As motos continuam a conquistar os portugueses. De acordo com os últimos da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), só em setembro foram vendidas 3358 unidades novas. Desde o início do ano foram foram matriculados 32 140 veículos novos em Portugal, o que correspondeu a um aumento de 8,6% face a igual período do ano passado.
Por segmentos, no que diz respeito aos ciclomotores (até 49,9cc) tiveram uma variação positiva de 44,6% face ao mês homólogo de 2021, tendo sido o setor que mais cresceu em setembro. Já os motociclos de 125cc registaram, no nono mês do ano, um total de 1751 unidades matriculadas em Portugal, correspondente a um aumento de 14,2% face ao mês homólogo de 2021. Por sua vez, os Motociclos + de 125cc registaram em setembro uma queda de 2,9% face ao mesmo mês de 2021.
Há muitos motivos para optar pelas duas rodas: as motos são mais económicas (custam menos do que um carro e gastam menos combustível), mais rápidas (não se fica preso nas filas de trânsito) e mais práticas (têm facilidade em estacionar). Mas nem tudo são vantagens nesta opção. Um dos principais obstáculos surge no momento da realização do seguro. Pela natureza do risco envolvido, muitas seguradoras põem entraves na subscrição do seguro para motas. Regra geral, só aceitam cobertura de responsabilidade civil, ou seja, apenas sobre danos materiais (no valor de 600 mil euros) e corporais (no valor de 1,2 milhões de euros). É este o mínimo que a lei exige. A verdade é que, na generalidade dos casos, é mais difícil fazer um seguro para moto do que para um carro.
Há ainda outras condicionantes impostas pelas companhias e que acabam por influenciar o preço a pagar. Se, por um lado, a probabilidade de ter um acidente é maior no caso de uma moto, há, por outro lado, vários fatores que ditam o valor a cobrar e que acabam por penalizar o prémio final. Um seguro para uma pessoa de 18 anos será diferente do de um indivíduo com mais de 25 anos. Também a cilindrada e o modelo do motociclo são outros fatores com influência nas companhias de seguros, assim como a zona de residência (ver caixa ao lado).
Mais entraves Mas as dificuldades não ficam por aqui. A grande maioria das seguradoras só aceita fazer um seguro para uma moto se o condutor já for cliente ou se tiver um cadastro limpo. Se isso não acontecer, então essa tarefa pode ser vista quase como uma “missão impossível”.
O certo é que a maioria das companhias não colocam entraves, mas algumas continuam a exigir clientes com cadastro limpo, ou seja, sem acidentes declarados, bem como um pacote com outros seguros.
Outro obstáculo diz muitas vezes respeito à contratação de uma cobertura mais abrangente, como a de danos próprios. Regra geral, é mais fácil para quem tiver uma boa carteira de seguros ou optar por comprar moto através de leasing. Nesse caso, além da responsabilidade civil, as locadoras exigem seguro de danos próprios do veículo. Este cobre os prejuízos causados por choque, colisão, capotamento, incêndio, raio, explosão e furto ou roubo, quando não há um terceiro responsável. Por exemplo, basta perder o equilíbrio e bater num carro parado na rua, causando danos na chapa e na pintura, que a reparação fica por conta da seguradora.
No entanto, no caso de o condutor ter dificuldade em subscrever um seguro para motos não deverá ficar de braços cruzados. Perante essa dificuldade deve reunir as declarações de recusa de três seguradoras e apresentar as mesmas na Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) – antigo Instituto de Seguros de Portugal (ISP) –, que se encarregará de nomear uma.
Além disso, quando estiver a comparar as várias propostas, não se esqueça que deve ter em conta se as mesmas são comparáveis, já que há pacotes que umas seguradoras podem contemplar e outras não. Para comparar diferentes propostas com rigor, deve definir primeiro as coberturas que lhe fazem realmente falta ou se justificam.
