No primeiro ano desta legislatura, o terceiro Governo de António Costa já se tornou recordista em demissões. Depois da saída do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e dos seus respetivos secretários de Estado, Hugo Mendes e Marina Gonçalves, o Governo acumula agora onze demissões em nove meses. Um número que já ultrapassa as saídas registadas no primeiro ano quer das maiorias absolutas de José Sócrates e de Aníbal Cavaco Silva, quer dos dois Executivos anteriores de António Costa.
Sara abrantes
Sec. de Estado da Igualdade e Migrações
A primeira baixa deste Governo ocorreu a 2 de maio. Cerca de um mês depois de tomar posse, a então secretária de Estado da Igualdade e das Migrações, Sara Abrantes Guerreiro, renunciou ao cargo por motivos de saúde.
A saída aconteceu na mesma altura em que rebentava a polémica com os refugiados ucranianos em Setúbal. A especulação sobre o caso levou mesmo o primeiro-ministro a colocar um ponto final na questão: «As pessoas não deixam de ser seres humanos por serem membros do Governo e, como todos, correm o risco de ter problemas na sua vida pessoal e de saúde».
Sara Abrantes Guerreiro foi substituída por Isabel Almeida Rodrigues, até então deputada do PS, eleita pelo círculo dos Açores.
Marta Temido
Ministra da Saúde
Em pleno verão, quando o Governo levava apenas cinco meses de vida, a crise nas urgências hospitalares de obstetrícia ditou a primeira baixa de peso. A morte de uma grávida foi derradeira para a saída da ministra que ganhou popularidade durante a pandemia.
«Como sempre disse, a primeira responsável pelas coisas que correm bem e mal no Ministério da Saúde era a ministra, e a ministra entendeu que estava criado um ambiente que exigia que houvesse uma responsabilidade pessoal. Entendi que devia ser minha», argumentou Marta Temido na altura.
Manuel Pizarro foi o substituto encontrado para a suceder na pasta da Saúde.
António Lacerda Sales
Sec. de Estado Adjunto e da Saúde
Por arrasto, António Lacerda Sales também cessou funções como secretário de Estado Adjunto e da Saúde, deixando «uma palavra de gratidão e de reconhecimento» a Marta Temido.
Fátima Fonseca
Sec. de Estado Adjunta e da Saúde
Fátima Fonseca teve o mesmo destino e deixou o cargo de secretária de Estado Adjunta e da Saúde, reassumindo o lugar de deputada do PS na Assembleia da República. Ricardo Mestre e Margarida Tavares foram os nomes escolhidos para ocupar os lugares na secretaria de Estado da Saúde deixados vagos por António Lacerda Sales e Fátima Fonseca.
Miguel Alves
Sec. de Estado adjunto do primeiro-ministro
Com apenas dois meses no Executivo, tendo sido a solução encontrada por António Costa para limar as arestas na coordenação política do Governo, a 10 de novembro, Miguel Alves demitiu-se do cargo de secretário de Estado do primeiro-ministro, depois de ter sido acusado pelo Ministério Público pelo crime de prevaricação.
As suspeitas de favorecimentos a empresas de Manuela Couto, mulher do ex-autarca socialista Joaquim Couto, durante o exercício do seu mandato como presidente da Câmara Municipal de Caminha, impossibilitaram a continuação do secretário de Estado no Governo, abrindo caminho para uma mini-remodelação: António Mendonça Mendes substituiu Miguel Alves como braço direito de António Costa, deixando a secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, que foi assumida por Nuno Félix.
João Neves
Sec. de Estado da Economia
A 29 de novembro, o ministro da Economia demitiu o secretário de Estado da Economia, João Neves devido a «divergências de fundo», evidenciando uma rutura com António Costa Silva que vinha a ser deslindada desde a polémica sobre a descida do IRC. O ministro defendeu a redução transversal do imposto sobre as empresas, sendo contrariado publicamente pelos seus secretários de Estado. Pedro Cilínio foi o nome encontrado para ocupar o lugar de João Neves.
Rita Marques
Sec. de Estado do Turismo, Comércio e Serviços
Rita Marques terá sido afastada do cargo de secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços pelo mesmo motivo. Nuno Fazenda de Almeida substituiu-a.
«Penso que é uma renovação natural», declarou o ministro da Economia a propósito das duas saídas.
Alexandra Reis
Sec. de Estado do Tesouro
Menos de um mês depois de ter tomado posse e quatro dias depois de ter rebentado a polémica com a indemnização de meio milhão de euros que recebeu por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da TAP, o ministro das Finanças decidiu demitir Alexandra Reis, até aqui secretária de Estado do Tesouro.
Fernando Medina sustentou que tomou a decisão «no sentido de preservar a autoridade política do Ministério das Finanças num momento particularmente sensível na vida de milhões de portugueses».
Hugo Mendes
Sec. de Estado das Infraestruturas
No seguimento das explicações dadas sobre a saída de Alexandra Reis, sabendo-se agora que a TAP informou o secretário de Estado das Infraestruturas da compensação prevista no acordo que a gestora negociou com a companhia aérea, que não viu qualquer «incompatibilidade», Hugo Mendes apresentou o seu pedido de demissão na madrugada de quinta-feira.
Pedro Nuno Santos
Ministro das Infraestruturas e da Habitação
«Face à perceção pública e ao sentimento coletivo gerados em torno» do caso TAP, Pedro Nuno Santos decidiu «assumir a responsabilidade política» pelo facto de o seu secretário de Estado ter dado o aval ao acordo entre Alexandra Reis e a companhia aérea na sua tutela, apresentando a sua demissão ao primeiro-ministro.
Marina Gonçalves
Sec. de Estado da Habitação
Com a saída de Pedro Nuno Santo do Governo, salta também a secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves, que poderá ser chamada a regressar ao Executivo, já que não está diretamente envolvida no caso TAP.