Tirando o caso de Alexandra Reis – que recebeu 500 mil euros como agora é público – as indemnizações pagas a administradores e diretores convidados a sair do grupo TAP continuam no segredo dos deuses. No Parlamento, esta semana, a CEO da companhia disse, além de Alexandra Reis, houve uma compensação paga a um antecessor seu, quando a empresa ainda era privada. Em causa está Antonoaldo Neves, o gestor executivo que foi escolhido pelos acionistas privados – David Neeleman e Humberto Pedrosa –, que compraram a TAP em 2015.
Por isso, o Nascer do SOL questionou a administração da TAP na quarta-feira sobre o valor das indemnizações pagas a mais de duas dezenas de altos quadros do grupo, entre administradores e diretores. A que a empresa não respondeu até à hora de fecho desta edição, sendo que, ontem à tarde, anunciou que vai pedir uma auditoria externa aos pagamentos feitos a esses antigos quadros.
O Observador avançou que a maioria das chefias abandonou a companhia em 2021, altura em que foi colocado em prática o plano de reestruturação que, segundo o Governo, tinha o objetivo de «garantir a sustentabilidade a médio prazo». Entre eles estão nomes como Elton D’ Sousa, Raffael Quintas, Abílio Martins, Tiago Phillimore, Eduardo Correia de Matos, Miguel Paiva Gomes, Renato Salomone, entre outros. As saídas dos diferentes diretores tiveram também diferentes desfechos: acordos de rescisão, pagamento de indemnizações, saídas por vontade própria, pré-reformas e reformas antecipadas.
Em relação à antiga secretária de Estado, Christine Ourmières-Widener garantiu que saiu «por motivos profissionais devido divergências com o plano de reestruturação», referindo-se às decisões tomadas no âmbito do plano de reestruturação. A CEO disse também que só tratou do processo da indemnização com o secretário de Estado das Infraestruturas. «Estive em contacto no início deste processo principalmente com o secretário de Estado Hugo Mendes. Ele esteve a par da proposta inicial e os passos seguintes. Tive a aprovação do secretário de Estado», afastando qualquer contacto com o Ministério das Finanças. «Acreditámos que a aprovação do secretário de Estado das Infraestruturas teria sido feita em coordenação com as Finanças».
Já em relação ao comunicado enviado à CMVM, salientou que a administração publicou «o que foi definido pelo nosso consultor externo. Nada mais e nada menos».