“Todos os meus clientes dizem: já não há livrarias como esta”

Livraria de culto em Cascais, tem a porta aberta todos os dias – até aos domingos – já lá vão 50 anos. A anfitriã Caroline Tyssen conta como a Galileu foi fundada por um grupo de pessoas de esquerda e como descobriu uma biblioteca particular única num dia que começou horrivelmente mal.

Num recanto discreto do centro de Cascais, a dois passos da geladaria Santini, a Livraria Galileu continua a atrair de forma irresistível leitores e bibliófilos. Fundada em 1972 por um grupo de pessoas «que eram contra o regime» – cumpriu 50 anos no passado dia 22 de dezembro –, mantém uma atmosfera acolhedora, com uma autenticidade que vai sendo cada vez mais rara no tempo das cadeias multinacionais, das grandes superfícies e dos franchises.

Caroline Tyssen, a anfitriã, não gosta de fazer distinções entre os clientes, mas reconhece que a Galileu é visitada por pessoas ilustres. Entre os seus clientes contam-se escritores como António Lobo Antunes, Eduardo Pitta e Francisco José Viegas. Marcelo Rebelo de Sousa, claro, também é um assíduo e até «ajudou muito a Galileu».

Além dos milhares de volumes em exposição, para os bibliófilos com um apetite mais voraz há ainda a cave, para onde se desce por umas escadinhas estreitas. Ao longo da vida da Galileu, o subterrâneo já foi assolado por três inundações. «De esgoto», esclarece Caroline. «Mas fizemos obras e ficou resolvido». Ainda bem, porque diz-se que entre os montes de livros dessa mistura entre catacumba e caverna de Ali Babá ainda há verdadeiras preciosidades por descobrir.

Porquê Galileu? De onde vem este nome?

Os fundadores eram todos pessoas que tinham lutado contra o regime e estavam à procura de um nome. E uma das sócias, professora da Faculdade de Letras, sugeriu: por que não Galileu, que foi um resistente?

Galileu foi preso pela Inquisição, interrogado…

Foi um resistente e um visionário. Eles queriam um nome assim, que desse força à livraria. E ela lembrou-se. ‘Chamem Galileu’. Toda a gente aceitou. Eu não estava cá, a história foi-me contada pelo Nuno [Duarte Nuno Oliveira, fundador e ‘alma’ da Galileu].

Desde o princípio que vendiam livros antigos?

Não. Isso veio com a primeira crise importante. Os nossos clientes foram para o Brasil, o Fundo Monetário esteve em Portugal, um grande problema. E o Nuno lembrou-se de ter secções de livros antigos.

Começou pela cave?

Começou por todo o lado. O Nuno decidiu ter umas estantes de livros antigos. Ao início era só aquela parte lá ao fundo, depois invadiram tudo, claro.

Disse que a livraria foi fundada por pessoas que eram contra o regime.

De esquerda, sim. Em 74 desentenderam-se. Quando entrei estavam todos de costas uns para os outros. Muitos sócios saíram, e o Nuno ficou.

De onde surgiu a ideia de fundar a livraria?

O Nuno trabalhava numa cooperativa livreira que fechou, e ficou sem emprego. E alguns amigos juntaram-se e decidiram abrir a primeira livraria em Cascais.

Não havia nada?

Não. Mesmo aqui na rua havia só o Santini, a loja dos móveis aqui ao lado e nós. Mais nada. É interessante saber que quando a Galileu abriu o jornal República foi censurado. Cortaram a parte da notícia onde dizia que o Nuno tinha trabalhado numa cooperativa livreira. [levanta-se e vai buscar um recorte] Foi um cliente que trabalhava na Biblioteca Nacional que me deu este recorte.

Imagino que já lhe tenham passado muitos livros raros pelas mãos…

Tenho livros muito raros, livros do século XVII… São cinquenta anos de história. A compra que mais nos agradou foi uma boa camiliana [coleção de obras de e sobre Camilo Castelo Branco].

