Depois de, em setembro de 2018, a página de Facebook Football Leaks, que estava inativa há mais de dois anos, ter publicado uma provocação às autoridades: “PJ à minha procura?”, juntamente com a hashtag “catch me if you can” (’Apanha-me se puderes’), esta segunda-feira, Rui Pinto, negou – em mais uma sessão de julgamento – que tenha sido o autor da mesma e ainda acusou esta força de segurança de ter colocado a sua vida em risco.
Tal surge porque diz que a PJ partilhou a sua identidade com o fundo de investimento Doyen, em novembro de 2015, sendo que mencionou diretamente o inspetor-chefe Rogério Bravo, cuja atuação neste caso já foi investigada. “Rogério Bravo fez um negócio com Nélio Lucas em novembro de 2015. Esse negócio pressupunha uma troca de informações: Nélio Lucas entregava o relatório da Marclay [empresa de cibersegurança contratada para investigar a intrusão informática] e a PJ entregava o nome do suspeito – o meu nome. E foi o que aconteceu. No dia 26 de novembro de 2015, a PJ entregou o meu nome a Nélio Lucas, colocando a minha vida em risco”, indicou.
Segundo o hacker, a Doyen ainda hesitou em ceder essa informação às autoridades portuguesas: “A Doyen Capital e a família Efendi, na altura, temiam danos reputacionais caso fosse divulgado publicamente que teriam sido alvo de um acesso ilegítimo. Pesaram os prós e contras e concordaram em entregar essa informação, porque era mais valioso o nome do suspeito. Contrataram pessoas na Hungria para chegarem até mim”, apontou o hacker que responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada, à Doyen.
Recorde-se que, no início deste mês, o hacker mostrava-se arrependido. “Sabendo o que sei hoje, não me voltaria a meter numa coisa destas. Basicamente, a minha vida está de pernas para o ar, a minha família tem sofrido bastante. E o que me custa é o facto de nenhum dos envolvidos nas denúncias dos [Football] Leaks, dos Malta Files, dos Luanda Leaks ter ficado em prisão preventiva”, declarou.
O arguido considerou que, daqui para a frente, o seu “caminho” é “fazer as coisas dentro da legalidade”: “Não posso ser eu a mudar as coisas, não posso mudar o mundo. Têm de ser as autoridades”, com quem dizia estar a trabalhar.