmo que ninguém é dispensável” (ver texto ao lado). Uma referência à célebre frase do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, que garantiu, em tempos, não existirem portugueses dispensáveis.
Brilhante dias crítico Antes do discurso de fecho de Ana Catarina Mendes, falou Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar do PS. As críticas, essas foram no mesmo tom, e dirigidas ao mesmo ‘alvo’: o PSD.
Brilhante Dias foi ao baú das memórias recordar as perdas de rendimentos durante os anos de Governo de Pedro Passos Coelho, entre 2011 e 2015, que, disse, foram “tão ou mais graves” do que a perda de “oportunidades”.
Para o líder parlamentar socialista, as prioridades do PS são, garantiu, as políticas de igualdade, coesão e crescimento, definindo-as como sendo “centrais para o combate aos populismos” e insistindo em que “as políticas de igualdade não são contraditórias com os objetivos de crescimento social”.
As críticas de Brilhante Dias ganharam um tom de ironia, afirmando o líder parlamentar socialista que a direita “acha que tem uma bala de prata”, acusando esta ala partidária de querer “diminuir o IRS aos mais ricos”. “Essa não é a nossa solução”, vaticinou, rematando: “Não nos digam que não estamos a fazer reformas”, passando a listar realidades como a revisão da lei dos estrangeiros, o novo estatuto do Serviço Nacional de Saúde, o trabalho nas ordens profissionais e a proposta de criação de um banco de terras para solos sem proprietário desconhecido, uma sugestão que vai ser debatido em plenário no Parlamento no próximo dia 22, e que, segundo o líder parlamentar do PS, vai “completar a reforma da floresta” apresentada pelo Governo em 2017.
O encerramento das jornadas parlamentar do PS contou ainda com a presença de Walter Chicharro, autarca da Nazaré e presidente da Federação do PS de Leiria e do secretário-geral adjunto do PS, João Torres, bem como com um painel dedicado às vítimas de violência doméstica. Isto porque o combate à mesma é um dos assuntos que os socialistas colocaram como prioridade para esta legislatura. O terceiro e último dia deste evento magno socialista contou ainda com outro painel dedicado a estratégias de crescimento e coesão, onde participaram o investigador João Ferrão e a economista Francisca Guedes de Oliveira.