Do Porto?

Não, em Lisboa. Foi o que mais nos deu prazer a marcar, a ver…

Descobrir uma coisa dessas deve ser quase como escavar um tesouro.

Foi um cliente que nos chamou. Os filhos não queriam os livros e ele teve a inteligência de a vender antes de morrer. Sabia o que tinha e resolveu chamar-nos.

Era muito valiosa?

Era. E ele sabia. Outra história, mais engraçada, foi sermos chamados para fazer uma avaliação na Lapa. Era para distribuir pelos herdeiros e havia uma camiliana – novamente Camilo, veja bem como ele está no nosso caminho. E o Nuno, a certa altura, diz ao cliente: ‘Eu não divido camilianas. Um de vocês tem de ficar com a camiliana total’.

Isso faz lembrar a história do Salomão, quando vão ter com ele duas mulheres em disputa por uma criança e ele ameaça cortar a criança ao meio. E a verdadeira mãe diz: ‘Não, não a corte! A outra que fique com o menino’…

Eles queriam um livro aqui, um livro ali, um livro acolá… E o Nuno disse: ‘Nesse caso eu abandono a avaliação e os senhores chamam outra pessoa. Eu não avalio camilianas livro por livro’. Mas os filhos queriam mesmo dividir a biblioteca de uma forma sem nexo. E fomos embora. E o Nuno estava mal disposto. Dizia: ‘Como é que é possível uma família destas chegar a um ponto destes, como é que o pai não os educou de forma a dizer que isto não se separa? Se querem ler Camilo, comprem edições baratas, vulgares, mas não separem uma camiliana’.

Foram-se mesmo embora, então.

Estivemos lá três horas, nem nos pagaram pelas avaliações que fizemos. E diz o Nuno: ‘Hoje já não trabalho mais. Vamos almoçar’. E fomos. Comemos sardinhas. Eu bem que puxava por ele, mas o Nuno não falava. E às tantas eu digo: ‘Bom, se não trabalhamos mais, vou ao cinema’. E fui comprar A Capital para ver que filmes havia. Ele não queria ir. ‘Eu vou para Cascais, se quiseres ficas em Lisboa, mas levas-me ao Cais de Sodré’. Entretanto eu abro o jornal e vejo: ‘Ó Nuno, está aqui um anúncio… Temos um leilão ao virar da esquina’. ‘Vais ao leilão sozinha. Eu hoje não faço mais nada’.

Estava mesmo zangado !

Estava, por causa da história da camiliana. O anúncio tinha um [livro de] Júlio Verne, que é um autor que havia em casa do meu pai e de que eu gosto desde pequenina. E digo-lhe: ‘Ó Nuno, não me vais deixar aqui sozinha’. ‘Vai lá ver os teus Júlios Vernes, vai ao cinema se quiseres, eu não vou’. Aquilo da camiliana moeu-o tanto… Mas no fim do café lá cedeu um bocadinho: ‘Eu vou contigo espreitar mas não fico’. Então fomos espreitar: era uma enorme biblioteca, em francês, metade era de Direito Marítimo, e a outra metade era excelente literatura. Tudo em francês. E do Júlio Verne talvez umas 30 edições da Hetzel, originais.

Aquelas de capa vermelha, muito bonitas? Hoje custam uma fortuna.

‘O leilão vai começar daqui a cinco minutos. Custa-te muito?’, perguntei-lhe. ‘Então sentamo-nos, compras os teus Júlios Vernes e depois vamos para casa’. Começou o leilão e não havia ninguém. Era agosto…

Estava tudo fora.

