“Uma das coisas de que mais gostava era que surgisse uma grande vilã na minha vida!”

Cláudia Vieira tornou-se uma das mais reconhecidas atrizes e apresentadoras da nossa praça. Passaram quase 20 anos desde que se estreou na representação, na série juvenil Morangos Com Açúcar. Prática e sempre de sorriso no rosto, confessa que o próximo grande desafio passaria por abraçar o papel de vilã: ‘Ia dar-me um gozo gigante sair…

Encontramo-nos no Palácio do Grilo, antiga propriedade dos Duques de Lafões e agora casa de um arquiteto francês, que se mudou de Paris para Lisboa em 2020. Hoje é um restaurante ‘no meio de um teatro vivo’ e, por isso também, o sítio ideal para esta entrevista com Cláudia Vieira. A dois meses de completar 45 anos, a atriz e apresentadora fala-nos do seu papel principal – enquanto mãe – e da carreira de quase duas décadas. Conhecida pela sua consensualidade entre o grande público, admite que não gosta de «entrar em conflitos ou alimentar dramas». Sair da zona de conforto continua a ser um objetivo e, para isso, fazer de vilã numa próxima personagem seria o desafio ideal. Tinha 26 anos quando se estreou na representação, em Morangos com Açúcar, e, desde aí, teve «plena consciência» de que era este o caminho que queria seguir «para o resto da vida». Descontraída e disponível, o mundo singular do Palácio localizado no Beato ficou ainda mais encantado quando dois cães – os animais são uma das suas grandes paixões – ‘invadiram’ a sessão fotográfica.

Entre outras curiosidades, Cláudia Vieira recorda o encontro com George Clooney: «Um gentleman. Fiquei assim um bocadinho babada», diz, entre sorrisos.

Com o dia da Mãe a aproximar-se, quem é a Cláudia Vieira enquanto mãe?

Sou uma mãe que tenta dar o seu melhor, como acontece com a grande maioria das mães. Com um instinto protetor e na tentativa de que as minhas filhas cresçam felizes, saudáveis e com o lado pedagógico sempre presente nas brincadeiras. Sempre a pensar em prepará-las para o futuro da melhor forma possível, em passar os valores e os princípios que, no fundo, também me foram passados. E tentando alterar aquilo que sinto que se calhar poderia ter sido um bocadinho diferente. Acho que é o meu objetivo enquanto mãe: corrigir e melhorar. Mas sou muito atenta, sou muito de mimo, vou muito pelo instinto. Leio e pesquiso, como todas as mães, mas sou muito por sentir o que fiz de errado com a Maria, por exemplo, há dez anos, e tentar fazer diferente com a Caetana.

Foi mãe pela primeira vez aos 31 e, depois, aos 40. Há muitas diferenças?

Sou outra mãe. E não quer dizer que seja mais prática ou com mais facilitismos na segunda vez, o que é estranho. Mas acho que a gravidez e o nascimento da Maria (13 anos) fluiu, foi tudo tão fácil… Punha a Maria um bocadinho a reboque da minha vida. Na altura, quando tinha um mês e meio, eu estava a fazer os castings do Ídolos e a apresentar as galas em direto e, como estava a amamentar, ela andava comigo, queria tê-la sempre perto de mim. Foi uma filha que me acompanhou e que fez parte da minha vida. Não tínhamos horários ou uma rotina certa, mas com o decorrer dos anos fui-me apercebendo que isso também era muito importante para o ritmo de uma criança, ajuda-os a ter estabilidade, a ter mais concentração, a sentirem-se seguros com essa proteção. De alguma forma foi isso que pus em prática com a chegada da Caetana. Mas a Caetana tem ainda a condicionante de ser uma bebé da quarentena porque nasceu em dezembro de 2019 e, de repente, ficámos todos fechados.

