A defesa do padre Anastácio Alves, acusado de abuso sexual de menores e que se tentou entregar na Procuradoria-Geral da República (PGR), criticou a burocracia do organismo, sublinhando que a "justiça não quer qualquer tipo de colaboração".
Miguel Santos Pereira, advogado do padre do Funchal sobre o qual o Ministério Público (MP) acionou em janeiro um pedido de cooperação internacional para notificar o arguido da acusação, afirmou em declarações à agência Lusa que o pároco esteve a viver durante o último ano em Portugal "de forma tranquila" e questionou quais foram as diligências efetuadas para descobrir a sua localização.
O padre Anásticio Alves ter-se-á deslocado à PGR, em Lisboa, na quinta-feira, escreve o Observadora, mas acabou por não ser recebido pela procuradora, Lucília Gago, nem notificado formalmente da acusação do MP.
"Fica difícil colaborar com a justiça, ainda mais numa semana em que é dado à estampa um relatório sobre abusos na Igreja. Todos nós batemos com a mão no peito – o MP, a Igreja, todos – e quando, afinal, queremos efetivar as coisas, parece que ninguém sabe o que anda a fazer. Isto é triste. Não é um problema da justiça, é um problema do país. Reflete o que é o país em termos de burocracia, somos um país de 'mangas de alpaca'", afirmou o advogado.
De acordo com uma nota divulgada no website ofical do MP em janeiro deste ano, o ex-padre madeirense foi acusado em março de 2022 de quatro crimes de abuso sexual de crianças de um crime de atos sexuais com adolescente, tendo sido realizadas de diligências para o localizar, em França e Portugal, que "resultaram infrutíferas".