Manifestações no 25 de Abril preocupam Polícia

O Corpo de Intervenção vai reforçar o seu dispositivo em Lisboa, temendo hipotéticos confrontos entre extrema-esquerda e extrema-direita.

Este ano, a festa da Liberdade está a preocupar as forças de segurança, que receiam o encontro de manifestantes antagónicos e, por isso, vão estar de prevenção muito mais elementos do Corpo de Intervenção do que é habitual. Também as equipas cinotécnicas vão fazer horas extraordinárias, não vão os homens da Unidade Especial de Polícia ter de recorrer à ajuda dos cães para afastarem eventuais confrontos. A explicação para as preocupações é simples: de um lado, o habitual cortejo que desce a Avenida da Liberdade, organizado pela Associação 25 de Abril, e que este ano contará com um reforço de peso, já que o sindicato STOP promete engrossar as colunas com milhares de professores. 
Até aqui tudo bem, e nem a manifestação do Iniciativa Liberal, que contará com ucranianos e iranianos, faz soar os alarmes, apesar de muitos dos manifestantes do cortejo habitual serem comunistas e não discordarem da invasão russa à Ucrânia. É suposto ucranianos e comunistas conviverem tranquilamente em Portugal, mas o mesmo não acontece com militantes do Chega e de outros partidos, como o BE ou o PCP.  

Atendendo a que o Chega marcou uma manifestação contra Lula da Silva, que discursará na parte da manhã na AR, as forças policiais decidiram destacar, em vez dos 66 elementos do Corpo de Intervenção, o dispositivo normal nestas ocasiões, 100 homens que não estarão em lugares visíveis, só entrando em ação em caso de confrontos. «O perigo poderá surgir de grupos espontâneos que se cruzem com outros manifestantes.Estando a extrema-direita e a extrema-esquerda na rua, é sempre preciso uma atenção redobrada», diz ao Nascer do SOL um dos homens destacados para o 25 de Abril. 

«A manifestação em defesa da habitação correu bem até entrarem em ação elementos que, supostamente, não são afetos a nenhum dos partidos com assento parlamentar. São os radicais dos radicais que preocupam, tanto à direita como à esquerda», explica a mesma fonte.  «Vamos ter mais gente atenta a possíveis desacatos fora dos percursos normais», acrescenta. 

No Porto, as autoridades policiais também vão estar atentas a hipotéticos confrontos, embora a situação seja muito menos preocupante, até porque não há uma manifestação contra Lula da Silva. Mas, com o clima político crispado, o ajuntamento de milhares de pessoas deixa as autoridades policiais em alerta.

V.R.