O leilão começa e o leiloeiro diz: ‘Como não há ninguém na sala’ – havia duas pessoas, se não me engano – ‘vamos leiloar pela totalidade’. E eu digo ao Nuno: ‘Vamos embora, nem temos dinheiro para isso’. E ele: ‘Não, não, agora vais ficar sentada. E vais licitar’. E deram um preço, irrisório, e ninguém ofereceu mais. O Nuno obrigou-me a levantar a mão, e ficámos com a biblioteca. Era uma biblioteca do tamanho deste andar da livraria. O preço era irrisório, memo assim não tínhamos, era uma altura de crise, nos princípios dos anos 80. Eu estava ainda um bocado azamboada: ‘Não temos espaço, não temos dinheiro’. ‘Agora vais aprender a resolver as coisas de outra maneira. O dinheiro vamos ao banco buscar. O espaço pedes à tua mãe. E depois logo se vê. A biblioteca de Direito vai para a Galileu, que eu vou despachá-la o mais depressa possível. Vou telefonar ao Marcelo e ele vai-nos ajudar’. E ajudou imenso. A biblioteca de Direito, que era metade, escoou em dois meses. O Max Planck [instituto na Alemanha] encomendou-nos, uma universidade espanhola também, e a Faculdade Clássica de Lisboa também, através de Marcelo Rebelo de Sousa. Mas antes tivemos de arranjar o dinheiro, e fomos ao nosso banco. Recusou-nos o crédito. O Nuno ficou completamente desiludido. Como o banco não deu, pedimos emprestado a amigos. Arranjámos aquela quantia e no dia seguinte fomos pagar. Estava lá um senhor que veio ter connosco e perguntou ao Nuno: ‘É o Sr. Galileu?’.

[risos]

E nós: ‘Sim, sim’. ‘Foram os senhores que compraram esta biblioteca?’ ‘Fomos’. ‘Ainda não percebemos bem quem era o dono. Disseram-nos que foi um senhor que morreu e não tinha filhos. Mas a casa está cheia de papéis antigos e os senhores se calhar podiam ir dar uma vista de olhos antes do senhor do papel’.

Tinha documentos?

E eu digo: ‘Esta biblioteca é especial. Se tem para lá papelada, o melhor é irmos ver’. O senhor era juiz. Tinha sido colaborador do Pétain [marechal que negociou com os nazis e ficou a liderar a França de Vichy, colaboracionista, durante a Segunda Guerra Mundial. Condenado à morte após a libertação, foi indultado por De Gaulle e passou o resto dos seus dias na prisão]. Foi para a Argélia, da Argélia veio para Algés, e tinha sido juiz justamente no período de Vichy. Não imagina os papéis que encontrámos ali.

Preciosidades?

Tinha papéis de tudo: da resistência, da OAS [Organisation Armée Secrète, organização paramilitar clandestina francesa que tentou travar a independência da Argélia], postais. O senhor do papel chegou exatamente dez minutos depois de nós.

Se calhar ia comprar ao quilo.

A peso. Os papéis até já estavam atados. Comprámos tudo… Era tanto papel que o piso ia abaixo. Tínhamos que andar pelas beirinhas. E já tinha lá estado aquela biblioteca, imagine. Foi a maior compra de sempre da Galileu. Vivemos dez anos às custas disso. Tivemos livreiros franceses que estiveram aqui – porque começou-se a ouvir. Ainda hoje tenho posters de turismo de Alger [pronuncia à francesa] muito bonitos. Essa foi a maior aventura da Galileu. E um dia que começou tão mal, às nove da manhã na Lapa… E foi porque não estávamos bem que decidimos almoçar. Impressionante: escolhemos um restaurante a três metros da leiloeira! Era uma leiloeira que havia entre o Saldanha e o Neptuno [Largo Dona Estefânia]. E havia um restaurantezinho numa dessas ruas, onde o Nuno e eu almoçávamos quando tínhamos bibliotecas para ver em Lisboa. Foi um perfeito acaso. E também foi um perfeito acaso eu ter comprado A Capital.

Incrível.

