Iniciativa Liberal pede demissão de Ana Abrunhosa e PS manda apagar gravação

Carlos Guimarães Pinto aborda conflito de interesses de ministra, cujo marido tem empresas que beneficiaram de fundos comunitários, atribuídos por comissões tuteladas por Ana Abrunhosa.

O deputado da Iniciativa Liberal Carlos Guimarães Pinto exigiu, esta quarta-feira, a demissão da ministra da Coesão Territorial na sequência da notícia que dá conta de duas empresas do marido de Ana Abrunhosa terem recebido fundos comunitários no âmbito de uma área tutelada pela governante.

A ministra estava a ser ouvida, a pedido do PSD, acerca da não elaboração de um relatório obrigatório sobre o estado do ordenamento do território, mas a Iniciativa Liberal aproveitou a ocasião para trazer a polémica.

Quem não gostou foi o PS, que chegou a pedir que a intervenção do deputado liberal fosse apagada da gravação.

"A situação até pode ser completamente legal mas o conflito moral é evidente", afirmou Carlos Guimarães Pinto, sublinhando que esta é mais uma "falha ética" a manchar o Governo socialista. "É uma infelicidade que tenhamos que atravessar, de forma permanente, casos como este no Governo", acrescentou.

Assim, para o deputado, a ministra só tem "duas alternativas": ou as empresas do marido devolvem os fundos comunitários que receberam ou Ana Abrunhosa deve demitir-se.

Estava ainda Carlos Guimarães Pinto a falar, quando a deputada socialista Isabel Guerreiro questionou: "Esta interpelação faz parte da ordem de trabalhos?" .

"Esta convocatória está elaborada com dois pontos. Do que eu percebi, eu não posso vir para aqui alegar factos que não têm a ver com a ordem de trabalhos. Não posso falar sobre o café ou o chá que podemos ter tomado ontem à tarde", afirmou, pedindo que a intervenção do deputado liberal fosse "retirada" da gravação e excluída da ata da reunião.

Perante isto, a ministra escusou-se a responder à IL, alegando: "Creio que já respondi a todas as questões que foram colocadas".

A ministra Ana Abrunhosa disse que já tinha respondido a todas as questões colocadas, mas pediu que a gravação fosse mantida na íntegra, por uma questão de transparência. "Porque ganha a democracia", afirmou, acrescentando que se depender dela “nada será apagado”.

Sublinhe-se que em causa está a notícia, avançada pelo Observador, que dá conta de um eventual conflito de interesses da ministra, cujo marido detém participações em duas empresas que receberam mais de 300 mil euros em fundos comunitários, cuja responsabilidade de atribuição recai nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Territorial, tuteladas pelo ministério de Ana Abrunhosa.