Os grupos de pais (no whatsapp) são mesmo complicados? E os debates sobre se se deve dar uma palmada ou não, ou como agir em determinada situação…

Eu não complico. Sinto que se tentarmos ir de acordo com aquilo que somos e dentro do mais importante – dar amor, educação, tentar lutar para que os nossos filhos cresçam da forma mais saudável… Quando digo saudável, falo do contacto com a terra, com os animais, a natureza. Sou muito desse contacto e, por exemplo, não sou nada preocupada se cai uma coisa ao chão e se metem para dentro da boca. Ou se leva um castigo ou uma palmada na mão, que é daquelas coisas que toda a gente faz um juízo de valor gigante hoje em dia. Há determinadas regras que ponho em prática: se estou um bocadinho mais ausente por motivos profissionais, a seguir tenho que ter realmente tempo para estar focada nelas (Maria e Caetana). No caso da Maria, com 13 anos, adolescente, é muito importante que ela sinta que eu estou sempre lá. No caso da Caetana, com 3 anos, é aquele colo de mãe. São ligações diferentes e elas também têm personalidades muito distintas.

Algumas memórias ou tradições da infância que tenta agora recriar com elas?

Sinto que as minhas filhas crescem de uma forma um bocadinho diferente. Eu cresci numa quinta, tinha um contacto direto com a terra.

Em Loures?

Em Loures, sim. Chegava da escola e ia para cima de uma árvore apanhar fruta. As minhas filhas não sabem o que é isso a não ser quando vamos propositadamente para um sítio para que elas tenham esse contacto. Não crescem da mesma maneira, hoje já não se vai para casa dos vizinhos, já não se brinca na rua… Os tempos são outros, vivem num apartamento, andam noutro tipo de escola daquelas em que eu andei. É outra educação, mas com a mesma base e os mesmos valores que recebi dos meus pais.

O que faziam os seus pais?

A minha mãe era doméstica, desde que foi mãe passou a cuidar de nós, e o meu pai tinha óticas.

E tem dois irmãos.

Tenho um irmão dois anos e meio mais velho, o Sérgio, que seguiu a área do meu pai. E a minha irmã, cinco anos e meio mais nova do que eu, que seguiu Saúde. Tenho um contacto muito, muito próximo com os meus irmãos. São pessoas muito diferentes, a minha irmã nunca gosta de aparecer, mas o meu irmão acompanha-me em montes de coisas. São o meu porto seguro, os meus pilares. Por isso também sentia tanta necessidade de que a Maria tivesse irmãos.

De repente está quase a celebrar 20 anos de carreira.

Verdade. Quando comecei nos Morangos com Açúcar (MCA) tinha 26 anos. Antes fazia vários trabalhos de manequim, mas considero que na representação comecei nos Morangos, em 2006. Nessa altura tinha a minha empresa de eventos e de promotoras, sempre tive esse lado muito presente: de organizar, de preparar, de gerir equipas e por aí fora. Tinha a minha empresa que acabou por ficar arrumada a um canto porque a representação começou a crescer. Comecei a sentir necessidade de estar preparada para os próximos desafios. Fui fazer os Morangos sem ter qualquer formação, no fundo era muito com base no que a direção de atores, realizadores e os próprios colegas que nos guiavam nos diziam. Desde aí e nos intervalos dos projetos, senti necessidade de fazer formação para estar o mais bem preparada possível para os projetos que se seguissem.

Então quando entrou nos MCA não sonhava com uma carreira na representação?

Não, de todo. Até foi engraçado porque nem era uma coisa que desejasse muito, ao contrário da grande maioria das pessoas que iam ao casting, o que acaba por ser quase injusto. Na altura vi como mais um trabalho, fui sem expectativa de agarrar aquela personagem ou de ficar com um papel. Fazia muita publicidade e era camaleónica, era capaz de estar com quatro ou cinco publicidades ao mesmo tempo e quase não se identificar que era a mesma pessoa. Isso fez com que a minha agência – a L’Agence – achasse que fazia todo o sentido tentar (enveredar pelo caminho da representação). Nunca pensei que fosse tão envolvente, tão intenso, nem que mergulhasse no mundo da representação de um jeito que me apetecesse ficar ali. O que eu senti foi: é uma oportunidade que me está a ser dada e quero desempenhá-la da melhor forma possível.

