António Costa disse estar “perplexo” com as críticas que tem recebido, por parte da oposição, em relação ao novo projeto para o gasoduto que deverá ligar a Península Ibérica a França. “Tínhamos de reinventar este gasoduto se queríamos que viesse a existir”, afirmou o primeiro-ministro, afastando também as críticas de que as interconexões elétricas teriam sido abandonadas. “Os três países vão negociar com a Comissão Europeia qual a fonte de financiamento. Os três países entendem que este projeto é de interesse comum e a melhor demonstração disso é que até países como a Alemanha querem que ele se concretize, assim como o leste da Europa”, declarou.
Em causa estão as declarações do vice-presidente do PSD ao afirmar que há falta de esclarecimento sobre alternativas, prazos e custos. “A troco de quê Portugal cedeu num interesse tão vital como o das interligações elétricas?”, questionou Rangel este fim de semana. “Portugal ficou pior porque caíram os compromissos firmes, calendarizados e financiados desde 2014 para a construção de duas interligações elétricas nos Pirenéus”, considerando que a assinatura deste novo acordo, para Portugal, foi “passar de cavalo para burro”. Já ontem o grupo parlamentar do PSD requereu um debate de urgência sobre o tema acordo de interligações elétricas de energia, e requer a presença do primeiro-ministro português.
Também esta segunda-feira, o líder do Chega considerou que este acordo tripartido “representa um ato de ilusionismo político como poucos” e “apresenta enormes fragilidades” com custos para os portugueses
Investimento em aberto António Costa disse ainda esperar que “haja outra vez uma reclassificação deste sistema de interconexão como sendo de interesse comum, podendo assim ser financiado pela facilidade europeia das interconexões”. E acrescentou: “Se não for, há outros fundos europeus alternativos, desde logo o RePower e o próprio Programa de Recuperação e Resiliência europeu. Há múltiplas formas de assegurar o financiamento”, apontou.
No caso de Portugal, segundo o líder do executivo, o troço terá cerca de 162 quilómetros, tendo um custo estimado pela REN na ordem dos 300 milhões de euros.
“É isso que estamos a preparar-nos para executar. Mas, obviamente, não nos é indiferente a negociação que Espanha e França venham a fazer. Para Portugal, nesta matéria, só chegar a Espanha é logo uma enorme vantagem, porque passamos a servir e a abastecermo-nos num mercado com 60 milhões de pessoas e não apenas de 10 milhões”, salientando que Portugal está interessado nessa negociação da Espanha e França com a Comissão Europeia.
Bruxelas aplaude Apesar das dúvidas e críticas que tem sido alvo no mercado nacional, a Comissão Europeia saudou o acordo entre Portugal, Espanha e França para reforçar interconexões na Península Ibérica através de um novo gasoduto marítimo também apto para hidrogénio ‘verde’, aguardando detalhes para se manifestar sobre eventual financiamento europeu, referindo que Bruxelas está disponível “para apoiar projetos que cumpram os objetivos do [pacote energético] REPowerEU”, reagiu o porta-voz da Comissão Europeia para a área da Energia.
No entanto, lembrou que não é possível “financiar quaisquer projetos de combustíveis fósseis” pois “não são elegíveis para a lista de projetos de interesse comum, mas os projetos de hidrogénio são elegíveis para tal lista”, disse Tim McPhie. E acrescentou :“A Comissão aguarda agora os detalhes deste projeto dado que ainda só se trata de um acordo de princípio que foi anunciado entre os três Estados-membros e que agora estão a trabalhar nos pormenores técnicos”