Alguns dos Papas mais amados ou controversos da História

Dos 266 nomes que já lideraram a Igreja, o i selecionou 10 dos  Papas mais importantes da história. Foram homens de grande influência para o catolicismo e para a sociedade. Ainda assim, nem todos tiveram uma influência muito positiva.

São Pedro

Primeiro papa, de 30 a 67 d.C.

Nasceu Simão Ben Jonas mas a frase, dita por Jesus, “Tu és Kepa (“pedra”, ou mais tarde, Pedro) e sobre essa pedra edificarei minha Igreja”, ditaram a mudança. Era um simples pescador de Cafarnaum e a sua vida mudou quando, segundo o evangelho de São Marcos, um homem aproximou-se pelas margens e o convidou a se tornar seu discípulo. A partir daí, Pedro começou a seguir Jesus e, após a sua morte, saiu daquela localidade a pregar a palavra de Deus por vários países, como a atual Grécia e Turquia, até chegar a Roma, onde fundou a primeira comunidade cristã da cidade. É certo que a liderança de Pedro não seria igual à dos atuais Papas mas a Igreja Católica considera-o o primeiro pelo seu martírio.

Gregório I

Roma, de 590 a 604

Gregório I foi o 64.º Papa da história da Igreja Católica, entre os anos 590 e 604. Nasceu em Roma em 540 e o seu gosto inicial foi virado para a política, tendo chegado a ter um cargo na Câmara de Roma mas mais tarde decidiu seguir a vida religiosa e ingressou num mosteiro por volta de 575. O Papa Pelágio II nomeou-o diácono e enviou-o a Constantinopla como seu representante apostólico. Voltou a Roma seis anos mais tarde e quando Pelágio morreu, foi nomeado seu sucessor, tendo enfrentado vários desafios de corrupção, cheias e escassez de bens essenciais. Deixou um grande legado de obras pela sua inteligência, sabedoria e caridade, como por exemplo, a instituição do celibato, a introdução do Pai Nosso na missa e o tradicional canto gregoriano, que significa oração.

Gregório XI

França, de 1370 a 1378

Gregório XI, foi Papa da Igreja Católica Romana, nascido no Castelo de Maumont, Diocese de Limoges-Fourche, em França e foi o último Papa francês e avignonense, período em que Avignon foi a sede papal (1309-1377). Foi em 1377 que decidiu devolver a corte papal a Roma, apesar dos protestos do Rei francês e da maioria dos cardeais e encerrou assim quase 70 anos de residência papal em Avignon. Diz a história que, durante o seu papado, enfrentou hostilidades de todo o tipo, como crimes, violências, escândalos e o surgimento de novas heresias e lutou também contra os abusos do Estado contra a Igreja. A sua morte  foi seguida pelo Cisma Ocidental que envolveu dois antipapas baseados em Avignon.

Antipapa João XXIII

Florença, de 1410 a 1415

O antipapa João XXIII foi um dos muitos Papas impostos por governos e países em oposição a outro Papa eleito. Ao contrário do que acontece, esses papas – João XXIII não foi o único – não foram eleitos pelo Conclave, mas sim por vontade de grupos religiosos e políticos distintos. Tinham como função exercer as mesmas funções do Papa mas como oposição. João XXIII foi julgado por vários crimes como sodomia, violação, tortura e assassínio mas relatos posteriores questionam a veracidade dessas acusações. Foi preso em 1415 e libertado em 1418, quando voltou a viver dignamente como cardeal, depois de ter feito as pazes com a Igreja. É importante não confundir com o verdadeiro Papa João XXIII, reconhecido pela Igreja Católica, que exerceu o seu papado muitos séculos depois.

Alexandre VI

Valência, de 1492 a 1503

Eleito Papa em 1492, Alexandre VI é considerado um dos papas mais corruptos da História por ter usado o seu cargo para aumentar a influência da sua família. Nascido em Valência, Espanha, nunca quis ter uma vida religiosa e contou com vários relacionamentos dos quais nasceram pelo menos seis filhos. Foi a influência familiar na Igreja – era sobrinho do Papa Calisto III – que o levou a ocupar grandes cargos na Igreja católica e, mais tarde, a ser Papa. Diz-se que chegou ao cargo por ter comprado a maior parte do voto dos cardeais no conclave. E elevou vários familiares a importantes cargos na Igreja. Segundo a História, Roma sofria, por essa altura, com a criminalidade e a violência nas ruas, mas o Papa estava mais preocupado com a sua vida boémia e conta-se que organizava orgias no Vaticano.

