Rui Rocha e Carla Castro na corrida à liderança da Iniciativa Liberal

A deputada liberal está a ganhar mais terreno nas redes internas do partido. Rui Rocha quer adiar eleições para janeiro.

O deputado Rui Rocha, candidato à presidência da Iniciativa Liberal, vai ter concorrência. A vice-presidente da bancada parlamentar da IL, Carla Castro, anunciou que também será candidata a líder do partido nas próximas eleições. “É com todo o gosto e toda a honra e responsabilidade que confirmo que vou ser candidata”, afirmou durante o Fórum TSF, na terça-feira.

Tal como o i já tinha noticiado na terça-feira, Carla Castro estava a ser desafiada por algumas estruturas do partido no sentido de avançar com uma candidatura. E internamente há cada vez mais vozes a acreditar que a vogal da comissão executiva está a ganhar terreno e tem fortes possibilidades de sair vitoriosa nesta corrida à sucessão de João Cotrim Figueiredo.

Admitindo que foi uma “surpresa” a notícia da saída de Cotrim Figueiredo da presidência da IL, a deputada explicou que fez uma “séria ponderação” antes de avançar com uma candidatura, considerando reunir as condições necessárias para “liderar uma lista para uma nova fase de crescimento” do partido.

Sob o mote “Crescimento e mobilidade social”, promete um programa e uma mensagem “muito centrada no crescimento e na mobilidade social”. “A oposição ao imobilismo que nos governa e o combate à desesperança no país fazem-se com soluções concretas. Contamos para isso com um programa concreto com boas respostas aos desafios do país, com política e visão alternativas. É para isso que me candidato”, justificou depois nas redes sociais.

Questionada sobre quais as diferenças que a distinguem de Rui Rocha, que avançou no domingo para esta corrida eleitoral, Carla Castro afirmou que haverá “certamente diferenças quer do ponto de vista da gestão interna do partido quer de prioridades externas”, mas deixou claro que ambos têm “uma matriz de liberalismo político, económico e social”, que não vão abandonar e que tem permitido o “crescimento de sucesso da IL”.

“Não há um aqui um renegar, não há uma rutura, mas há sim uma nova fase”, assegurou, lembrando que “os liberais convivem bem com a concorrência”.

Confrontada ainda sobre o facto de grande parte do grupo parlamentar apoiar a candidatura de Rui Rocha, nomeadamente Cotrim Figueiredo, Bernardo Blanco, Patrícia Gilvaz e Joana Cordeiro, disse estar “totalmente tranquila” até pelo timing do anúncio.

Rodrigo Saraiva, que já assegurou que não será candidato à liderança do partido, remeteu “para mais tarde” um eventual apoio a um dos candidatos. Tal como já tinha avançado o i, o atual líder da bancada liberal estaria em condições de disputar o lugar, mas fontes da ala de oposição interna do partido alegam que Saraiva tem “demasiados telhados de vidro”, desde os tempos em que foi secretário-geral da JSD e vereador da Câmara de Lisboa no tempo de Carmona Rodrigues, para se atravessar nesta corrida.

Entretanto, começam a surgir apoios de outras figuras do partido à sua candidatura. O primeiro presidente do partido, Miguel Ferreira da Silva, declarou o seu apoio, considerando que Carla Castro é a “melhor pessoa para liderar a próxima fase de crescimento e afirmação” dos liberais.

Numa publicação no Facebook, o deputado municipal da IL em Lisboa destacou “o notável trabalho” da liberal enquanto coordenadora do gabinete de estudos do partido, função que abandonou depois de assumir o mandato de deputada para que foi eleita em janeiro, pelo círculo de Lisboa.

“Depois do sucesso dos ‘sprints’ das campanhas, podemos finalmente ter a tranquilidade de voltar à maratona de construir uma nova forma de participação política: mais aberta, mais plural, mais participativa, mais liberal”, escreveu ainda Miguel Ferreira da Silva.

Também Nuno Simões de Melo, que encabeça a lista B candidata ao Conselho Nacional, afirmou em comunicado que vê a candidatura de Carla Castro como “uma lufada de ar fresco” e anunciou que vai encetar um diálogo com a candidata liberal “com vista à construção de uma plataforma de entendimento entre as duas listas” e à “incorporação” das ideias daquela lista no seu programa.

A lista B que se revê no “liberalismo clássico” vê com “bons olhos a pluralidade de ideias dentro do partido”, mas avisa que não se demitirá do processo, “seja através de um acordo com a candidata Carla Castro ou através da apresentação de um terceira via à comissão executiva”, que faça representar o liberalismo clássico.

A VII Convenção Nacional da IL que está prevista realizar-se em dezembro ia apenas eleger os membros do conselho nacional, do conselho de jurisdição e do conselho de fiscalização, antes de ser anunciada a antecipação de eleições para a comissão executiva.

Contudo, Rui Rocha quer propor ao conselho nacional que a convenção seja adiada para janeiro, um mês depois do previsto, para que o tempo não seja uma limitação para quem quiser concorrer à comissão executiva do partido. “A competência para fixar o calendário eleitoral é do conselho nacional e eu respeitarei obviamente a decisão que vier a ser tomada em lugar próprio. Em todo o caso, considero que o partido ganha imenso com o debate democrático e a discussão clara de alternativas”, justificou, em comunicado enviado à Lusa.

O próximo conselho nacional foi convocado para 6 de novembro, em Coimbra, reunião na qual será aprovada a data e o regimento da VII Convenção Nacional da IL.