Por uma questão de brio.

Completamente. Por uma questão de brio. Se estou a contracenar com um ator deve ser altamente incómodo para ele não ter uma contracena à altura, alguém que dê essa verdade que cada cena exige. Focava-me, decorava bem o texto e preparava-me da melhor maneira. Quando acabaram os Morangos, aí já tinha plena consciência: ‘Quero estar preparada, quero dedicar-me a isto, sou apaixonada por isto’. De repente, via-me a vida toda a fazer isto.

E tornou-se numa das poucas pessoas da área que nunca teve pausas na carreira, fosse na representação ou na apresentação.

Sou workaholic e muito dedicada também. Gosto de acumular trabalho, se for preciso corro de um lado para o outro. Sou feliz assim, desde que dê para conciliar e nenhum projeto fique prejudicado. Um ator nunca sabe exatamente como é que vão ser os seus próximos meses ou o próximo ano. No caso de um ator mais comercial, que é o meu caso, foi assim que nasci na representação, a fazer televisão, sinto-me muito segura e tranquila nesta área, mas não sei como vai ser o próximo ano de trabalho, que projetos vou ter…

Vive-se sempre com essa insegurança?

Vive-se. Mas tem muitas coisas boas. Sinto-me altamente grata pelas oportunidades, pelos desafios que têm surgido, desde as personagens à condução dos programas de televisão. E, quando estou cansada, a primeira coisa que belisco é a vida social.

Costuma dizer-se que num triângulo da vida – família, trabalho e vida social – só se podem escolher dois vértices.

É, sem dúvida nenhuma. Pauto a minha vida pelo meu papel principal, o papel de mãe. Depois, e quase em simultâneo, vem o meu lado profissional. Se aceitei um projeto é para dar o meu melhor e, se sobrar tempo, para o meu lado familiar vs. amigos e descanso. Faz muita falta e umas coisas alimentam as outras, mas há que ter essa consciência. Às vezes tem que se beliscar um bocadinho esse lado.

Acha que o facto de não ter tido papéis mais associados a vilã também ajudou a reunir um grande consenso á volta da sua imagem?

Uma das coisas de que mais gostava era que surgisse assim uma grande vilã na minha vida!

Era a minha próxima pergunta. Num momento em que está perto de completar 45 anos, quais seriam os próximos passos que gostaria de dar?

Esse era um dos grandes desafios e já propus à SIC. Era uma coisa que me iria dar um gozo gigante, sair um bocadinho da minha zona de conforto, ir buscar características que não estejam presentes no meu dia a dia. Claro que todos nós temos o nosso lado bom e o nosso lado mau, não estou a dizer que não tenho nada de vilã, mas a verdade é que sou de sorriso fácil, gosto de socializar, gosto de pessoas, sou atenta aos outros. Mas ter a oportunidade de fazer de vilã ia acrescentar-me algo, gostava muito de poder ter esse desafio.

E na apresentação?

Os programas são sempre desafiantes, independentemente de serem em direto ou não. O direto tem realmente um cunho acrescido de adrenalina, está tudo a acontecer, é o resolver no preciso momento, tem esse lado em que se vibra muito e que é muito viciante. De repente, quando vamos para casa e já somos só nós, connosco próprios, é assim um contraste com tudo o que acabou de acontecer. É uma sensação incrível, às vezes apetece dar uns gritos de alegria nesses momentos…

O momento de descomprimir?