Mais: foi um perfeito acaso eles terem publicado um anúncio onde aparecia o Júlio Verne. Havia tanto livro… Porque é que escolheram a Hetzel? Podiam ter escolhido a biblioteca de Direito, por exemplo, ou a literatura francesa. Tinha primeiras edições do Camus. Incrível – não é? – um homem que trabalhou no regime de Vichy. Tinha o livro e sublinhado. É muito estranho. A biblioteca de Direito foi engraçadíssimo. O Marcelo ajudou-nos o que podia, muitos livros foram comprados por ele e estão em Celorico. Um terço da biblioteca de Direito hoje está em Celorico. E, claro, muitos professores da clássica também vieram comprar. Mas quem nos comprou o maior lote foi o [instituto] Max Planck. Foi a nossa grande aventura. Um grande negócio e uma verdadeira aventura.

E um achado.

Um achado. Permitiu-nos comprar o nosso primeiro carro de transporte, uma carrinha velha, em terceira ou quarta mão, que nos permitia ir ao local e trazer os livros de imediato. E assim o livro antigo invadiu ainda mais a Galileu. Mas essa foi a mais cómica. E um perfeito acaso.

Parece quase predestinado.

O Nuno não disse uma palavra durante o almoço. Ele que fala tanto, comeu as sardinhas em perfeito silêncio, tão irritado que estava com a história do Camilo. Como era possível pessoas educadas, e com um pai com tanta cultura, não soubessem partilhar uma biblioteca? Isso é que lhe fez mais confusão.

Como é que eles não se entendiam, não é?

Mas temos de ver as coisas pelos dois lados. Todos os filhos queriam os livros do pai. Hoje em dia ninguém quer.

Pelo menos tinham interesse. Afinal o pai não os tinha educado assim tão mal…

Sim, mas devia haver um critério mais… evoluído.

Aqui em Cascais deve haver boas bibliotecas privadas.

Não posso adivinhar o que há dentro das casas. Mas tive grandes clientes da área Sintra-Cascais. Desapareceram. Ainda há meia dúzia de clientes que vêm aqui que têm excelentes bibliotecas.

Percebe isso pelo que compram?

Não, digo porque os conheço. Falamos e sei que muitos têm mais de dez mil livros em casa.

Dos livros que aqui tem, não fica com nada para si?

Não tenho esse sentimento de posse. Em casa tenho a minha biblioteca particular, alguns livros do meu pai, da minha mãe, mas a minha verdadeira biblioteca é a Galileu.

E não lhe custa vender alguns livros?

Não. O meu pai tinha uma boa biblioteca, era colecionador de poesia francesa do século XX, tinha prazer nos livros belos, gostava do livro como objeto. Para nos dar a ler, como não queria estragar as suas edições, comprava tudo em livro de bolso.

Da Europa-América?

Não. Poche, Folio…

Em francês?

Sim, sou de origem belga. Sou portuguesa do Douro mas os meus pais são belgas.

Porque é que os seus pais vieram para cá?

O meu avô. Era industrial. Comprou uma empresa no Douro.

Ligada ao vinho?

A minas. Carvão. O meu pai veio a seguir à guerra, depois de se formar. Já tinha duas filhas e chegou ao Douro, trabalhou com o pai dele nas minas, e teve-me a mim. Por isso sou a única que nasceu cá.

E como vem depois para Lisboa?

Eles não ficavam sempre no Douro, tinham casa no Estoril. Eu tive que vir estudar.

E estudou o quê?

Estudei até ao 12.º ano. E fiz um curso de Turismo. Outro acaso: cheguei ali à estação de Cascais, vinha à procura de emprego no turismo, e encontrei uma amiga de escola do Estoril. Estivemos a falar um bocadinho e ela diz-me: ‘Estás à procura de emprego?’. ‘Estou’. ‘Vai ali a uma livraria nova que abriu, eu estive lá a trabalhar uns tempos e acho que eles estão a precisar de pessoas’. Eu vim, falei com o Nuno, disse-lhe que era um trabalho eventual, que queria era trabalhar no turismo, e o Nuno disse que sim, que podia vir no dia seguinte. E assim foi. Sou ‘eventual’ há quase 50 anos. Um encontro na estação de Cascais. E depois o encontro com o Nuno, que foi um bom acaso. É um dos maiores livreiros deste país. Fui bem ensinada.

