O ex-adjunto do ministro das Infraestruturas disse que quando recebeu o telefonema de uma pessoa que se identificou como agente do SIS achou que era “mentira”.
Frederico Pinheiro, que está a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, descreveu perante os deputados a polémica da intervenção do SIS na recuperação do computador.
“A primeira reação é de choque e incredulidade”, afirmou, admitindo que pensou que fosse “mentira”. “Nunca imaginei ser contactado por alguém do SIS”, disse, sublinhando que fez saber ao agente as suas dúvidas quanto à legitimidade do recurso aos serviços de informação para a recuperação do computador, que já se tinha voluntariado para entregar.
Frederico Pinheiro contou que, em resposta às suas preocupações, foi “ameaçado” pelo agente que lhe diz que “está a ser muito pressionado de cima” e “que o melhor é resolver isto a bem”. “Esta ameaça é repetida por mais duas vezes”, acrescentou.
Depois de vários procedimentos que parecem saídos de um filme, com trocas de palavras de segurança, combinaram, Frederico Pinheiro e o tal elemento do SIS, encontrarem-se na rua, tendo o agente recusado que a entrega do computador fosse testemunhada por outras pessoas, sugerida pelo ex-adjunto e que é procuradora-geral-adjunta.
Para o agente, o pedido de Frederico Pinheiro representava um “escalar” da situação e “o melhor é resolver entre os dois”.
Mais tarde, o computador foi entregue ao agente do SIS, que reiterou que “o assunto morre ali”.
Sobre o que se passou no dia 26 de abril Ministério das Infraestruturas, Frederico Pinheiro repetiu por várias vezes que não agrediu ninguém, tentou apenas defender-se e sublinhou que entrou sem qualquer impedimento no edifício.
“Ninguém me proibiu de entrar”, disse, acrescentando que quando chegou ao quarto andar foi encaminhado para o gabinete de Eugénia Correia Cabaço, chefe do gabinete do ministro João Galamba.
“O ambiente é tenso e o tom ameaçador”, recordou, dizendo que, após a chegada de mais pessoas, estavam quatro adjuntas a agarrarem-no nos braços”, para que largasse a mochila onde estava a computador de trabalho, de onde, esclareceu Frederico Pinheiro, queria tirar os seus ficheiros.
“Neste momento, tenho quatro membros do gabinete do Ministério das Infraestruturas a agarrar a mochila. Situação completa absurda”, adiantou ainda, garantindo que não partiu qualquer vidro com a sua bicicleta outro “qualquer objeto”.
“Não houve qualquer agressão da minha parte. Fui agarrado por quatro pessoas. Liberto-me em legítima defesa. Fui eu que chamei a polícia”, reiterou.
“Estou muito aflito. Estou sequestrado no ministério, manietado por quatro pessoas. Completamente sozinho e ninguém me vem ajudar”, acrescentou para justificar a sua chamada para a PSP.
Foi só depois de a polícia chegar, que o ex-adjunto de Galamba conseguiu deixar o edifício.
Frederico Pinheiro confirmou ainda que o ministro durante o telefonema em que foi demitido das suas funções pelo ministro das Infraestruturas, num momento que precede a sua entrada no ministério, se referiu a si com termos “impróprios” tendo mesmo chegado a existir uma ameaça física.
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