De realização. A apresentação tem esse lado. As personagens têm um lado mais moroso, é um processo mais lento, porque nós temos que a encontrar, temos que a construir, temos que lhe dar vida e verdade cena após cena. Definir quais são as cenas que podem mudar realmente o rumo da história da personagem, ter essa generosidade, essa entrega, essa verdade. É sempre um compromisso difícil de alcançar e, por isso, torna-se altamente desafiante. É muito beber da vida, de tudo, do nosso dia a dia, das nossas relações, da nossa observação. De repente, vemos uma pessoa com determinado tique e pensamos ‘e se usasse isto na próxima personagem’. Ultimamente sempre que construo uma personagem tento trabalhá-la com uma atriz que admire e que seja uma referência. Ou seja, juntar esse trabalho de observação, o que os autores escrevem para as personagens versus o que a direção de atores decidiu junto com a realização e, depois, à parte, fazer aqui um trabalho juntamente com alguma colega que me ensine ou que me dê um bocadinho da sua técnica de construção de personagens. Experimentarmos em conjunto, fazer coisas para ver o que funciona, que caminhos é que ela pode ter.

Recentemente fez uma publicação nas redes sociais a propósito das mulheres e colegas que a inspiram…

E pus quatro.

Margarida Vila-Nova, Isabel Abreu, Rita Blanco e Madalena Almeida. De várias gerações também.

Foi no Dia da Mulher. Sou muito pouco de entrar em conflitos, em controvérsias, de alimentar dramas ou opinar muito porque acho que depois isso reflete-se de outras formas, então tenho sempre uma postura muito low profile, de evitar tudo o que signifique dar que falar. Nesse dia, também não queria ir pelas mulheres da minha vida: a minha mãe, a minha avó, as minhas filhas, a minha irmã… Mulheres que são tão especiais para mim, mas que são do meu círculo e, de alguma forma, acabo por expô-las e não tenho esse direito, também ando sempre nesse conflito. Fez-me muito sentido homenagear colegas de gerações diferentes e que já trabalhei com todas elas e fiquei com vontade de aplaudi-las. Sinto-me extremamente grata e feliz por ter a oportunidade de trabalhar com qualquer uma daquelas atrizes.

E também para contrariar um bocadinho aquela falta de sororidade que tanto se fala?

Exatamente, exatamente.

Não podemos deixar de relembrar o encontro que teve com o George Clooney, muito mediático na altura (agosto de 2022).

[Risos] Pois foi! Foi espetacular. Ganhou uma dimensão grande de mais porque estamos a falar do George Clooney, que é altamente consensual a vários níveis: pela simpatia, pelo charme dele, pelo dom de comunicação que tem, pelo sentido de humor, pelo ator que é…

Cruzaram-se num evento na Suíça, certo?

Ele é embaixador da Omega [marca de relógios] a nível mundial. Eu, enquanto embaixadora da Omega em Portugal, fui escolhida juntamente com alguns embaixadores de outros países para estar presente no Masters Golfe, em Crans-Montana, na Suíça. Onde ele também estava.

Costuma dizer-se ‘se queres manter um ídolo no devido lugar, não o conheças pessoalmente’. Mas neste caso não desiludiu.

Não aconteceu, de todo. Não aconteceu mesmo porque foi muito, muito simpático. Disse que a mulher [Amal Alamuddin] era apaixonada por Portugal. Foi um gentleman, é um gentleman. E com um lado muito brincalhão. Nesse evento havia um fotógrafo que era muito parecido com ele e até o chamou e disse: ‘estamos aqui, somos os dois’ [risos]. Foi muito agradável para qualquer pessoa que estava ali presente, tenho a certeza de que não dececionou ninguém. A mim não me dececionou, de todo, pelo contrário, surpreendeu-me. Fiquei assim um bocadinho babada [risos].

É uma pessoa acessível? Claro que toda a organização do evento teve o cuidado de o proteger de alguma maneira e não estar disponível para toda a gente que estava ali presente porque era atacado: no pequeno-almoço, no campo de golfe… No evento, jantou com o agente e mais uma grupeta de pessoas – em que eu estava presente – e deu para estar um bocadinho à conversa, tirar a fotografia, mas foi um momento de partilha relativamente rápido.