Maior segurança Ainda à espera de ver a luz do dia está a obrigatoriedade de fazer inspeção a motas. Um tema que se arrasta desde 2020 e que deveria ter entrado em vigor no início deste ano. Para já estaria limitada aos motociclos, triciclos e quadriciclos com cilindrada superior a 250 cm3. E as regras seriam iguais às dos carros: quatro anos após a data da primeira matrícula e, em seguida, de dois em dois anos, até perfazerem oito anos; a partir daí, a inspeção é feita anualmente.
Uma medida que tem vindo a ser criticada pela Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel (ANCIA), que defende que a legislação deve contemplar todos os outros motociclos, à imagem daquilo que já acontece, por exemplo, nos Açores (desde 1994) e em Espanha (1998), onde motociclos, triciclos e quadriciclos são inspecionados, e com resultado bastante positivo na redução da sinistralidade.
O governo francês aprovou em agosto de 2021 um normativo que impunha as inspeções técnicas obrigatórias às motos a partir de 2023, mas já recuou na decisão.
Saiba como encontrar o melhor seguro
Nem sempre é simples a tarefa de encontrar o melhor produto ao melhor preço. Para evitar surpresas desagradáveis, siga algumas regras.
1 – Evitar comprar marcas que são furtadas com maior frequência
Conseguir fazer um seguro para uma moto é sempre complicado e as seguradoras têm vários critérios em conta. Comprar uma marca que é roubada com frequência é um dos erros a evitar, já que torna mais difícil a tarefa de obter um seguro e, caso o consiga, penaliza o valor a pagar.
2 – Definir muito bem as coberturas a escolher
O seguro obrigatório de responsabilidade civil tem uma apólice uniforme, definida por lei. Desta forma, é comercializado por todas as seguradoras com as mesmas condições e o valor a pagar varia consoante a cilindrada e o capital seguro. É o seguro mais fácil de obter no caso de uma moto, uma vez que a grande maioria das seguradoras colocam alguns entraves às coberturas extra. Contudo, se o desejar, pode sempre tentar contratar um pacote que inclua danos próprios, como choque, incêndio ou roubo. Pode ainda ir mais longe e tentar subscrever mais coberturas por um prémio adicional: fenómenos naturais e vandalismo, assim como a cobertura de ocupantes.
3 – Escolher muito bem a pessoa segura
Existem diferenças de prémio consoante a idade do condutor e os seus anos de carta, tal como acontece no seguro automóvel. Geralmente, o prémio é agravado se tiver menos de 25 anos e carta de condução há menos de dois. Além disso, quanto menos acidentes tiver, melhor, já que este número tanto pode ser valorizado como penalizado pela seguradora.
4 – Comprar uma moto menos potente
Pode ser uma boa solução para quem não está interessado em pagar uma prestação muito elevada. Geralmente, as seguradoras penalizam as motos de maior cilindrada. Isso significa que quanto mais potente for, maior será o prémio a pagar.
5 – A cidade onde mora também pode vir a ditar o preço a pagar
Por regra, Lisboa e Porto são consideradas pelas seguradoras zonas de risco elevado e, por isso, o seguro é mais caro do que, por exemplo, no Alentejo. A verdade é que a definição das zonas geográficas de risco varia conforme as companhias e está relacionada com as estatísticas de sinistralidade.
6 – Concentrar vários seguros na mesma seguradora
O ideal é procurar a melhor seguradora, em termos globais, para que possa ser possível concentrar na mesma companhia todos os seguros que tiver, para ter condições especiais: de habitação, de carro, de moto e de saúde, entre outros. Se já tem um seguro de carro, contacte primeiro a sua seguradora pois, na maior parte das companhias, se não for cliente é ainda mais difícil contratar um seguro de moto.
7 – Pagar de uma só vez
Se conseguir, evite o pagamento semestral, trimestral ou mensal dos prémios, pois isso implica um custo adicional, proporcional ao número de prestações.
8 – O que fazer em caso de recusa
Caso lhe voltem as costas reúna três declarações de recusa e apresente-as à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), antigo Instituto de Seguros de Portugal. Esta tratará de nomear uma companhia para lhe fazer o seguro.