O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu esta terça-feira um cessar-fogo no Sudão, fazendo um apelo às partes para que retomem as negociações pacíficas para terminar o conflito, que já fez 185 mortos e 1.800 feridos.
"Os combates nascem de jogos de poder e interesses pessoais que só servem para alienar as aspirações democráticas da população; até há poucas semanas parecia que o Sudão estava no caminho correto para um acordo para restaurar a governação civil, por isso deve prevalecer o bom senso e todas as partes devem atuar para reduzir as tensões, porque os interesses do povo sudanês devem estar em primeiro lugar", disse Volker Türk.
Numa conferência de imprensa na manhã desta terça-feira em Genebra, o alto comissário lamentou os episódios de violência dos últimos dias e avisou que isso pode acabar com o processo de regresso a uma governação civil
A ONU contabilizou pelo menos 185 mortos e cerca de 18 mil feridos, a maioria na capital, Cartum, mas também noutras cidades do país.
Volker pediu uma investigação exaustiva sobre a violência no país, principalmente os homicídios de civis e em particular de três trabalhadores do Programa Alimentar Mundial.
O surto de violência começou no fim de semana entre os dois principais generais sudaneses, cada um deles apoiado por dezenas de milhares de combatentes fortemente armados, fazendo com que milhares de pessoas permanecessem desde então nas suas casas ou em outros abrigos, com os mantimentos a esgotarem e vários hospitais a serem forçados a encerrar os serviços, avança a Lusa.
Diplomatas de vários países tentaram, sem êxito, negociar uma trégua, e o Conselho de Segurança da Nações Unidas foi convocado para discutir a crise.