Ele dava-lhe conselhos?

Ensinava a quem quisesse aprender. Não guardava nada, não escondia nada de ninguém. Tudo o que sabia partilhava. Um homem extraordinário, tive muita sorte de conhecê-lo.

Hoje vemos muitas livrarias a fechar. Em Lisboa, por exemplo.

Em Lisboa? No mundo inteiro. Todos os meus clientes dizem: já não há livrarias destas. Mesmo os estrangeiros. As pessoas leem menos. Há ai um livro do Mário de Carvalho que explica muito bem a evolução do livro e da leitura em Portugal. [pega no tablet].

Mas está a lê-lo no tablet?

Não, estou à procura do nome do livro. Tenho o tablet para os meus emails, para as minhas conversas e para pesquisas. Livros é sempre em papel.

De repente assustei-me…

Uso muito o tablet para pesquisas. Em casa do meu pai, para tirar dúvidas, ia ao primeiro andar buscar enciclopédias com um peso louco. Hoje em dia temos informação que é ouro para mim. Chegamos lá mais depressa. Cá está: O que eu ouvi na barrica das maçãs, do Mário de Carvalho. Foi publicado em 2019 e aconselho toda a gente a ler. Ele descreve muito bem o que aconteceu no mundo da cultura, da leitura e do livro.

Preocupa-a ver tantas livrarias a fechar as portas?

Tudo mudou. Éramos cinco, agora só somos duas, eu e a Fernanda. Os grandes clientes estão com as bibliotecas cheias. Já não levam livros para casa. Os clientes do princípio da Galileu estão com 80, 90 anos. Vão comprar livros? Vão-se desfazer das bibliotecas. Tenho um cliente com 40 mil livros, não sabe o que lhes há-de fazer. Os filhos não querem, leem outras coisas, as casas são mais pequenas… Claro que as livrarias vão fechando. Depois há os que resistem porque dão a vida pela casa. Eu, por exemplo, dou a minha vida por esta casa. Não fecho nenhum dia por semana, trabalho ao domingo… Venho ler para aqui.

Mas não é um regime de escravatura…

Acha-me com cara de escrava? Não, é um prazer. Mas estamos sempre a fazer contas e mais contas. Gostava um dia de deixar de fazer contas.

E as rendas?

Tenho uma senhoria maravilhosa, nossa amiga. O Nuno e eu tivemos muita sorte. Primeiro em conhecermo-nos, segundo, com os pais da nossa senhoria, que eram um encanto de casal, ajudaram-nos sempre em tudo, até nos perdoaram rendas. Depois ficou a filha, que é um encanto de pessoa, não nos aumenta a renda há três anos. Tivemos realmente muitos amigos aqui dentro. Marcelo Rebelo de Sousa ajudou-nos em tudo. O Nuno chamava-o, ele chegava cá 20 minutos depois. Esteve ao lado da Galileu desde o primeiro dia. E depois tivemos anjos.

Anjos?

Isso foi depois da entrada na Casa das Histórias [onde abriram um segundo espaço]. Abriu-se outra porta e começou outra história. E foi muito boa. Mas posso dizer que há um antes e um depois da Casa das Histórias.

Senti que os livros lá eram caros.

São livros novos, importados. É o preço da importação.

Pois, mas para isso mando vir da Amazon mais barato…

Foi essa empresa que nos destruiu a todos. Matou-nos.

Mas a Galileu continua viva.

Matou, sim, vários livreiros na Europa. Grandes livreiros.

Nunca pediu um livro na Amazon?

Nunca.

E os seus clientes, sabe se pedem?

Nem pronunciam esse nome aqui.

É tabu?

Não sei se é tabu, mas se gostam de mim evitam.