Um bocadinho do efeito Morangos com Açúcar? Vários atores revelaram que na altura era impossível saírem à rua.

Exatamente. À sua escala, mas sem dúvida alguma! Havia muito isso, quando circulávamos pelo nosso país sem ser no centro era uma loucura, absolutamente incrível. Mas neste caso [George Clooney] é a tempo inteiro, caramba!, deve ser difícil de gerir.

Há pouco falava de como uma pequena coisa pode ganhar grande proporção mediática. Nesse sentido, costuma pensar muito antes de fazer uma publicação nas redes sociais (onde é seguida por mais de 1 milhão de pessoas)?

Noto que estou numa fase em que não queria estar. Fazer um juízo daquilo que vou colocar ou a mensagem que acompanha a fotografia. Gosto de partilhar um bocadinho da minha vida porque faz parte, mas com as devidas ressalvas, tentar preservar o meu lado privado. Quando começo a analisar muito acabo por não pôr nada.

Mas porque hoje parece que tem sempre que se ser bandeira de alguma coisa ou causa?

Há um bocadinho isso e acho que é esse o peso que surge. Parece que é uma obrigação que está presente e, no fundo, tenho as minhas bandeiras. Sei exatamente onde me posicionar e o apoio que dou e o trabalho que faço paralelo à minha atividade profissional. Posso fazê-lo no meu dia a dia e de uma forma mais discreta, e uma vez ou outra falar sobre isso. Acho que não tem que haver essa necessidade constante de mostrar. Acima de tudo, tento ser fiel a mim própria, ou seja, se estou num dia mau não vou estar a fazer uma publicação contrária, mas também não vou pôr o drama. Não tenho tendência nenhuma a fazer isso.

Fora do âmbito profissional, quais são os seus prazeres?

Tantos!

Os animais são uma das suas grandes paixões, já se sabe…

Se pensarmos que quase todos os animais têm um objetivo de dar qualquer coisa. A vaca dá leite, as galinhas os ovos… O que é que o cão dá? Amor. A felicidade de um animal parece que nos contagia e tem um efeito especial na nossa vida. Sempre tive animais. Têm um lugar muito, muito especial na minha vida.

E mais?

O lado familiar dá-me muito, muito prazer. Quando me junto com os meus irmãos e com os meus sobrinhos e quando temos tempo uns para os outros em convívio, momentos de partilha. A luta pelas causas ambientais, sinto que temos tanto para fazer e, cada vez mais, estou junto de associações que trabalham nesse sentido porque quero realmente estar no terreno a fazer algo no meu dia a dia que contribua para um futuro melhor porque também faço coisas que prejudicam: ando de carro, consumo… Tentar mudar um bocadinho mentalidades porque nós também sabemos que para tudo isto funcionar, para a indústria, para tudo, temos de continuar a consumir, mas podemos fazê-lo de forma mais consciente. A minha marca [Obsidian], por exemplo, surgiu um bocadinho nesse sentido. Não é preciso mais roupa, não é, mas é preciso que haja opções sustentáveis, porque as pessoas vão sempre consumir.

Mas combater o fast fashion é muito complicado.

É muito complicado, muito difícil até porque com a guerra e com a pandemia que atravessámos, com tudo isto fez esse lado de consciência ambiental, de sustentabilidade dar uns passos para trás, o que é assustador. Quando devíamos dar passos galopantes para a frente, estamos a retroceder. Mas abraçar esse lado dá-me imenso prazer. E viajar, dá-me muito prazer! Uma das minhas viagens de sonho é a Austrália e a Nova Zelândia. l

 

AGRADECIMENTOS:

Espaço: Palácio do Grilo
Makeup: Cristina Gomes
Cabelos: Luzia Fernandes