Júlio II

Roma, de 1503 a 1513

Nasceu em Savona, Itália, e era sobrinho do Papa Sisto IV, que lhe deu uma educação especial, muito virada para a religião. Era ‘rival’ do Papa Alexandre VI pela conduta que este levava e, quando foi eleito Papa, arquitetou várias mudanças para impedir que essa família permanecesse nos estados papais. Mas, apesar das críticas a um dos antecessores, Júlio II tinha também várias amantes e uma filha comprovada e foi também acusado de vários atos sexuais indecentes. Ainda assim, deixou um grande legado na arte e cultura religiosa. Foi ele o responsável pela primeira pedra da nova Basílica de São Pedro e era amigo de Michelangelo, que pintou o teto da Capela Sistina a seu pedido. O nome da Capela é uma homenagem ao seu tio, Papa Sisto IV, que foi quem inicialmente ordenou a sua restauração.

Alexandre VII

Siena, de 1655 a 1667

Ele era intelectual, fã de arquitetura e arte, doutor em filosofia, teologia e direito. Mas quando foi eleito Papa nunca imaginou que tinha de lidar com uma epidemia. Segundo pesquisas da Universidade de Roma, a peste matou 55% da população da Sardenha, metade da população de Nápoles e 60% dos de Génova entre 1656 e 1657. O Papa foi, nessa altura, responsável por uma espécie de lockdown, tendo fechado todas as atividades comerciais de Nápoles por tempo indeterminado e proibido que os habitantes se deslocassem até Roma. Mas o trabalho deste Papa vai mais longe e é o grande responsável pelo plano urbano da Roma barroca.

Pio VII

Cesena, de 1800 a 1823

O Papa Pio VII governou num momento especialmente difícil, altura em que Napoleão tinha  invadido Itália e pretendia anexar os territórios da Igreja, tendo até prendido o anterior pontífice Pio VI. Nomeado bispo e cardeal de Imola (1758) pelo já então Papa Pio VI, foi eleito como novo pontífice (1800), em Veneza, com o nome de Pio VII. 

Inicialmente aliado de Napoleão, através de um acordo político, cortaram relações com a invasão da Itália pelos franceses e a anexação dos Estados Pontifícios (1809). Mas foi levado a Fontainebleau e obrigado a assinar novo acordo. Após a derrota de Napoleão, voltou a Roma e foram-lhe devolvidos quase todos os Estados Pontifícios. Pio VII enterrou Pio VI quando os seus restos mortais voltaram a Roma. Foi em 1802 e foi o último funeral de um Papa celebrado pelo seu sucessor, o que volta a acontecer agora.

Pio XII 

Roma, de 1939 a 1958

Pio XII foi um Papa polémico pelo seu papel durante a Segunda Guerra Mundial. Assume o cargo mesmo a tempo do início da guerra e há vários líderes de organizações judaicas e famílias de sobreviventes do Holocausto que acusam Pio XII de omissão perante as atrocidades nazis na Segunda Guerra Mundial. Já o Vaticano tem outro ponto de vista e garante que o então Papa atuou em silêncio para evitar o pior. Mas estas acusações só chegaram muitos anos depois, já após a sua morte. Até lá, diz-se que Pio XII tentou alcançar a paz e condenou até a perseguição aos judeus. Quando os nazis invadiram Roma, o Sumo Pontífice abriu a Santa Sé e concedeu cidadania a 1,5 milhões de pessoas. Conta-se também que o seu posicionamento levou a que Hitler ameaçasse raptá-lo.

João Paulo II

Polónia, de 1978 a 2005

É um dos Papas mais queridos da Igreja Católica e marcou uma quebra num ciclo uma vez que já há muitos séculos que não existia um Papa que não fosse italiano. Nasceu na Polónia e a sua vocação religiosa começou em 1942. A 13 de Maio de 1981, foi atingido por um tiro ficou gravemente ferido durante uma tentativa de assassinato quando entrava na Praça de São Pedro, no Vaticano. Escreveu várias outras obras de cariz teológico e ético e lutou contra o comunismo na Polónia, sua terra natal, tendo ajudado a derrotá-lo no mundo. Mas também criticou o Ocidente opulento e egoísta, dando voz ao Terceiro Mundo e aos pobres. Também conhecido como ‘Papa peregrino’, falava várias línguas e foi dos Papas que mais países visitou. Foi beatificado a 1 de maio de 2011, por Bento XVI, e canonizado pelo Papa Francisco, a 27 de abril de 2014.